A LENDA DO JABOBEU Clerisvaldo B. Chagas, 14 de agosto de 2020 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.365 Construção de pont...

 

A LENDA DO JABOBEU

Clerisvaldo B. Chagas, 14 de agosto de 2020

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.365

Construção de ponte, cabeça e evolução da obra. (Fotos: Livro 230/Domínio público.).


Quando a Ponte General Batista Tubino (interventor do estado de Alagoas) foi construída sobre o rio Ipanema, a margem direita do rio era despovoada. Somente mato, estradas carroçáveis e uma ou outra casinha isolada aqui e ali. Foi essa ponte que em 1969, uniu o Comércio de Santana com o outro lado da corrente aquática Graças a ela, a margem direita rapidamente foi povoada e até hoje continua em expansão. Assim como o “prédio do meio da rua” e o “sobrado do meio da rua”, foram demolidos no governo Ulisses Silva, o “Poço dos Homens” também foi golpeado a 20 metros da ponte que chegava. A aproximação do progresso espantou os banhistas e o poço ficou abandonado até a presente data.

O mais famoso poço da cidade ficou imortalizado em nosso livro “Ipanema, um Rio Macho”. Ali tomaram banho maloqueiros, vagabundos, empresários, políticos, comerciantes e muito mais. Porém, esse grande lugar de lazer do povo santanense, sempre engoliu pessoas. Lembramos que antes da ponte contamos mais de vinte banhistas afogados no poço entre o “Estreitinho” e o “Largo” que funcionavam, como divisória. Os mais velhos falavam da “lenda do Jabobeu ou Zé Belebebeu como chamavam os meninos. Segundo essa lenda, Jabobeu teria sido, talvez, o primeiro afogado do poço e, de vez em quando ele vinha puxar na perna de um dos banhistas, matando-o por afogamento também. Os pais não gostavam que seus filhos fossem tomar banho no Poço dos Homens.

A Ponte General Tubino foi construída com a murada de proteção muito baixa. O degrau estreito de pedestres continua imprensando pessoas entre a baixa murada de proteção e o forte trânsito de todas as qualidades de veículos que trafegam de uma a outra margem. Como no antigo Poço dos Homens, vez em quando pula da ponte um suicida para as rochas do rio seco. A ponte é uma espécie de Edifício Breda, escolhida para o suicídio. Nunca foi levantada a murada de proteção, nunca foi alargado o degrau dos pedestres. Como na ponte Cônego José Bulhões, casas comerciais avançam tomando conta do leito do rio provocando tragédias como a da última cheia.

Continua ativa a lenda do Jabobeu, quando não puxa a perna no Poço dos Homens, puxa tudo de uma vez da ponte general Tubino.

 

  NÓS E OS RIOS Clerisvaldo B. Chagas, 11 de agosto de 2020 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.364 CHEIA DO RIO IPANEMA NA...

 


NÓS E OS RIOS

Clerisvaldo B. Chagas, 11 de agosto de 2020

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.364

CHEIA DO RIO IPANEMA NA BARRAGEM DE SANTANA. (FOTO: ÂNGELO RODRIGUES


      Rios são cantados e decantados pelo homem desde a Antiguidade. Os poetas têm em suas águas a inspiração para  estrofes saudosas, nostálgicas, comparativas. Todos os rios do mundo possuem a magia como fonte de vida e coisa muito particular do Senhor.

Você sabia que a vida dos rios é semelhante ao nosso viver? Os rios também possuem seus ciclos de vida: juventude, maturidade e velhice.

Caracteriza a juventude de um rio pela erosão vertical. O rio

escava seu leito para acomodamento verticalmente formando um vale com erosão violenta.

A maturidade mostra-se com erosão horizontal fazendo meandros. O rio já alcançou o seu equilíbrio, a rede hidrográfica já se apresenta organizada, distinguindo-se de modo claro seus afluentes e subafluentes. Tem início o trabalho de acumulação e o surgimento de planícies aluviais. Nessa fase, o rio começa a se desviar do seu curso sinuosamente fazendo meandros.

A velhice de um rio. Suas águas lentas já não realizam mais um trabalho intenso de erosão nem de transporte. Em ambos os lados do seu curso, se depositam sedimentos que constituem diques naturais em formas de ferradura que ficam isolados. Novas cheias podem romper esse isolamento.

