CHUVAS DE OUTUBRO
Clerisvaldo B. Chagas, 2 de novembro de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.410
Entramos
no início da safra do caju e da manga que se estica até, aproximadamente,
fevereiro. Com o litro de castanha vendido a 50,00 reais, as recomendações
médicas ao produto viram coisa de rico.
Mês
de outubro sempre foi o mês mais seco em nosso sertão alagoano, porém, no dia
27 último, aconteceu muita chuva no Sertão e Alto Sertão do nosso estado.
Alegria e riqueza para o sertanejo que, logo no dia seguinte já estava com as
ferramentas da roça para o planto de milho, fava, feijão-de-corda, melancia, abóbora
e outros cultivares. A chuvarada veio beneficiar a safra da manga e do caju.
Além disso, a chuva que veio acompanhada em alguns lugares, com raios e
trovões, mostra a antecipação das trovoadas que beneficiam o semiárido com água
no prolongamento da primavera/verão. Ajuda ao sertanejo a chegar ao próximo
inverno com água nos barreiros e nas barragens, engordando o gado, melhorando a
pastagem, duplicando a produção leiteira.
Com
certeza teremos o nosso prato típico de volta com força: galinha de capoeira
com feijão-de-corda e manteiga de garrafa.
Quando
chove assim, de início sobressaem no comércio as casas de material agrícola,
mas as outras se retraem com a diminuição da família rural na cidade durante à
semana e em feira-livre. A família não pode perder tempo na cidade em troca da
lida no campo. Porém, após a safra dos seus produtos, novamente o
agropecuarista retorna ao comércio trazendo os familiares. Circula o real em
todas as bibocas e as palestras puxam as bocas de orelha a orelha.
Deus
pinta uma Natureza dinâmica desde os primeiros pingos de chuva. O boi, alegre
cava o chão, o peixe dá lapadas no açude, O quero-quero faz festa pelas manhãs,
o carão rodeia a lagoa e os sapos orquestram nos banhados. O chefe da casa
corrige a biqueira, a velha da fazenda acende o cachimbo de coco catolé e o
azulado da fumaça faz corrupio no oitão.
Quando
as abelhas rasgam o espaço em busca das floradas, o escritor se irmana ao
sertanejo e diz: “O paraíso voltou”.
CHUVA
NO SERTÃO (FOTO: B. CHAGAS)
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