NO
JÚRI TAMBÉM TEM
Clerisvaldo
B. Chagas, 9 de março de 2021
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica:
2.484
Fomos assistir o debate
entre advogado e promotor no “sobrado do meio da rua, em Santana do Ipanema.
Uma atração para cidade do interior, na época. Dr. Fernando, promotor, fora
sempre uma atração à parte, que peitava bonito o advogado Dr. Aderval Tenório. Mas
dessa vez o julgamento tinha o Dr. João Yoyô como advogado. Homem de fala mansa
e moderada. O sobrado até que tinha muito espaço, porém a multidão ficou
restrita a entrada do salão, logo após a escadaria de madeira, do primeiro
andar. O promotor acusava um cidadão de
ter aplicado uma surra em outro que falecera 15 dias após. O advogado João,
dizia que a morte do homem nada tinha a ver com a surra, até porque não houvera
pisa nenhuma. “O acusado apenas batera levemente na vítima com um simples
cipózinho de catingueira”. Foi aí que o funcionário do Banco do Brasil, João
Farias, fumando muito como era seu vício e que assistia conosco o debate, disse
baixinho para nós: “Já viu catingueira ´dá cipó, seu fio da peste!
Risos na porta do
Fórum.
Já o advogado Aderval
Tenório com seu vozeirão e sabedoria, costumava driblar a plateia bebendo
guaraná batizada, istó é, debatia
bebendo uísque numa garrafa de guaraná e até o juiz seguia sem
interferência.
Noutro debate – dessa
vez o fórum era no prédio da atual Câmara de Vereadores – o dr. Eraldo Bulhões duelava
com uma advogada. No meio da discussão, a advogada disse uma frase troncha
referindo-se a uma briga entre o réu e a vítima: “Aí ele agarrou-la (rola)
pelos cabelos...” Os presentes ficaram arrepiados com a frase da doutora que
prosseguiu atropelando o Português. Eraldo Bulhões, que sempre foi bom e
irônico orador, defendeu sua tese com galhardia. Quando encerrou suas palavras,
voltou-se para nós, na multidão que acompanhava o duelo, passou pertinho e
falou baixo onde só havia homens:
“A doutora Fulana pensa que Direito é buc...”
Os homens riram, o juiz
não ouviu e o preso foi solto.
Por questão de ética
omitimos o nome da advogada, mas nos bastidores do Júri também tem.
ANTIGO SOBRADO DO MEIO
DA RUA, VISTO DA RUA BARÃO DO RIO BRANCO. (LIVRO 230/B. CHAGAS/DOMÍNIO PÚBLICO).
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