MINADOR DO NEGRÃO Clerisvaldo B. Chagas, 12 de novembro de 2023 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.995   Quem quer c...

 

MINADOR DO NEGRÃO

Clerisvaldo B. Chagas, 12 de novembro de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.995



 

Quem quer chegar ao Sertão vindo de Maceió pela BR-316, vai encontrar a primeira cidade sertaneja no limiar do Agreste. Após passar em Estrela de Alagoas (Agreste) chega-se ao acesso da cidade de Minador que fica a alguns poucos quilômetros da BR, em direção ao Norte. Minador do Negrão é uma cidade com um pouco mais de 5.000 habitantes e foi originária de uma fazenda de gado. Seu nome vem de uma fonte de água cristalina e de boa qualidade que existia nas terras do seu fundador, Félix Negrão. Antes, pertencente a Palmeira dos Índios, foi emancipada em 27 de agosto de 1962. Portanto, no mês de agosto temos uma das grandes festas da cidade. Minador do Negrão tem intercâmbio forte com Palmeira dos Índios e com Pernambuco devido a sua proximidade com ambos os lugares.

Já houve muitos embates violentos por ali, mas atualmente não se houve mais falar sobre esses assuntos e a cidade, apesar de pequena, nota-se o progresso que experimenta essa nova geração. Minador dista 169 km de Maceió e está situada a 270 metros acima do nível do mar (altitude). O município vive da agropecuária e, apesar de distante do núcleo, faz parte também da Bacia Leiteira Alagoana. Ainda dos seus eventos mais importantes é a festa da Padroeira Nossa Senhora das Graças que atrai devotos e turista do Sertão, Agreste e visitantes do estado de Pernambuco. Grande atração também é o Baile dos Casados, onde se exige comprovante da união do casal.

Geograficamente não existe uma separação Agreste/Sertão, retilínea, existem muitos meandros, Sertão recua e avança assim como o Agreste, como explicava o geógrafo Ivan Fernandes. Então fazemos uma divisória a grosso modo.  O rio Traipu, um dos três mais importantes do Sertão marca essa divisa entre Agreste e Sertão. Tanto pela BR quanto pela AL. E, no caso, Minador do Negrão, cidade, está bem próxima ao citado rio. O gentílico negrense, isto é, negrense é quem nasce em Minador do Negrão. A feira semanal da cidade se desenvolve e fica do mesmo tamanho das feiras de municípios vizinhos, sendo fonte de renda assegurada no complemento da agricultura, da pecuária e do comércio fixo. Você já foi a Minador?

MINADOR DO NEGRÃO (FOTO: DIVULGAÇÃO)

 

  RÁDIO CIDADE Clerisvaldo B. Chagas, 9 de novembro de 2023 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.994 Muita alegria tive em...

 

RÁDIO CIDADE

Clerisvaldo B. Chagas, 9 de novembro de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.994




Muita alegria tive em visitar a Rádio onde eu tinha um programa chamado “Santana, Terra da Gente”. Era um programa informativo com base musical de Luiz Gonzaga. Fui encontra ali o apresentador Ginaldo, ex-colega da rádio que continua como profissional, respeitadíssimo.  Íamos falar sobre o livro que continuo escrevendo “100 Milagres Nordestinos”, atribuídos ao padre Cícero Romão Batista, inéditos. A gentileza do apresentador Ginaldo, fez com que o diálogo ficasse mais fácil entre nós, saindo uma gama de informações para o público ouvinte. A Rádio Cidade progrediu, comprou sede própria e hoje funciona na Rua Joaquim Ferreira, onde fala para Alagoas e para o mundo como diz seu apresentador.

Difícil é sustentar um único tema, em uma entrevista em que o entrevistador quer perguntar e o entrevistado quer responder. Assim, fomos variando do núcleo do tema para a periferia, enriquecendo os nossos conhecimentos e espalhando o aprendizado pelas mais diferentes regiões de boa parte das Alagoas. Ficou acertado no ar, a divulgação das minhas crônicas diárias, na própria “Rádio Cidade”. Crônicas essas que estão próximas ao número simbólico 3.000, distribuídas nos sites “Santana Oxente” e no “Blog do mendesemendes”, Face e em nosso blog. Crônica oral somente há muito na “Rádio Correio do Sertão” quando o apresentador Edilson Costa lia a nossa crônica diariamente com o título “Crônica do Meio-dia”.

