quarta-feira, 30 de julho de 2025

 

VLT

Clerisvaldo B. Chagas 31 de agosto de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.280



 

Muito bem pensado, o VLT em Arapiraca, cidade que mais cresce. Tem que haver várias opções de mobilidade urbana para uma grande população. Em Santana do Ipanema, o deslocamento coletivo é a pé ou em moto que na cidade tem mais do que gente. Os tradicionais taxistas, sumiram, ônibus não existe e Van, do mesmo jeito. Para quem trabalha no Comércio, tem que voltar para casa para almoçar e voltar de novo, é sofrer com a distância, bairros distantes e ladeirosos para caminhar feito maratonista ou gastar os sofridos reais em garupas de motos. Não existe incentivo de ninguém pela implantação de um sistema coletivo de transporte de qualidade. Moto, moto, somente moto a 8.00 cada viagem. O bolso dos menos favorecidos já não aguenta e ninguém tem esperança de surgir por essas bandas pelo menos o mínimo do coletivo urbano que não seja moto.

Não, ninguém estar pedindo VLT, Santana não comporta. Santana sem sorte desde o projeto do trem que chegaria a Palmeira dos Índios em 1934 e que deveria continuar até Santana do Ipanema, foi desviado pelos espertos e o trem, ao invés de seguir rumo ao Sertão, deu um cavalo-de-pau e rumou para Arapiraca e Porto Real de Colégio. Sem mais ônibus para a capital, bem que um VLT ficaria muito bem Santana – Maceió. Mas quem vai defender essa causa? Duvido muito que apareça alguém. Está mesmo faltando lideranças políticas para o Sertão. Prefeitos, deputados estaduais, vereadores e arrojadas lideranças comunitária, que vão ficando cada vez mais raras e cuidando apenas do próprio umbigo. Que faremos nós, pobres mortais?

Já vimos que para a mobilidade urbana é sem futuro. Mas como no Brasil novamente estar surgindo a moda dos trens, pode até ser que num futuro muito distante, um sujeito qualquer pegue essa ideia para implantar uma via-férrea Sertão – capital, em Alagoas. E nem precisaria ser o trem bala! Por enquanto, o único trem do Sertão, após o único que existia, Jatobá – Piranhas, é a lembrança do escritor Oscar Silva, quando falava de um doido que havia em Santana do Ipanema, chamado “Caipira”. Um doido que tinha um pulmão forte e que ganhava alguns trocados para imitar o apito da maria-fumaça: “Caipira, eu lhe tantos mil reis para você imitar o trem”. E Caipira, segundo o escritor, batia asas como um galo, enchia o peito de ar e apitava igualzinho ao trem. É o que de tudo restou.

O amigo sabe imitar o trem?

VLT


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segunda-feira, 28 de julho de 2025

 

CORREIOS

Clerisvaldo B. Chagas, 29 de julho de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.279



 

Os Correios nunca foram tão relevantes quanto agora, mas nunca deixaram a sua importância estratégica esmorecer. Em Santana do Ipanema, Sertão alagoano, está em atividade desde o século XIX. O tempo do “correio a cavalo”, com alicerce bem-feito para os avanços de hoje. Vem dos tempos de Santana/vila. Adquiriu um terreno para construção de sede própria na gestão municipal do senhor Firmino Falcão Filho e foi inaugurado em 1947, com arquitetura padrão como atualmente permanece. Quem conheceu os Correios antigos? Quase sempre composto de funcionários de meia idade dos temos da carta escrita à mão e do telegrama da mesma maneira. Correios que possuíam rádio amador e se comunicava com outras cidades através do Código Morse, também.

O salão de atendimento sempre foi o suficiente.  Postar uma carta tinha preço fixo, enviar telegrama se pagava pelo tanto de palavras a Havia no balcão para colar o envelope da carta, um recipiente de vidro grosso com cola arábica derretida e um pincel.  O salão de atendimento estava quase sempre com o mínimo de pessoas ou vazios, muito diferente de hoje com filas e muita morosidade. A pessoa encarregada de comandar a repartição, caso fosse de fora, hospedava-se no primeiro andar do edifício, com a família, lugar que nunca tive oportunidade de conhecer.  Os Correios, em Santana do Ipanema, sempre foi uma repartição pública federal respeitada. Não me lembro de nenhum tipo de referência desabonadora.  Quando das nossas andanças por outras cidades, ficávamos impressionados com a arquitetura/padrão dos Correios, inclusive na capital, Rua do Sol.

