SÃO JOSÉ, O DONO DO OUTONO Clerisvaldo B. Chagas, 27 de março de 2023 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.852   São Jos...

 

SÃO JOSÉ, O DONO DO OUTONO

Clerisvaldo B. Chagas, 27 de março de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.852

 

São José continua prestigiado em todo o território nordestino. Os sertões ficam de olho no céu e lábios nas preces do seu tão aguardado dia. É que a importância da divisória verão/outono cai praticamente no dia do santo pai de Jesus. Considerado o grande benfeitor das chuvas que molham as terras do semiárido no período de semeadura, São José é aguardado e homenageado com orações caseiras, novenas e louvações diversas que não falham nunca, principalmente no bioma caatinga. Dizem que sertanejo só fala em chuvas. Por uma parte é bem verdade, embora sejam divergentes e amplas as suas conversas, sim, o tema “chuvas” predomina sempre em quem vive da agricultura.

Existe uma cumplicidade, palavra no bom sentido, entre o povo sertanejo e São José que compreende e ajuda o quanto pode na luta diária dos cultivadores de mãe terra. E o seu dia 19 de março, representa a palavra Esperança com “E” maiúscula e obesa de fé. Quando os pífanos, a caixa e o zabumba ecoam na caatinga, sobe e desce a branca fumaça divina da comunicação entre o homem e o invisível.  O dia 20 de março, início do outono, é separado apenas por 24 horas do dia de São José. O nosso sertanejo chama o período outono/inverno, apenas de inverno, que para ele é a chegada benfazeja das chuvas contínuas de cada ano. Daí se compreender facilmente a devoção do agricultor a um dos auxiliares de Jesus na terra abençoada nordestina. Sim, é claro que o cerne da conversa é o agricultor que vive na roça, porém os que migram para a cidade e os que vivem indiretamente da terra, também não esquecem do santo designado para o tempo.

Entretanto, no 19 de São José, não choveu em Santana do Ipanema. E dizem que o inverno não será bom se não chover nesse dia. O céu estava azul com algumas nuvens brancas esparsas. Será, será... Todos os profetas das chuvas reunidos na cidade, afirmaram que o “inverno será bom”, mas com chuvas reduzidas. Vamos ver no que vai dar. A influência do El Niño, da La Niña, das previsões dos últimos tempos... Devem no final escreverem a verdade na terra, a influência dos céus e os ânimos dos terráqueos. Afinal de contas, São José sabe demais o que está acontecendo e o que irá acontecer. Aguardemos, pois.

 

 

 

 

  SERTÃO DO LEITE Clerisvaldo B. Chagas, 25 de março de 2023 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.851   Não existe nenhuma...

 

SERTÃO DO LEITE

Clerisvaldo B. Chagas, 25 de março de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.851

 

Não existe nenhuma dúvida de que uma fábrica em uma cidade – principalmente do interior – pode gerar progresso em todos os sentidos até porque um grande empreendimento gera outros inúmeros na mesma região.  O governo de Alagoas foi muito feliz ao atrair a Indústria de Leite Natville para implantar uma unidade na sua cidade Batalha, centro da Bacia Leiteira alagoana. Não importa se Batalha é a cidade do governador, o importante é o surgimento de novos progressos tanto para os municípios que fazem a Bacia Leiteira, quanto para todo o médio sertão do estado.  Veja, há pouco tempo foi asfaltado o trecho Batalha – Olivença, usando-se um atalho (por dentro) encurtando a distância entre as duas cidades e Olivença via Agreste e Maceió. Está aí um primeiro grande benefício que agora atraiu o segundo benefício que é a implantação de uma unidade da Natville, aproximadamente em terreno vizinho ao acesso à Olivença, saindo de Batalha, às margens da AL-220.

O investimento anunciado de 500 milhões na implantação da unidade, diz por si só da envergadura do empreendimento. Pobres cidades que não aceitam indústria em seus territórios, para que a população continue sob o cabresto político dos seus dirigentes. Irão ficar a ver navios enquanto a vizinhança cresce, desenvolve e se destaca. Muito bom consumirmos produtos industrializados de origens alagoanas, principalmente do interior, do sertão ou da área agrestina, fora do comando da capital e da Região Sudeste. 

