OS CASARÕES
DE SANTANA
Clerisvaldo
B. Chagas, 6 de outubro de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.753
FOTO: (Domínio Público). |
Houve
um impacto entontecedor quando saiu à súbita notícia de iminente demolição dos
grandes casarões de Santana do Ipanema. O chamado popularmente “prédio do meio
da rua” e o “sobrado do meio rua”, estavam definitivamente na ideia fixa do,
então, prefeito Ulisses Silva. Derrubá-los a cacete como se derruba um bode,
estirá-los de cabeça para baixo e tirar o couro. Assim a cidade se dividiu
entre saudosistas e futuristas em comentários em todos os pontos bem
frequentados da urbe. A surpresa do redemoinho foi tanta que nem deu tempo de
muito remoer. Aconteceu como a demolição do primeiro cemitério da cidade, pela
noite e na base do cacete, às escondidas para que não houvesse nenhuma
polêmica. Pelo menos o espetáculo dos casarões foi às claras com a populaça
boquiaberta e tonta.
Os
dois casarões haviam sido construídos nos tempos de vila no centro do amplo
quadro comercial. A impressão que se tem é que todos os quadrantes do comércio
já estavam preenchidos com prédios de negócios e residências, tendo ficado o
enorme vazio no meio. Foi, então, que alguém muito poderoso conseguiu o espaço
público para a construção dos dois enormes casarões repartidos para fins
comerciais. O “prédio do meio da rua” abrigava farmácia, armazém de secos e
molhados, lojas de tecidos, barbearia e outros ramos substituídos pelo tempo. O
prefeito demolidor morava no único primeiro andar do prédio, um pequeno cômodo
de esquina. O “sobrado do meio da rua” era muito mais elegante com cerca de
três casas comerciais no térreo e um primeiro andar em salão único que ocupava
toda a estrutura. Ali funcionaram os primeiros cinemas, teatros e o Tribunal do
Júri, entre outras coisas.
Muito
se poderia ainda dizer sobre os dois casarões, mas deixamos a cargo do “O Boi,
a Bota e a Batina; História Completa de Santana do Ipanema”, inclusive, com o
mapa de todas as casas comerciais de Santana, títulos de fachadas e
proprietários: relíquia única para o santanense. Acompanhei a demolição e tenho
detalhes no papel. Com a demolição do “prédio do meio da rua”, se foi o meu
primeiro barbeiro, Nésio e sua máquina manual torturante.
Quem
irá financiar O BOI, A BOTA E BATINA? O maior documentário jamais produzido no
interior.
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