terça-feira, 3 de outubro de 2017

O BACURAU

O BACURAU
Clerisvaldo B. Chagas, 4 de outubro de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.751

ANTIGA ESCOLA BACURAU. Foto: (Clerisvaldo B. Chagas).
Nós santanenses estamos dentro dos 79 anos em que foi construído o prédio  do Bacurau, na Rua e Bairro São Pedro. Numa situação política difícil em que o País estava passando, ainda vivíamos na série infindável de interventores. Nessa época funcionava a escola particular Colégio Santanense, na Rua Nova, quando em 1938 foi inaugurado o Grupo Escolar Padre Francisco Correia no Bairro Monumento. Essa foi a primeira escola pública grande em Santana para funcionar com o Curso Primário. Mesmo assim escolinhas particulares funcionando em residências continuaram atuando. Entre 1937-38 surgiu, então, o prédio na Rua e Bairro São Pedro, com o nome “Escola Batista Accioly” com a finalidade de matricular adultos trabalhadores para o estudo noturno.
Ainda no mesmo ano de 1938, no dia 28 de julho, tomava posse como interventor/prefeito o senhor Pedro Gaia, vindo de Palmeira dos Índios. Durante a comemoração de posse chegou a notícia, através de telegrama vindo de Piranhas, da morte de Lampião, Marias Bonita e mais nove sequazes. No dia 30 de julho, à tarde, as cabeças dos cangaceiros mortos chegaram a Santana quando houve desfile de tropas do batalhão, feriado e exposição das cabeças dos bandidos nos degraus da igrejinha do Monumento. O prefeito e interventor Pedro Gaia foi o mesmo que reformou a prefeitura e abriu a estrada Santana – Águas Belas. Como o prefeito anterior governou até a metade de 1938, não se sabe quem construiu o prédio da Rua São Pedro, ou Joaquim Ferreira da Silva ou Pedro Rodrigues Gaia.
Finalmente a Escola Batista Accioly funcionou com o apelido de “Bacurau” apenas porque funcionava à noite. Claro que o apelido tornou-se pejorativo, mas escrevemos com orgulho os lugares batizados pelo povo. O Bacurau passou muito tempo ocioso e outros com atividades passageiras até que foi transformado em biblioteca pública de bairro e que leva o nome da professora Adercina Limeira. Trata-se de apenas um salão. A última vez em que ali estive foi para ministrar uma palestra sobre a História de Santana e do Bairro São Pedro. Impressionou-me a luminosidade natural que entra por todos os lados. Foi muita emoção falar sobre o Bairro São Pedro, a professora Adercina Limeira, muito amiga da minha mãe, professora Helena Braga, rever a riqueza cultural do Bairro hoje esquecido e repassar a nossa história para as gerações dos pequenos.

Já fui aluno ali em curso particular preparatório para o Ginásio Santana.

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