Lembro ainda de um pluviômetro que havia no quintal da repartição e que todos os dias recolhia os dados e enviava para algum lugar, se não me engano, para o IBGE, sobre a quantidade diária de chuvas. Estacionamento não havia, assim como outras repartições, continuou e continua sendo na rua. Quando mataram Lampião, Maria Bonita e mais nove cangaceiros, em Sergipe, a primeira notícia chegada a Santana do Ipanema, para a sede do Batalhão de Polícia, foi através de Código Morse e telegrama. Continuam os Correios do Brasil prestando inestimáveis serviços de qualidade ao povo brasileiro. Motivo de orgulho nacional.

CORREIOS (ARQUIVO DO AUTOR/ LIVRO 230).


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domingo, 27 de julho de 2025

 

                                        O POVO DE DEUS

Clerisvaldo B. Chagas, 28 de julho de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.278

 



No Bairro São Pedro, tem a Rua São Paulo; na margem direita do rio Ipanema, tem a rua e Bairro Santa Quitéria e Santo Antônio; na Região Oeste tem o Bairro São José; no Bairro Camoxinga tem a Rua Santa Sofia, numa demonstração de muita religiosidade da população santanense. Já no livro O BOI, A BOTA, E A BATINA, HISTÓRIA COMPLETA DE SANTANA DO IPANEMA, estar registrada uma pesquisa feita em todos os bairros da cidade, na minha época como professor de Geografia e feita por alunos que responde entre dez opções o que o santanense mais gosta. Estar incluído Carnaval, Natal e mais. O vencedor foi MISSA, a coisa que o santanense mais gostava. Hoje ainda parece ser a mesma coisa. Uma opinião em   pleno festejo da PADROEIRA, SENHORA SANTA ANA.

Baseado no que foi apresentado, novamente vem a indagação insistente e sem resposta: “Quem colocou a estátua do Cristo no serrote do Gonçalinho? Ninguém sabe. Desde criança que ouço o nome original de serrote do Gonçalinho, ser chamado de serrote do Cristo.  Tentando desvendar quem ali o colocou, já fizeram comparações entre o Cristo do serrote e o Cristo que existe em um túmulo no cemitério local Santa Sofia. Túmulo da família Rocha. Daí se dizer que poderia ter sido o Cristo colocado no serrote, pelo ex-intendente de 1930, Frederico Rocha. Mas vem outra pergunta: “Como, se Frederico não era católico? É certo que ambas as estátuas são parecidas com a diferença que a do Cemitério é tão branca e brilhante que parece de metal.  Já foi crítica do escritor Oscar Silva em visita ao cemitério, quando falou que um braço parecia ser mais curto do que o outro.

Quando no serrote, foram colocadas atenas de telefonia, surgiu o terceiro nome do monte: “Serrote ou serra da Micro-ondas”. Nunca procuramos saber qual é o material componente de ambas as estátuas. Na gestão Nenoí Pinto, a estátua do Cristo foi iluminada e passou a ser um belo ponto noturno visto de longe, malgrado o rude acabamento da figura. O que é certo mesmo, é que do topo do serrote se avista uma bela paisagem, principalmente da região leste de Santana. Atualmente existe um bairro que se formou rapidamente no pé-da-serra, com extrema pobreza, chamado Santo Antônio. Agora nos parece que evoluiu muito e se acha bem moderno. Mas o bairro está às costas do Cristo.

PROCISSÃO DOS CARREIROS NA ABERTURA DA FESTA DE SENHORA SANTANA. (FOTO: ÂNGELO RODRIGUES/ARQUIVO DO AUTOR).

