quinta-feira, 21 de agosto de 2014

O SUCESSOR DE LAMPIÃO



O SUCESSOR DE LAMPIÃO
Clerisvaldo B. Chagas, 22 de agosto de 2014
Nº 1.245

Lampião em início da carreira.
Caso o amigo goste de histórias de cangaceiros e tenha lido o nosso livro “Lampião em Alagoas”, vamos rever um caso polêmico. No livro acima questionamos se Lampião iria mesmo deixar o Nordeste, no final do mês de julho de 1938. Não respondemos a pergunta que ninguém fez, se ele iria continuar no cangaço, implantando-o no estado em que deveria se refugiar.
Dizem alguns escritores que Lampião havia reunido seus cabras na fazenda Angicos, em Sergipe, para anunciar o seu sucessor e deixar o Nordeste. O sucessor seria aquele que dormisse fora do coito de Angicos. Lampião, naquela semana de 1938, deveria contar em torno de 80 homens no total, um pouco mais, um pouco menos. Desde, aproximadamente, 1934, que o bando total fora fatiado em pequenos grupos. Cada grupo tinha um chefe que comandava entre seis e dez pessoas.
Naquela noite/madrugada da hecatombe, na grota da fazenda Angicos, Corisco, cismado com o lugar, fora dormir em Alagoas com seu grupo. Labareda, também cismado, foi pernoitar longe com os seus. Português e seu grupo não estavam. Moreno e seu grupo também não estavam. Moita Brava retirou-se do coito (naturalmente com seus acompanhantes) alegando problema de saúde. Ninguém fala do grupo de Pancada, citado somente no dia18 de julho, quando tomou rumo deferente de Lampião, em Alagoas, isto é, estava com ele, mas não seguiu com o chefe para Angicos. Por quê? Não encontramos a resposta.
No coito estava o grupo de Lampião, Balão e Zé Sereno.
Quem iria substituir Lampião? Analisemos os chefetes de fora do coito. Poderia ser qualquer um no bater de asas do bandido, mas prorrogar o cangaço, quem teria tutano?
Livro lançado em 2012. (467 páginas).
Corisco seria o mais indicado, certo, todos concordam. Mas Corisco não tinha experiência em comandar 80 homens. Sempre fora arredio e preferia atuar separadamente de Lampião com seu grupo em torno de dez comparsas. Além, disso não possuía os molejos com os grandes da sociedade civil, o traquejo, a diplomacia, a malícia, a astúcia que lucravam em armas, avisos, dinheiro, comida, paz, munição e trânsito. Somente a força bruta, valentia, perversidade e estratégia de ataque, não seriam bastante para a prorrogação do cangaço.
Labareda em traje civil.
Labareda era um cangaceiro mais humano e bastante corajoso, até mesmo pela sua história, contada por ele próprio, contudo, nos parece que não teria também condições de levar adiante o total de cangaceiros. Em nossa avaliação, tinha bastante confiança no chefe e, caso o perdesse, não se adaptaria a mais ninguém no comando e terminaria nas entregas. Foi o seu caminho.
Português, perverso como Corisco e falastrão. Nós o temos apenas como um “cobrador de impostos”. Não reunia às condições de grande chefe. Ninguém fala onde ele se encontrava no caso Angicos.
Moreno, com seu reduzidíssimo grupo, não estava presente no dia. Sofrera vários reveses ultimamente e estava mais para fugir de que comandar alguma coisa.
Moita Brava, pouco se sabe a seu respeito. Apenas atuação própria de cangaceiro. Como foi dito, deixara o coito antes do ataque das volantes e ninguém fala sobre o seu rumo.
Pancada, também apenas um chefete a mais.
E se isso serve de consolo aos adoradores de VIRGOLINO, achamos que ninguém tinha quengo o suficiente para ser O SUCESSOR DE LAMPIÃO.

                                                                                

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