terça-feira, 5 de agosto de 2014

A TERRA DA MÃE DE DEUS



A TERRA DA MÃE DE DEUS
Padre Cícero (III) série de 4 crônicas
Clerisvaldo B. Chagas, 6 de agosto de 2014
Crônica Nº 1.234

Parte do Círculo da Mãe de Deus.
O homem havia participado da Sedição do Juazeiro a favor do padre Cícero Romão Batista. Lá na região da ribeira do Capiá, alto sertão de Alagoas, contava os casos acontecidos no Juazeiro do Norte, com detalhes. Entre eles falou o seguinte:
Jagunços defensores do Juazeiro.
Quando o padrinho soube que o governo ia atacar o Juazeiro, riscou no chão o lugar para se construir uma trincheira. Quando foi feita a defesa, ele disse que ao sermos atacados era para todos se defenderem sem sair do risco que ele havia feito. Os que estavam dentro do círculo estavam na “terra da mãe de Deus”, portanto, garantidos. Aconselhou a ninguém sair de dentro da sua marca. Ora, a briga começou e nós só se defendendo da tropa que queria tomar o Juazeiro e prender meu padrinho. Naqueles meios, lá vinha um cabra atacando com um chapéu de couro muito bonito, na cabeça. Aquele chapéu brilhava muito e chamou atenção de todos nós da trincheira. Na refrega, o cabra tombou assim pertinho de nós, uns dez ou 15 metros.  Um sujeito que brigava do nosso lado cresceu os olhos em cima do chapéu do cabra, foi arrancar e roubar o chapéu do defunto. Esse ficou estirado lá mesmo. Quando os atacantes debandaram, meu padrinho Cicero percorreu o círculo indagando se tinha morrido alguém. Mostraram o defensor morto e contaram o caso. O padrinho Cícero falou: “Eu não avisei que não saíssem da terra da mãe de Deus?”.
Floro comanda jagunços e romeiros.
A organização armada de defesa pertencia ao médico baiano Floro Bartolomeu da Costa que havia chegado ao Ceará em 1908, onde depois fixou residência em Juazeiro do Norte. Adquiriu farmácia e passou a atender à população como médico e como rábula. Ficou amigo do padre e o incentivou a ingressar na política, visto que o Vaticano suspendera suas ordens religiosas.
Quando o governador Franco Rabelo foi deposto, Floro foi eleito deputado estadual e, posteriormente, deputado federal.
Floro exerceu grande influência sobre o padre Cícero e sempre o defendeu tanto das investidas da Igreja quanto dos planos negativos do governo central. Foi um forte personagem na história do Cariri e do Ceará.
Em 1926 iria organizar o Batalhão Patriótico para combater a Coluna Prestes e convidar Lampião para integrá-lo, usando falsamente o nome do padre Cícero Romão Batista.
* continua amanhã.





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