 


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quinta-feira, 24 de julho de 2025

 

BAIRROS

Clerisvaldo B. Chagas, 25  de julho de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.277

 



Entre o Norte e o Leste, fica o Nordeste; entre o Leste e o Sul, fica o Sudeste; entre o Sul e o Oeste, fica o Sudoeste e entre o Norte e o Oeste, fica o Noroeste, certo? Isso é o que diz os Pontos Cardeais e Colaterais da Rosa-dos-Ventos. E se a Rosa-dos-Ventos fosse aplicada para administrar Santana do Ipanema, ficaria melhor para identificar os problemas de cada região urbana e resolvê-los mais rapidamente, não acha. Assim poderíamos dividir a cidade em Centro, Norte, Sul, Leste e Oeste. Tendo como Centro da cidade o Comércio central, ficaria assim: Região Norte – Bairros: Monumento e Lajeiro Grande; Região Sul – Bairros: Santo Antônio, Isnaldo Bulhões, Santa Quitéria e Domingos Acácio; Região Leste – Bairros: São Pedro, Maniçoba/Bebedouro, São Vicente e Lagoa do Junco; Região Oeste- Bairros: Camoxinga, São José, Barragem e Clima Bom.

Haveria, então, um plano administrativo em cada uma dessas regiões, baseadas em suas necessidades. Levaria em conta também, um planejamento futuro e imediato baseado na expansão de todas as regiões urbanas, que no momento, caminham para novos bairros que serão em breve desmembrados. Nos quatro cantos da cidade, é forte a expansão. O que chega primeiro em uma expansão do casario, ruas, becos e avenidas, é sempre o pequeno comércio e a prestação de serviços: posto de gasolina, farmácia, mercadinho, bares, salões, pontos de gás, escolas e creches. Consolidado o pequeno comércio, vão chegando os tubarões, comprando terrenos e edifícios baratos e, muitas vezes nem engolem o pequeno, mas com ele concorre em diversas faixas.

Entretanto, em nossa beleza e organização urbana, deveríamos ter placas verticais gigantes indicando os nomes dos bairros, em suas saídas e entradas, como encontramos nas capitais. Isso facilitaria muito a mobilização urbana, principalmente para milhares de pessoas que diariamente chegam do Sertão, do Alto Sertão, do Sertão do São Francisco em procura dos diversos serviços de Santana, inclusive os turistas. Falar em serviços de bairros, coincide com a minha procura pelo pensamento, em que restaurante iremos comemorar um fato que estar para acontecer, mas com o sentido num bom restaurante de bairro, quanto mais distante do Centro, melhor. Quanto é importante os serviços nas periferias!

PARCIAL DO BAIRRO CAMOXINGA (IMAGEM: B. CHAGAS/ARQUIVO).

 

 

 

 

 

 

 

 


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quarta-feira, 23 de julho de 2025

 

PROCURANDO

Clerisvaldo B. Chagas, 24 de julho de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.276



 

Nessas alturas, a Festa de Senhora Santana, a nossa Padroeira, vai chegando perto do seu final. Estar cumprindo mais uma edição de compromisso de fé com esta renovada geração de nativos deste abençoado torrão sertanejo. E todos se alegram com a possibilidade da Matriz ser elevada a SANTUÁRIO, conforme o dirigente da Paróquia e site local. Isso significa atestar e assegurar sempre fluxos de peregrinos às suas dependências. Mas, enquanto isso vou escutando o espocar de foguetes, de longe e, passando à vista no livro documentário: “SANTANA, REINO DO COURO E DA SOLA. Com ele vem junto a imagem do senhor Daniel, sua idade, sua memória excelente, sua boa vontade em ajudar o pesquisador a resgatar o auge da indústria calçadeira e o progresso do século passado.

Assim, enquanto acontece a festa e o “clima” de festa da Padroeira, mil histórias periféricas ao evento, estão prontas para serem descobertas, apreciadas e colhidas pelos comprometidos com as letras. Procurar, encontrar, valorizar e vestir a rigor os episódios pendentes da história sertaneja, é salutar, nobre e coruscante ao “garimpeiro”. E agora, nesse período de inverno do mês de julho, o tempo diferente inspira apanhados diferentes, nas casas, nos campos, nos regatos, nas montanhas e mesmo no aconchego dos lençóis. A criatividade, a inspiração, o toque santo, chegam a qualquer momento em qualquer lugar. A noite enluarada e bela não é mais interessante do que o deserto feio e escaldante.  As rochas mais moles e mais duras, contam a história física do planeta Terra.

