AÇUDE
DO BODE
Clerisvaldo
B. Chagas, 11 de novembro de 2020
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 1.416
O nome pode não parecer
romântico, mas romântico e doce é a beleza do açude do Bode. No início dos anos
50, muito, muito antes da água encanada em Santana do Ipanema, o governo
federal fez construir, através do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas
– DNOCS, um açude aproveitando a vertente do pequeno riacho Bode. O riacho do
Bode nasce nas imediações da serra da Camonga e escorre pela periferia da
cidade, tendo sua foz no final do subúrbio Bebedouro. É um afluente do rio
Ipanema. O açude seria para abastecer a cidade, mas sempre foi mal explorado ou
nunca explorado para tal fim. É um ponto turístico por excelência, porém jamais
utilizado nesse segmento.
O paredão do açude foi
muito bem feito e gramado no barro vermelho e jamais apresentou qualquer
problema de barragem. Atualmente crescem arbustos e até arvoretas em ambas as
faces, mas um passeio por cima do paredão é coisa que encanta poetas,
pesquisadores e apreciadores da natureza. Imagine uma lua cheia refletindo nas
águas do açude ao som de violão e voz afinada flutuando em torno.
Arapiraca tinha um lago
do riacho Perucaba, praticamente inútil. A visão de um administrador
revitalizou o lago, urbanizou o seu entorno e o transformou em um dos belos
lugares da Alagoas. Lugar de multieventos e caminhadas. Pois assim, o Açude do
Bode, nome robusto de sertão nordestino também poderia fazer o mesmo nesse
lugar tão esquecido como antes era o lago do Perucaba.
O problema é a falta de
visão de sucessivos administradores do município que não ousam sair do
feijão-com-arroz. Construir o Parque do Bode seria um passo importante para
inúmeros setores de lazer, muito mais que o simples pedalinho nas águas do
açude. Uma atração turística a altura do nome da nossa cidade. Enquanto isso as águas serenas represadas,
vão sentindo a expansão do casario do Bairro Lagoa do Junco chegando perto,
ameaçando uma poluição supimpa e enxurradas de esgotos ali para dentro. Uma
ameaça séria que pode ser evitada agora antes de tornar-se realidade. Novamente
a visão geográfica enxerga à frente dos gestores e manda recados.
O que será no futuro o AÇUDE
DO BODE?
Só Deus sabe.
Na crônica: Visitando o
Bairro Novo, fiquei devendo uma foto da paisagem que dali se vê: AÇUDE DO BODE
(FOTO: ÂNGELO RODRIGUES).
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