IOLANDA, MULHER, CANÇÃO E CIGARRO Clerisvaldo B. Chagas, 31 de outubro de 2023 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.988 ...

 

IOLANDA, MULHER, CANÇÃO E CIGARRO

Clerisvaldo B. Chagas, 31 de outubro de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.988

 



Vendo nesse momento uma pasta de sabão de nome Urca, vem à lembrança nesse final de outubro de 2023, a Urca da minha adolescência. Vejo-me à Rua Antônio Tavares, brincando de nota com os companheiros. E o que chamávamos ‘nota”, era o descarte de carteira de cigarro em que o fumante amassava e jogavam-na em qualquer lugar. Nós, os adolescentes masculinos, desamassávamos a carteira de cigarro, descartávamos o papel celofane do envoltório – quando havia – estirávamos o papel em forma de cédula, dobrávamos as laterais. Cada nota funcionava como dinheiro de verdade. O valor de cada uma dependia da maior ou menor quantidade encontrada. O alumínio que envolvia diretamente os cigarros, era o mais comum e consequentemente o de menor valor.

Depois saíamos pela rua poeirenta jogando. Um rapazinho jogava uma pedra alguns metros à frente. O outro tentava acertar a pedra imóvel com outra pedra e assim sucessivamente. Quando uma pedra batia m outra, o que acertou ganhava uma nota cujo valor era combinado. Nunca vi jogo tão bom! Lembramos ainda algumas marcas de cigarros como: Continental, Astória, Hollyood, Fio de Ouro, Urca e Yolanda. Iolanda também era uma colega ginasiana, relativamente bonita. Era irmão da Dilma, outra colega ginasiana e, não tenho muita certeza, mas parece que eram filhas de um cidadão muito popular na época, chamado Imídio Birunda. Também cem certeza tinha a Socorro, colega de sala, colega de teatro e, irmã de ambas. Surgiu uma canção com o nome Iolanda a que a turma associava à nossa colega.

Peça a música no Google e pesquise a inspiração de Chico Buarque de Holanda.

 Já os cigarros Urca mostravam o morro do Rio de Janeiro no rótulo. Quando adulto tive oportunidade de conhecê-la, em excursão no passeio do bondinho que serve à montanha isolada com cabos de aço. O sabão pastoso Urca, não mostra a paisagem do rio de Janeiro.

Hoje, vejo no meu neto o jogo de outrora, transformado no brinquedo celular. Dizem que é a chamada Evolução. Será?  Estou escrevendo para extravasar essa noite mal dormida, sem nenhum sentimento de saudosismo, mas é impossível em determinados momentos não lembrar fatos corriqueiros das nossas vidas.

 

  JARAMATAIA Clerisvaldo B. Chagas, 30 de outubro de Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.987   Última cidade do sertão ...

 

JARAMATAIA

Clerisvaldo B. Chagas, 30 de outubro de

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.987



 

Última cidade do sertão para quem se dirige a Arapiraca pela AL-220 e que pode ser a primeira em sentido contrário. Estar localizada no limiar entre sertão Agreste e faz parte da Bacia Leiteira de Alagoas. Jaramataia é uma cidade, relativamente nova que foi emancipada de Batalha em 17 de maio de 1962. A sua distância à capital, Maceió é de 138 quilômetros. Foi originária de uma fazenda de gado, onde hoje está o piso urbano e cuja denominação era fazenda Jaramataia. Jaramataia é uma arvoreta que atinge cinco a seis metros de altura, além de ser considerada medicinal. Sua população, de acordo com o último censo, possui quase 5.000 habitantes e fica a 164 metros de altitude. A grande festa da padroeira, Nossa Senhora da Conceição, acontece no dia 8 de dezembro.

