A BARREIRA DAS GARÇAS Clerisvaldo B. Chagas, 9/10 de setembro de 2021 Escritor Símbolo do Sertão de Alagoas Crônica:2584 Muito b...

 

 

A BARREIRA DAS GARÇAS

Clerisvaldo B. Chagas, 9/10 de setembro de 2021

Escritor Símbolo do Sertão de Alagoas

Crônica:2584



Muito bonita a paisagem da margem direita do rio Ipanema vista da Praça das Artes, no Bairro São José. Para ser mais preciso, do topo da ladeira da Avenida Castelo Branco, exatamente da esquina de trabalho do artesão Roninho Ribeiro. Nessa época em que choveu bastante por aqui, vê-se a encosta no rio como se fosse uma floresta de tanto verde. A parte superior da encosta, é uma rua que vai da parte baixa do Bairro Floresta até o Hospital Clodolfo Rodrigues de Melo e segue rumo à serra e o sitio Remetedeira. A minifloresta que dá gosto de se vê, fica entre a estrada acima e o rio Ipanema. Em tempos de estio a vegetação fica mais escassa, porém, mantendo a beleza do ponto citado acima.

Quando as garças brancas do Pantanal, anualmente surgem em Santana do Ipanema, procuram aquele lugar como base de suas operações. Ocupam uma clareira existente na encosta e ali fazem o seu ninhal em torno da clareira. Logo cedo levantam voo em busca de alimentos, retornam à tardinha para o bonito espetáculo do ajuntamento com mais de mil indivíduos. São vistas pelas fazendas da vizinhança acompanhando as reses nas pastagens. Também são encontradas nos poços do rio Ipanema que surgem após as cheias grandes ou pequenas. Caçam pequenos peixes sob as águas lodosas e poluídas. Esse espetáculo pode ser visto no trecho do rio entre a barragem e o Poço das Mulheres.

Lá em cima, defronte ao Hospital, forma-se um pequeno comércio que deverá aumentar com o funcionamento também da vizinha UFAL. A tendência é que esse comércio desça à Avenida até se encontrar na parte baixa do bairro, com o outro pequeno comércio formado na divisa deste com o Bairro Domingos Acácio. A tendência, porém, do matagal que muito ajuda na respiração de Santana, o matagal da barreira, possui um futuro incerto. O povo mora em qualquer lugar e não se pode descartar essa possibilidade nem nas partes mais íngremes que margeiam o rio. De qualquer maneira, fica o registro para as mudanças do futuro e o cenário da atualidade.

Santana, progresso e porvir.

(FOTO: B. CHAGAS).

  LAMPIÃO ENJEITOU Clerisvaldo B, Chagas, 8 de setembro de 2021 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica:2.583 Quando em 1926 corre...

 

LAMPIÃO ENJEITOU

Clerisvaldo B, Chagas, 8 de setembro de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica:2.583



Quando em 1926 correu a notícia de que o bando de Lampião havia penetrado em Alagoas pelo Oeste do estado, foi um alvoroço. Mais notícias sucessivas alertavam que o bandido se dirigia bem montado para a área do Médio sertão, rumo a Olho d’Água da Flores e Santana do Ipanema. A cidade de Santana tratou de se articular. Não havia uma estrutura permanente de defesa. Com os berros de alerta famílias inteiras tentaram escapar da sanha do bandoleiro, fugindo para a zona rural. Outras com mais condições financeiras correram para municípios distantes do Sertão. A família do futuro escritor Breno Accioly mandou o menino para Palmeira do Índios no limiar do Agreste, para onde rodaram dois automóveis fugitivos.