E se uma fábrica por si só já absorve grande número de empregados, mexe muito mais com a cadeia produtiva. E agora, que a duplicação das rodovias Maceió – Delmiro Gouveia, passando pela Bacia está sendo construída, imaginamos um novo fluxo de progresso tanto no médio quanto no alto sertão.

A propósito, a distância Maceió – Batalha é de 183 km e de Batalha a Santana do Ipanema é de apenas 49 km, o que favorece o intercâmbio econômico e cultural. Batalha, Jacaré dos Homens, Monteirópolis e Major Izidoro, formam o importante núcleo da Bacia Leiteira, alagoana. A cidade de Batalha e boa parte do seu município, são banhados pelo rio temporário Ipanema, que, em época de cheias ainda é uma atração à parte pra os que desejam conhecer a cidade e sua vizinhança. Parabéns aquele povo bom.

BATALHA (FOTO:  B. CHAGAS

 

 

 

 

  CANOEIROS NAVEGARAM Clerisvaldo B. Chagas, 23 de março de 2023 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.850   Noite de fel...

 

CANOEIROS NAVEGARAM

Clerisvaldo B. Chagas, 23 de março de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.850




 

Noite de felicidade extrema entre os apreciadores da cultura, com o encontro no Café Filosófico, promovido pelo Departamento de Cultura, no salão nobre da Casa da Cultura, em Santana do Ipanema. No Café Filosófico, conduzido pela diretora Cultural Gilcélia Gomes e o escritor Marcello Fausto, sob a égide da prefeita Christiane Bulhões foi lançado o livro documentário “Canoeiros do Ipanema”, da nossa autoria. Estiveram presentes no Evento, o, vice-prefeito e empresário Iuri Pinto; a vereadora Eliana “Fofa”; O diretor do IFAL, Gilberto Gouveia; o ex-diretor de cultura, professor Robson França; O presidente da Academia Santanense de Letras, Arte e Cultura, José Malta Fontes Neto; o professor cordelista Charles César; o presidente da Associação Comercial, Josinaldo Soares, a professora Irene das Chagas, esposa do homenageado, ex-alunas e alunos nossos, e mais uma plêiade de pessoas amantes da Cultura.

A própria Gilcélia Gomes, fez as vezes de Mestre de Cerimônias. Houve recital, cânticos, palestra e troca de ideias entre o escritor homenageado e a seleta plateia, sem ninguém arredar o pé até às 23 horas, ocasião em que fatos históricos e curiosos do desenrolar santanense, foram comentados pelos presentes, com autógrafos e poses para tantas fotos para a posteridade. O livro “Canoeiros do Ipanema” foi coroado de êxito, onde os leitores irão  se deliciar com a saga do canoeiros que atuaram no rio Ipanema, durante as cheias, levando e trazendo mercadorias e gente para outras plagas. Foi a fase que teve início em 1943 indo até o ano de 1969, com a construção da ponte entre o poço do Juá – palco dos canoeiros – e o Poço dos Homens.

O livro resgata essa história fantástica adormecida e que nunca teve uma única linha escrita sobre o tema. Um resgate de suma importância de uma época difícil, mas radiosa.

Mais uma vez deixamos aqui a nossa gigante gratidão à prefeita Christiane Bulhões e o empenho público e particular da Diretora da Cultura Gilcélia Gomes e do escritor Marcello Fausto, ora servindo naquele departamento. A decoração estava maravilhosa, as pessoas que se pronunciaram, altamente inspiradas. E se é preciso falar no café filosófico, bem postado, bem consumido e bem elogiado. Uma equipe divina certamente fazia a parte invisível do evento, quando o passado ressurgiu em toda sua plenitude e os Canoeiros do Ipanema voltaram a navegar, desta feita, na imaginação fértil e miraculosa da plateia da elite cultural da Rainha do Sertão.

Jesus na causa.