quarta-feira, 11 de abril de 2012

JOÃOZINHO

JOÃOZINHO
Clerisvaldo B. Chagas, 11 de abril de 2012.
Nº 753

 Quando rapaz, ouvi muitas anedotas sobre Joãozinho, um guri imaginário, safadinho, indiscreto e sabido, símbolo de histórias de garotos medonhos. Toda piada em que menino se saía bem, o personagem chamava-se Joãozinho. Como exemplo, lembro aquela em que toda vez que o Joãozinho chegava à bodega do português, enviado pelo pai, pedia, entre outras mercadorias para colocar no livro de fiados, o papel de “alimpar c...”. Quando a bodega estava cheia de senhoras o português ficava morto de vergonha. Assim mais uma vez procedeu o garoto. O português chamou o Joãozinho e o orientou: “Meu filho, não se diz papel de alimpar c... É feio. Diz-se assim: um rolo de papel higiênico”. Joãozinho ficou agradecido e disse que dali em diante iria falar de modo correto. Uma semana depois, novamente a bodega estava repleta quando o português avistou o garoto se aproximando e ficou arrepiado. Mas Joãozinho chegou e disse quase gritando: “Seu Manoel, pai disse que mandasse um rolo de papel higiênico”. O português suspirou aliviado e, com toda a satisfação do mundo, cortou a fila, fez questão de embrulhar o produto e despachar a criança, primeiro. Joãozinho saiu frajola e assoviando. Seu Manoel, então, se lembrou de perguntar ao menino: “Joãozinho, é para colocar na conta?” O menino respondeu do meio da rua: “Não senhor, é para passar no c...!”.
          Notei, durante a semana, recordando o passado, que Joãozinho cresceu e ocupa os mais diferentes lugares da sociedade. Estava lá nos Estados Unidos, acompanhando a presidenta Dilma em seus pronunciamentos. Com outras palavras, dizia a presidenta, que mesmo tendo feito parceria com os Estados Unidos, uma nação não era obrigada a acompanhar a outra em tudo, porque ambas eram diferentes. “Não somos Joãozinho de um passo só, um passo certo, ou errado”, dizia Roussef”. Era uma clara advertência à nação belicosa do norte que não concordamos com tudo que ela faz.
          E Joãozinho, personagem lendário da esperteza de um Pedro Malazarte, um Cancão de Fogo, da imaginária e clássica literatura de cordel, ilustrava sem pudor as palavras da presidenta. Joãozinho, você é demais! Brasileiro verde e amarelo das ruas poeirentas do interior, da periferia migrante das grandes cidades do Brasil. Que alegria reencontrá-lo nas altas esferas, meu garoto sertanejo! Minha admiração, você é demais, JOÃOZINHO!







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