Esta cidade fica a cerca de 1 km da AL-220, com dois acessos de entrada e saída. Sendo criador de gado, o município tem nessa atividade o seu forte. As atividades da Agricultura, são as mesmas de todo o Sertão. Suas imediações são as mais “agrestadas” da Bacia Leiteira, segundo nossas observações geográficas. Entretanto, também há muito, observamos vários quilômetros de terras que nos tempos secos, ultrapassa a temperatura de todas às vizinhanças. Parece se conectar com uma faixa de terras da BR-316, semelhante, entre a cidade de Dois Riachos e a Pedra do Padre Cícero. Nunca pude estudar esse fenômeno e nem tive conhecimento que outra pessoa tivesse feito essa observação. Seus filhos são denominados jaramataienses.

O chamado “Açude de Jaramataia”, é um dos maiores de Alagoas e construído pelo DNOCS. É alimentado pelo “riacho do Sertão” afluente do rio Traipu. Além de ser a principal atração turística física de Jaramataia, o açude banha também o povoado São Pedro (antigo Bacurau) e congrega quase 500 famílias de pescadores. Às vezes, em tempos de estiagem surgem alguns problemas no açude que afetam a existência de quem dele vive. Porém, a cidade de Jaramataia, prossegue sua lida entre Batalha e Arapiraca, centros mais pertos para seus intercâmbios sócio comerciais.

Jaramataia (Vitex gardneriana Schauer) é uma das poucas encontradas no sertão nordestino, usada tradicionalmente por suas propriedades anti-inflamatórias e analgésicas.

JARAMATAIA (DIVULGAÇÃO/PREFEITURA)

 

 

 

 

 

  RESPIRAR EM PÃO DE AÇÚCAR Clerisvaldo B. Chagas, 27 de outubro de 2023 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.986   Onte...

 

RESPIRAR EM PÃO DE AÇÚCAR

Clerisvaldo B. Chagas, 27 de outubro de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.986

 



Ontem, Pão de Açúcar, Alagoas, foi notícia no Jornal Nacional. Uma humidade do ar com apenas 6% do ideal de 60%, fez arrepiar uma tentativa de visita ao “Espelho da Lua”.  Ainda não conversamos com um pão-de-açucarense sobre como os habitantes do lugar encaram o calor extremo do semiárido nos períodos que acontecem o fenômeno. Já os de fora, assim com meu pai, podem me dizer como me foi dito: “Fui conhecer, mas foi um calor tão grande, que prometi a mim mesmo nunca mais pôr os pés ali novamente”. Não sei quando meu pai foi a Pão de Açucar, mas morreu com 94 anos e cumpriu o que disse. Da mesma maneira procedeu com Garanhuns na outra ponta dos extremos.

Mas por que Pão de Açúcar possui essa fama e seus vizinhos do São Francisco, não? Gostaria sim de ouvir uma explicação de um especialista e, se esse especialista fosse da própria cidade, melhor ainda. E como disse acima, o fenômeno geográfico tem a sua época de acontecer. E claro que não estamos incluindo esse alvoroço climático que está no Planeta agora, pois a “torradeira” é velha conhecida dessa literatura. Pão de Açúcar é cidade turística por excelência e talvez essa particularidade possa lhe beneficiar devido a curiosidade das pessoas perante o inusitado. Bela, típica e histórica, Jaciobá é um destino fantástico para o turista estudioso.

Enquanto não aparece uma explicação para a quentura excessiva de Pão de Açúcar, em determinadas épocas, vamos relacionando suas atrações onde está embutida sua história de desbravamento, sesmarias, navegação e Pedro II. Mas também para quem gosta de histórias cangaceiras, vai saber que na penúltima semana de vida de Lampião, ele estava no município. E estava exatamente na serra de São Francisco, de onde desceu para a região de Piranhas, atravessou o rio e foi se recolher nas Grotas de Angicos, para descansar, recolher-se na semana de morte do padre Cícero e pensar em deixar o cangaço.

Pão de Açúcar, quente ou frio é lugar de permanente beleza.

PARCIAL DE PÃO DE AÇÚCAR( FOTO/DIVULGAÇÃO)