Nesse ínterim revejo uma das fotos tiradas pelo jornalista José Malta, convidado por mim para irmos juntos à casa do senhor Daniel.  Revejo sua atenção em ouvir trechos do livro ditados pelo seu testemunho e lembro da felicidade da sua família e de nós pela concretização das suas palavras no papel, para Santana do Ipanema e para o mundo. Ah!... Nem sei se o nosso jornalista percebeu que a

A rua onde estávamos, Dilermando Brandão e o todo do Bairro São José estão repletos de histórias da expansão oeste do Bairro Camoxinga. Ou seja, “Não falta chinelo velho para pé doente”, segundo esse ditado sertanejo. O que você pode traduzir como: “Não falta lugar para ser pesquisado, o que pode faltar é o interesse do acomodado em procurar.

ELABORE 10 LINHAS COM ESTA FOTO.  A FONTE DE PESQUISA “OS MAIS VELHOS”. (IMAGEM: JOSÉ MALTA).

 


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terça-feira, 22 de julho de 2025

BALEIA EM SANTANA

Clerisvaldo B. Chagas, 23 de julho de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.275

 



Santana do Ipanema, da situação de vila até o ano em que foi elevada à cidade, 1921, era iluminada a lampião em postes de ferro. Coisa sofisticada, gente, que somente as vilas e cidades adiantadas possuíam. Mas, qual o combustível usado na posteação? Segundo meu saudoso professor de Geografia, Alberto Nepomuceno Agra, os lampiões dos postes eram abastecidos com óleo de baleia. Podemos acreditar nisso até porque não havia proibição em matar os cetáceos e o óleo de mamona que havia na região se resumia a carro de boi e talvez a candeeiro. Não haveria suficiente óleo para abastecer uma vila, uma cidade. Contemple a foto e note a elegância dos homens e postes de iluminação em pleno Comércio de Santana, em 1920.  Vá entendendo.

Podemos afirmar que existe em nosso município, a 12 quilômetros de distância, um recente povoado denominado Óleo. E sua denominação vem justamente do tempo em que ainda não era povoado e ali se fabricava óleo e tijolo. O óleo de mamona também chamado azeite, era muito utilizado no auge dos carros de boi, para azeitar o eixo do veículo, evitar atrito de incêndio e fazer o carro cantador ao transitar carregado (orgulho do carreiro). O óleo também era utilizado para iluminação, a exemplo do óleo de baleia. Cada carreiro (condutor do carro de boi) ainda hoje somente viaja abastecido com azeite de mamona seu recipiente que é uma ponta de boi, tampada e pendurada em um dos fueiros do carro. É uma tradição muito mais do que bissecular.

1920, foto abaixo, ainda éramos a “TERRA DOS CARROS DE BOI”, cujo estacionamento maior, era no Poço do Juá com o rio Ipanema seco. Ali, em dia de feira, aguardavam a hora de carregar e descarregar mercadorias. O próprio carro de boi conduzia a alimentação dos bois que era a palma forrageira, pinicada com facões e servida em balaios de cipós. Deduzimos, então, como era precioso e valorizado o óleo ou azeite de mamona, também conhecido por óleo de carrapato (mamona) fruto da Carrapateira e chamado nas farmácias (como remédio para expelir lombrigas) de óleo de rícino. Ainda existe carros de boi, jumento e burro nas fazendas e que estão sendo substituídos por motos e outros veículos motorizados.

