JUAZEIRO/AMOR
COM ESPINHO
Clerisvaldo B. Chagas, 10 de setembro de 2024
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 3.104
Sim, o juazeiro é mesmo a árvore símbolo do
Nordeste, mas existem várias outras representantes. Pode crescer entre 4 a 5
metros e é mais conhecida por causa da sua resistência às secas. Pode-se
escovar os dentes com a rapa do seu tronco e suas folhas são consideradas
medicinais. Os seus frutos são pequenos, amarelos e arredondados. O homem pode
comê-los em pouca quantidade. É adocicado e bastante apreciados pelos caprinos.
Dizem, porém que o vegetal é abortivo. O juazeiro está sempre verde e no verão
é convite para um bom cochilo na sua sombra. Aconselhamos, no caso, dá uma
varrida primeiro por causa de fezes de animais e de pequenas galhas que se
quebram e caem com o vento. Os galhos têm espinhos terríveis e não caem
individualmente, mas sempre em fileiras de quatro ou cinco.
O espinho do Juazeiro é comprido, marrom,
roliço, duro, pontiagudo e torneado. Penetra firme pelo calçado mole de
borracha e provoca uma dor terrível e grossa. O Juazeiro (Ziziphus joazeiro),
coopera com sua madeira para fabricação de móveis, barcos, artesanatos, peças
finas e muitas outras utilidades. Nunca vimos, porém, alguém derrubando
Juazeiro no Sertão onde todos procuram preservá-lo. Entre os poucos pássaros
que procuram nele um bom abrigo, está a rolinha que, em casal, gosta de cantar
bastante entre a sua folhagem. Terreno varrido, uma boa esteira, deve ser
delícia gozar esse cochilo na sombra em pleno verão. O Juazeiro gosta de gemer,
atritando seus galhos com o vento, o que bota para correr qualquer desavisado.
Em nosso romance DEUSES DE MANDACARU, existe
uma cena em que um personagem fugitivo, depara-se com os gemidos de um
juazeiro, ao descer da serra do Gugi altas horas da noite. Pois, o Ziziphus é assim mesmo, cheio de
surpresas nos exemplos da sua resistência no mundo rural nordestino. Luiz
Gonzaga foi muito feliz quando cantou e imortalizou o Juazeiro, inspirador do
nome da cidade do padre Cícero no Ceará e da pujante urbe da Bahia. Porém, bonito mesmo é você que não o conhece
e o arrodeia ao vivo, curioso e com seu caderninho de anotações. E por falar
nisso, a região da Bacia Leiteira Alagoana é pródiga na espécie, cuja figura se
acha semeada pelas terras férteis e onduladas de um Sertão rico e agrestado.
Em Santana do Ipanema existe o poço do Juá, na
parte mais larga do trecho urbano do rio Ipanema.
JUÁ E JUAZEIRO.
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