DEGUSTANDO SERTÃO Clerisvaldo B. Chagas, 13/15 de outubro Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.596 Muitas iguarias tradi...

 

DEGUSTANDO SERTÃO

Clerisvaldo B. Chagas, 13/15 de outubro

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.596



Muitas iguarias tradicionais do Sertão, desapareceram definitivamente, outras retornaram aos poucos para matar a saudade dos apreciadores do que é bom. Culinária sertaneja, rica em comidas de origens africanas, indígenas, juntamente com a portuguesa, são delícias nordestinas. A fuba, chamada por nós sertanejos, é a massa do milho para fazer o cuscuz. Já o fubá é o milho triturado, em pó que se come com açúcar. Desapareceu da nossa cidade o cidadão que vendia fubá numa panela enorme pelas ruas da cidade. Panela à cabeça, calado, mas os clientes já sabiam. Onde está o fubá? Precisamos de fubá. O xerém também foi desaparecendo das feiras, das ruas, e só se encontra em pacotes industrializados. O xerém da roça era feito moído em pedra-mó.

Mas ressurgiu nas ruas da cidade, o vendedor de mungunzá. Carroça de mão e utensílios acoplados haja a gritar: Ui-ui! Ui-ui! E o povo cerca o carrinho a pedir um copo de chá-de-burro, com também é chamado por aqui o mungunzá. Mas, na feira de Santana também está de volta essa delícia africana. Uma senhora da zona rural, especialista em tapioca gigante, tem ao lado da sua banca, uma filha que está iniciando a venda do mungunzá. Ela pede aos clientes que classifiquem a iguaria porque está fazendo testes. Mas os seus testes já estão sendo aprovados com nota máxima e vamos viciando no chá-de-burro da morena sertaneja. Quer dizer, seu café está garantido aos sábados com a tapioca e o mungunzá de mãos ruralistas.

A propósito, o mungunzá, além do chamado milho branco desolhado, leva ainda leite, leite de coco, leite condensado, cravo e canela em pau. Ah, feira de Santana! Se queremos implementar mesmo o turismo, precisamos lembrar também da nossa culinária esquecida, incentivá-la para trazermos de volta definitiva as guloseimas que deliciam o turista e a nós mesmos. Essas tradicionais guloseimas estão sempre presentes no povoado Pé-Leve, além de Arapiraca, na própria capital do fumo que preserva a tradição e na rodovia da Barra Nova, em Marechal Deodoro.

Vamos passear no Sertão, gente!

Boca cheia e pança estourando, Ave!

MUNGUNZÁ (IMAGEM: SIMEONI/GLOBO)

  FINALMENTE Clerisvaldo B. Chagas, 11/12 de outubro de 2021 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.594 Sai o boato de que o...

 

FINALMENTE

Clerisvaldo B. Chagas, 11/12 de outubro de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.594




Sai o boato de que o terreno para a construção de casas das vítimas da enchente do rio Ipanema, já está sendo trabalhado. Fonte não oficial diz que serão construídas 400 residências, o que representa uma significativa vila, distrito ou povoado. Segundo essa mesma fonte, o local onde acontecerão as construções fica no sopé do serrote do Cruzeiro, numa área entre o plano e a encosta, longe do centro, mas a expansão benfazeja da nossa cidade tem mesmo que seguir pelas periferias já dividindo terras com a zona rural. O crescimento da cidade está sendo dirigido naturalmente para os quatro pontos cardeais. Esperamos, portanto, que não haja aborrecimentos futuros entre os novos moradores da área e a vegetação de segunda do próprio serrote do Cruzeiro, mas bastante conservada. Um dos pulmões verdes de Santana.