O lugar onde um rio nasce, chama-se nascente, nome muito usado no plural. O lugar onde o rio despeja suas águas (final) tem o nome de foz, desaguadouro e barra, esta bastante usada no Brasil, principalmente nos sertões nordestinos. Talvegue, é a parte mais   profunda de um rio. Suas laterais chamam-se margens (esquerda e direita). Leito é o lugar por onde escorre suas águas. Afluente é um rio que despeja suas águas em outro. A direção do rio para a foz se diz a jusante. A direção do rio para as nascentes, se diz: a montante.

São os rios que levam alimentos para os mares, que alimentam os peixes e que vão para a sua mesa.

Bem disse o poeta:

“Água corrente

Água corrente

        Teu destino é igual

              Ao destino da gente..”.

 

 

 

 

 

 

A VEZ DO CLIMA BOM Clerisvaldo B. Chagas, 10 de agosto de 2020 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.363 AOS AUSENTES DA TE...

A VEZ DO CLIMA BOM

Clerisvaldo B. Chagas, 10 de agosto de 2020

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.363

AOS AUSENTES DA TERRA POR MUITO TEMPO

 




Com olhar geográfico físico e humano (social), vamos ainda falar sobre Santana do Ipanema. No início dos anos 50, foi feita a rodagem até Delmiro Gouveia passando por Santana. O DNOCS, então, construiu na saída da cidade para o alto sertão, uma ponte sobre o rio Ipanema aonde o rio penetra na urbe. Os “cassacos” também fizeram ali uma barragem no próprio leito do rio. Para facilitar as obras, os cassacos passaram a habitar a margem esquerda da rodagem, onde foram construídas algumas casas. Essas casas, com o tempo foram se estirando ao longo da estrada de terra, sempre pelo lado esquerdo. O povo logo denominou o lugar de Barragem e que continua até o momento. Não está tão longe assim, quando terrenos do lado direito da pista foram loteados. Surgiu rapidamente ali uma nova barragem com residências e comércio modernos.

Quase no final do casario da esquerda, surgiu uma serraria feita de madeira abrindo caminho para novas habitações por trás dos quintais do lugar barragem inicial. Casas esporádicas surgiram naquelas lonjuras, como escondidas da sociedade. O tempo fez aparecer algumas ruas também de pessoas humildes como as da barragem inicial. Surgiu do mesmo povo o nome do lugar: Clima Bom. De fato, tirando a pobreza extrema de inúmeros habitantes, O terreno é enxuto, bom para se construir e alto em relação ao rio. A área tem pela frente os quintais do casario da antiga barragem e, por trás, um pouco distante, após matagal de arbustos, o riacho Salobinho que despeja no rio Ipanema, por trás do antigo Matadouro Público. Recebe sua ventilação pela calha do rio que sobe até aquela região  legitimando o nome do lugar. Recentemente o Clima Bom ganhou outra entrada além, da serraria, dessa vez, pelo início da chã, antes das primeiras casas da barragem. Isto quer dizer que se pode chegar ao Clima Bom, tanto pelo final (serraria) quanto pelo início, por ladeira larga e de terra. Após décadas e décadas, o bairro humilde, sofrido e invisível, acaba, incrivelmente, de receber as bênçãos da pavimentação. Evento que mudará por certo, toda feição humilhante do filho do Barragem. Esperamos assim uma corrida por terrenos de residências e comércio mandando a pobreza para as águas do mar sagrado, onde não passa ninguém. É certo que ainda não é asfalto, mas o calçamento em paralelepípedos, representa grande vitória contra a poeira, a lama, esgotos a céu aberto e a indignidade social.

 Nós colocaríamos o nome do bairro de Serraria, em homenagem a serraria desbravadora, mas se o povo quer viver no Clima Bom, Clima Bom seja. Parabéns novamente à Prefeitura com olhar de futuro. PARABÉNS AO CLIMA BOM.

NOVA BARRAGEM E CLIMA BOM (FOTOS: 1. B. CHAGAS. 2. JEAN SOUZA, SERTÃO NA HORA)