ÁGUAS NO RIO IPANEMA
Clerisvaldo B. Chagas, 5/6 de outubro de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.413
A
surpresa do ano em Santana do Ipanema e em todo sertão de Alagoas, foram as
chuvas caídas ultimamente, pegando o fim de outubro e início de novembro.
Outubro sempre foi o mês mais seco do ano e novembro o mês dos ventos. E dos
meados de novembro em diante, tempo sujeito às trovoadas que chegam com
relâmpagos e trovões. Choveu por esses dias no sertão inteiro, armazenando água
nos açudes e barreiros para ajudar nesse período tradicional de estiagem. Mas,
para espanto dos santanenses, que nunca viram cheia no rio Ipanema no mês de
novembro, chegaram águas mansas tomando conta das suas areias grossas. Muitos
correram para às margens do rio procurando os melhores ângulos para fotografias
do incrível.
Diz
um ditado santanense: “Panema botou cheia, leva um”. Deus queira, entretanto,
que não seja dessa vez. Apesar das águas mansas das últimas chuvas de
Pernambuco e Alagoas, não se pode facilitar com as águas do rio Ipanema. Um
segundo ditado afirma que “Quando Ipanema bota cheia, o inverno é bom”. Esse
mês de novembro apenas confirma a sabedoria santanense. O espetáculo das águas
chegando a Santana, forma uma corrida de curiosos procurando o melhor ângulo
para fotografar o fenômeno, mas resolvemos mostrar uma foto que sai da rotina
dos fotógrafos. As águas passando na região das olarias, muito abaixo da ponte
do Comércio onde se concentra o povo. Águas cuja mansidão, embelezam as margens
do rio já bastante habitadas.
Geralmente
também outras ribeiras do Sertão causam a mesma alegria em seus respectivos
municípios, com as águas chegando nos rios temporários. Rio Canapi, Capiá,
Traipu, Dois Riachos, este, afluente do Ipanema e que corta a cidade que leva o
seu nome. Falamos apenas nos que se abastecem com as águas vindas de Pernambuco
e o do nosso estado. Mas, as trovoadas antecipadas só com as chuvas sertanejas
também podem dar vida às ribeiras como o Farias, Desumano, Jacaré e Riacho
Grande. Além do espetáculo, proporcionam água para os rebanhos ovino, caprino,
equino, bovino, asinino e muares, companheiros inseparáveis dos guerreiros do
semiárido.
Rios
sertanejos! Veias de vida implantadas por Deus no corpo do sertão nordestino.
Graças, graças... Graças.
RIO
IPANEMA E A CHEGADA DAS ÁGUAS (FOTO:JEANE CHAGAS).
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