Neste momento em que estamos vivenciando a Festa do Padroeiro São Cristóvão, a boa notícia das 400 casas novas, alivia todos aqueles que viverão uma diferente realidade, longe de área de risco, nem enchentes, nem barreiras, um lugar privilegiado pela firmeza do terreno e uma das mais belas paisagens de Santana. São pessoas de cerca de três bairros diferentes que irão conviver numa outra situação. Desejamos paz, harmonia e progresso para todos os habitantes que chegarão à área oferecida. Os esforços para o empreendimento estão sendo dirigidos pelo deputado Isnaldo Bulhões e a prefeita Christiane Bulhões.

Não somente apenas um novo lugar de morada. 400 casas, um verdadeiro povoado, traz mercadinhos, farmácias, manicures, cabeleireiros, mototaxistas, lanchonetes... Isto é, os mais diversos do comércio, prestações de serviços que sempre iniciam pelos mais simples ou básicos. Vão gerando emprego, renda e novas oportunidades para empreendedores. O grande beneficiário será o Bairros Domingos Acácio, onde está localizada a entrada para o alto do serrote Cruzeiro, o maior mirante de Santana do Ipanema. Não longe dali, funciona o Instituto Federal de Alagoas – IFAL, na AL´-125. Paz e progresso. Adeus, águas do PANEMA.

TERRENO LIMPO VISTO DO ALTO DO LOTEAMENTO COLORADO A 330 METROS DE ALTITUDE. (FOTO: ÂNGELO RODRIGUES).

 

 

 

  POR CIMA DOS TELHADOS Clerisvaldo B. Chagas, 6/7de outubro de 2021 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.593 Quando se apro...

 

POR CIMA DOS TELHADOS

Clerisvaldo B. Chagas, 6/7de outubro de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano



Crônica: 2.593

Quando se aproxima o final do ano, os montes que circundam Santana do Ipanema ficam de vegetação seca e cinza. A ausência de chuvas para os serrotes é sinal seguro para a zona rural. Nesses momentos, árvores como a Craibeira e o pau d’arco exibem as suas belas floradas no campo e na cidade. Da caatinga à vegetação de agreste, entre Santana e Maribondo, a paisagem fica completamente ressequida, mas ilhas de craibeira e pau d’arco ornamentam o cinza com suas floradas amarelas e roxa, respectivamente, como prévio louvor ao Natal e à esperança. Faltando cerca de 20 ou 15 dias para Ano Bom, costuma cair uma chuvada leve pelo entorno de Santana. Rapidamente os serrotes se cobrem de verde e quando chega o NATAL eles estão rigorosamente vestidos para o aniversário de Nosso Senhor. Nem sempre esse fenômeno é registrado.

O encanto da vida está na simplicidade. Do posto de Saúde São José, mais alto, tem-se a paisagem longínqua do sítio Salobinho, a serra da Remetedeira, na zona rural, mas também parte do antigo Bairro Floresta, parte alta, e os telhados do conjunto São João, onde moro. O espetáculo belíssimo da craibeira florida por cima dos telhados, é momento compensativo para qualquer estresse.  A craibeira e filha na murada da Escola Profa. Helena Braga das Chagas, dão um espetáculo antecipado de ornamento natalino. Mais charmosa fica quando se apresenta na moldura saudosista dos telhados, das tintas, dos quintais. O soberbo não enxerga o simples que faz a diferença na felicidade humana.

As garças brancas do Pantanal de Mato Grosso, já estão chegando e fazendo o ninhal no mesmo lugar: na barreira direita do rio Ipanema. Estamos vendo agora mesmo o revoar da tarde, à volta para o ninhal no retorno em grupos. O contraste do branco com o cinza dos serrotes, vai animando o sertanejo santanense nesses primeiros quinze dias de primavera. A floração da craibeira e do pau d’arco saúdam as “noivas” pantaneiras que escolheram o Bairro da Floresta. E o marasmo da tardinha vai rezando o terço na aproximação do Ângelus. Breve, o lençol negro da noite envolverá o corpo sagrado da Natura e, o poeta se recolherá às incertezas noturnas.

Ô SERTÃO!.

FLORADA DA CRAIBEIRA (FOTO: B. CHAGAS).