terça-feira, 16 de julho de 2013

O PAI DE SANTANA



O PAI DE SANTANA
Clerisvaldo B. Chagas, 16 de julho de 2013
Crônica Nº 1049

Poço do Juá, no rio Ipanema (autor).
Com o passar do tempo, a população mundial vai tomando consciência de que a Natureza é coisa sagrada. Os índios do passado sabiam muito bem que a terra é mãe de todos, assim como as tribos que ainda hoje são independentes. Os índios ensinaram ao branco muitas coisas que se tornaram hábitos diários e ofereceram vários produtos para Culinária e Medicina. O respeito à Natureza, inspirador de tantos e tantos movimentos ecológicos pelo planeta, foi trazido pelos indígenas. Alguns países, grandes poluidores do mundo, principalmente, ainda relutam em fazer alguma coisa séria em favor do ambiente. Pouco a pouco, porém, a pressão geral vai encurralando os resistentes, apontando o planeta Terra como a casa de nós todos. E se a casa é de todos, assim deverá também ser a obrigação de zelar por ela. Nações, regiões, localidades, não ficam mais imunes às investidas ecológicas importadas dos diversos lugares e que despejam nas escolas. Mais hoje, mais amanhã, o entusiasmo pela preservação acontecerá em todos os recantos, trazendo grande sensação de bem-estar.
O rio periódico Ipanema teve os seus dias de glória quando abastecia cidades com suas águas salobras extraídas das cacimbas. Em Alagoas, Poço das Trincheiras, Batalha, Santana do Ipanema e cerca de mais dez povoados, foram crescidos e engordados com as águas do Ipanema que também emprestou seu nome para a maior cidade do Sertão. O “Pai de Santana” sustentou às ruas através do tempo, cujo líquido foi transportado do seu âmago para as residências, através de jumentos com ancoretas, cangalha e cabresto. A água com menor teor de salinidade era bem disputada na época com cerca de cem “botadores d’água” prestando serviço à urbe, completamente indispensáveis até 1966. O transporte da água de cacimba das areias grossas do rio, também era realizado pelas mulheres, através de potes de barro ou de latas de querosene e outras. Havia mulheres que alugavam seus ombros para o mister, a exemplo de Maria Lula, galega alta e forte (vermelha quando bebia), vasculhadora de casas e moradora de perto da antiga Perfuratriz.
Abandonado pelos seus filhos, agora que não buscam mais o seu líquido, o rio Ipanema transformou-se no receptador dos que procuram assassiná-lo de vez. Esperamos que esse movimento que ora se inicia em defesa do rio Ipanema, seja sério, permanente e alivie às dores atrozes que há muito perseguem O PAI DE SANTANA.

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