O prefeito Benedito Melo estava em crise asmática, mas homens resolutos se uniram para escavacar rifles e voluntários pela cidade, entre eles o próprio padre Bulhões, Ormindo Barros, Joel Marques e Firmino Rocha.  Nunca se pensou que tivesse tantas armas amofambadas em Santana do Ipanema, diz o escritor Valdemar Lima. Reunindo soldados do quartel, recrutas do Tiro de Guerra e alguns civis, a resistência fez barricada com fardos de algodão na Rua da Poeira, hoje Rua Delmiro Gouveia e Manoel Medeiros. Mas havia outros grupos em lugares também estratégicos na entrada oeste de Santana. Mês de inverno, muito frio e, os homens heróis nas barricadas passaram a noite inteira aguardando a invasão do bandido.

O novo dia de inverno amanheceu primaveril e nada de Lampião. A fome apertava nas barricadas e foi autorizada a saída de alguns voluntários para à compra de massas numa padaria próxima. Lampião enjeitara a invasão a terra de Santa Ana. Preferiu agir ao longe na zona rural, pegando pessoas indefesas na sanha demoníaca. Depois de vários assaltos nos sítios da região, guiado pelo cangaceiro santanense Gato Bravo, comandou sua caterva em direção à vila de Olho d’Água das Flores que foi invadida por 24 horas. Vale salientar que em Santana do Ipanema ainda não tinha o Batalhão de Polícia de combate ao banditismo que só chegou em 1936 e vingou as atrocidades do chefe cangaceiro pondo fim na sua vida criminosa em 1938.

Baseado no livro Lampião em Alagoas.

RUA DA POEIRA (MANOEL MEDEIRO, ATUAL) (FOTO: B. CHAGAS).

 

  A FILHA E A MÃE Clerisvaldo B. Chagas, 3/4 de setembro de 2021 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.58 Saudade não dá mo...

 

A FILHA E A MÃE

Clerisvaldo B. Chagas, 3/4 de setembro de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.58



Saudade não dá moleza. Foi assim que fui passar pela frente da Escola Profa. Helena Braga das Chagas para ver as novidades. Muita areia de dois tipos na calçada e tijolos empilhados revelava obras na escola. Mas não fui fazer outra coisa a não ser tentar fotografar a Craibeira mãe e a craibeira filha que nasceu bem perto da matriz. Estirou-se e praticamente está do mesmo tamanho da outra. A árvore Símbolo de Alagoas foi plantada na escola Profa. Helena Braga das Chagas há mais de trinta anos pelo senhor conhecido como João Boêmio, muda diretamente trazida dos areais e pedregulhos do leito do rio temporário Ipanema. Tem muita coisa a contar sobre a nossa escola do Bairro São José.

Quando estávamos procurando fazer um dia sobre ecologia tudo aconteceu. Iríamos aplicar uma plaqueta na árvore com seu nome popular e científico e data do seu plantio com o nome de quem plantou. Convidar as autoridades, colegas e alunos de outras escolas para um pequeno festejo aos pés da Craibeira. De repente a escola pertencente ao estado passou para o município. Ficamos sem chão. Até a biblioteca que tanto esforços fizemos para inaugurá-la, nem chegou a isso. Passou para outra unidade do estado. Mas pelo menos a árvore testemunha da história do Helena, continua no mesmo lugar, ao lado da entrada.  A filha firmou-se rapidamente entre o mato e nessa pandemia vai criando corpo.

Apesar do seu majestoso porte (no livro “Ipanema Um Rio Macho” eu a chamo de Rainha do Rio), a craibeira, falando claramente, não é para ser plantada em lugares urbano. Madeira de lei, pesadona, maciça e perigosa quando deixa cair um dos seus galhos. Plantada em escola, está sujeita a causar um acidente grave se não for constantemente monitorada. É tão forte que é usada como mesa de carro de boi. Daí a dúvida se pode deixar a filha da craibeira onde está ou removê-la para lugar seguro.

Quanto a escola, temos certeza que será vitoriosa como outras unidades do município.

O nome permanecerá o mesmo? Não temos ainda essa informação.

CRAIBEIRA; MÃE E FILHA (FOTO: B. CHAGAS).