A
LÍNGUA DA VACA
Clerisvaldo
B. Chagas, 12 de novembro de 2020
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.417
O
nordestino é muito criativo e também gosta bastante de humor. Basta citarmos
mestres como Anísio Silva, Didi, Batoré e muitos outros mais. O sertanejo dessa
Grande Região do Brasil tem uma queda e tanta para contar casos e “causos” durante
horas seguidas, achando uma boa plateia de interessados. Os longos casos falam
sobre cangaceiros, intrigas, amor, assombração, caçada, pescaria, tempos
passados... Entrando na verdade, saindo na mentira, isto é, “entrando por uma
perna de pato, saindo por uma perna de pinto, Seu Rei mandou dizer que contasse
cinco”. Tivemos famosos com o Lulu Félix, o Querubino e vários outros versados
na arte de distrair os caros espectadores. Vamos lembrar uma loa:
Alguém
deu com a mão e o automóvel parou à margem da pista. Um matuto de chapéu de
palha, cumprimentou o motorista e pediu uma carona. O condutor, vendo que o
matuto conduzia uma vaca pela corda, indagou: “Como é que senhor quer uma
carona? Não posso colocar essa vaca dentro do meu carro”. Respondeu o matuto:
“Não se preocupe, meu patrão, a vaca vai amarrada aí atrás no para-choque”. O
motorista arregalou os olhos e disse: “o senhor é doido, basta uma arrancada
minha para matar o animal. O roceiro voltou à carga: “Qualquer prejuízo eu me
responsabilizo, vamos fazer a experiência”. O condutor, então, maliciosamente,
mandou amarrar a vaca no para-choque traseiro, riu por dentro e pensou em
sentir o mórbido prazer em matar a vaquinha do homem do campo.
Colocou
a velocidade mínima, a vaca acompanhou. Foi aumentando gradativamente a
velocidade e a vaca acompanhando. Sentindo-se incomodado, o motorista resolveu
logo puxar o que o carro continha como velocidade máxima. O roceiro pitava
calmamente e sua tranquilidade irritava o condutor. Quando o automóvel chegou à
maior velocidade, mais uma vez o motorista lançou o olhar ao retrovisor,
alegrou-se e disse: “Sua vaquinha enfim vai entregar os pontos, meu amigo, já
colocou a língua de fora”. Então, o roceiro indagou com a mesma paciência de
início: “A língua está para a esquerda ou para à direita?”. “Para a esquerda”,
respondeu o motorista. O matuto afirmou com segurança: “Pois o senhor vá todo
para a direita porque a MINHA VACA QUEBROU A CORDA E ESTAR PEDINDO PASSAGEM. (FOTO.
Istockfhoto.com).
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