Vou ver se vai dar certo, gravar as minhas crônicas diárias com a minha voz e enviá-las para a Rádio Cidade, todos os dias úteis a partir da próxima segunda.        Avisar também que hoje, quinta-feira, termos podcast, no site AlagoasNanet, com o Lucas Campos, iniciando às 20 horas. Esteja esperto. Virei menino, ao ser convidado para sempre aparecer na citada Rádio e falarmos sobre os mais diversos temas, sempre visando tudo que envolve a nossa cidade. Portanto, fica aqui os nossos agradecimentos, meus e de minha esposa, professora Irene Ferreira das Chagas que esteve presente me dando força, como sempre. Outra satisfação foi saber e constatar que a Rádio Cidade, continua no Bairro Camoxinga, aumentou o seu alcance hoje sua sede própria é bem agradável, como pude constatar. Quero sim, voltar mais vezes ao lugar onde me sinto em casa. Era aviso de 10 minutos, passou a ser entrevista de 2 horas e nem sentimos o tempo passar.

PRÉDIO ONDE FUNCIONOU A RÁDIO CIDADE (FOTO B. CHAGAS/LIVRO 230).

  ALÍPIO, JUSTINO E O IPANEMA Clerisvaldo B. Chagas,8 de novembro de 2023 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2. 993   Na...

 

ALÍPIO, JUSTINO E O IPANEMA

Clerisvaldo B. Chagas,8 de novembro de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2. 993



 

Na década de 60, conheci de perto as figuras populares de Alípio e Justino. Acabávamos de sair do auge do Ipanema Atlético Clube, finais dos anos 50. O personagem Alípio, branco, forte, bigode cheio e cabelo escorrido, era nessa época, apenas um bêbado que perambulava pelas ruas, arrastando a perna e procurando lugares para ganhar mais um copo de cachaça. Casado com dona Zefinha engomadeira, possuía dois filhos, Arnaldo e Abelardo. Morava na rua mais pobre de Santana, perto do tão afamado prédio da época chamado prédio da Perfuratriz. Certa feita, no Bar do Maneca, o pobre coitado pediu uma pinga a um cidadão que respondeu só pagaria se ele bebesse o copo cheio. Alípio aceitou e bebeu o copo cheio de cachaça de uma só vez, caiu e se esparramou no chão. E eu, como adolescente, testemunhei a cena de dois loucos.

Justino era um doido barbudo, alto e atlético. Morava defronte onde hoje é a UNEAL, em um caminho que rumava para o açude do Bode. Perambulava pelas ruas de Santana falando só e baixinho. Aperreavam-no e ele ficava possesso. Como estivera internado na capital, os que gostavam de mexer com doidos gritavam para ele o nome Maceió. E eu, nos meus doze anos, tinha muito medo de Justino, podendo me encontrar com ele a qualquer momento, nos corredores solitários da Maniçoba, onde ia sozinho todos os dias buscar o gado a pé, para levá-lo à bebida no rio Ipanema. Ali era passagem diária do maluco.

Ouvia os mais velhos dizerem que Justino e Alípio foram atletas do Ipanema Futebol Clube.  Mas, se foram, não eram da época do auge, pode ter sido de muito antes. Justino enlouquecera e Alípio começara a beber depois de quebrar a perna. Porém, eu nunca entendi porque os dois atletas não tiveram assistência municipal e todos os cuidados com eles para uma vida decente. Por que deixaram ambos os atletas chegarem ao cúmulo da degradação e do escárnio? Eram dois dramas lentos no palco diário das ruas de Santana. Essas páginas fazem parte do livro das amarguras que muitas vezes se tornam invisíveis à chamada sociedade. Justino e Alípio. Heróis santanenses das hurras, das palmas, das homenagens... Na página seguinte, párias, escórias, personagens do submundo.

Dois heróis injustiçados!