HOMENS ELEGANTES, DE BRANCO, ENCOSTADOS A POSTE DE ILUMINAÇÃO E NA ESQUINA DO “PREDIO DO MEIO DA RUA”. (FOTO: DOMÍNIO PÚBLICO/LIVRO 230)

 

 

 

 

 



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segunda-feira, 21 de julho de 2025

 

O POVO E A SANTA

Clerisvaldo B. Chagas, 22 de julho de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.274

 



Dia 17 último, tivemos o início da Festa de Senhora Santana, padroeira do nosso município. De alguns anos para cá, tem sido o início da festa com a “procissão dos carreiros”; os carreiros guiando seus carros de boi saem do Parque Izaías Vieira Rego, rumo ao centro de Santana do Ipanema. Eles chegam no dia anterior e acampam no parque distante da cidade em 3 km, pela AL-120. Pela manhã seguem em procissão para o centro da cidade, onde receberão a bênção dos carreiros no Largo Cônego Bulhões. É uma prática que virou tradição e contempla amplamente o homem do campo dedicado ainda a esse tipo de transporte que fez progredir o Brasil antigo. Portanto, além de ações de fé, existe na procissão um longo lastro da história brasileira.

Enquanto isso, Senhora Santana aguarda as conclusões das obras da serra Aguda que estão paralisadas. A nós, parece-nos que o grosso já foi feito e que de longe tem aspecto de antigas obras romanas ou gregas. Coisa de primeiro mundo! Porém, a imagem de Senhora Santana ali não foi ainda colocada, dizem por que faltou verba. Até que poderia ter sido inaugurada em sua Festa, agora. Mas, fazer o quê? Quem já esperou até agora, aguardará mais um pouco para nos orgulharmos de uma das maiores estátuas sacras do mundo. E não tem como não me lembrar de quando criança nas faldas da serra Aguda montado num jegue cargueiro com carga de palma forrageira, tangido, pelo empregado Cololô. Terreno de meu pai repleto de palma e agave. A mesma serra da estátua.

Não tem como turismo, romaria e anel rodoviário deixarem de acelerar a expansão do Bairro Paulo Ferreira (antigo Floresta).  Um novo bairro estar se formando entre o Hospital Dr. Clodolfo Rodrigues de Melo, a serra Aguda, a serra da Remetedeira e lá em baixo, a BR-316, ao lado da barragem. Em muito breve será consolidado e desmembrado. A região ficará, então, como aquelas imensas periferias de Caruaru, apenas com aspecto de relevos diferentes. É longe do Centro, é. Mas será moderno, agradável, com clima de altitude e muito bom de se viver. O pequeno comércio, mas intensivo, das imediações do hospital, irá se estender para cima, fortalecendo e sendo fortalecido pela nova estrutura de avenidas, ruas e outras novidades nessa nova Santana.

É a Geografia Urbana falando muito alto!

ESTRUTURA PARA A IMAGEM DE SENHORA SANTANA. (FOTO: DIVULGAÇÃo/PREFEITURA).


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domingo, 20 de julho de 2025

 

CARRO DO OVO´- MOTO DO LEITE

Clerisvaldo B. Chagas, 22 de julho de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.273 (3271)

 



Refletir, pensar, meditar no cotidiano. Ser simples como as flores do campo. Levando-se em consideração o trabalho, é sempre motivo de elogio no Sertão à mulher batalhadora e ao homem trabalhador. E assim vejo e ouço o carro do ovo passar todos os dias úteis em nossa rua oferecendo seu produto. Chovendo, fazendo sol, o seu condutor e vendedor está quase sempre às mesmas horas no batente do dia a dia. Sim, não sabemos de procedimentos outros, pois o não conhecemos, mas o fato de todos os dias está na labuta e dando viagens longas à Pernambuco para se abastecer e continuar renhidamente o mister, só pode ser motivo de admiração, de louvor ao homem trabalhador. Mas, outro exemplo poderemos apresentar com a moto do leite.

Aquele homem magrinho já de idade avançada, todos os dias, às oito horas, buzinando à sua porta, trazendo leite bom e fresco à sua refeição, sem nenhum esforço da sua parte em procurar leite por aí. Louvo sim, ao homem trabalhador que acorda nesse inverno às quatro da madrugada e, com chuva gelada às costas, frio de matar, lama no curral, se desdobra para a hora de sempre, complementar seu café.  É ou não é digno de elogios e louvor? Acabo de ler trecho do Evangelho Segundo o Espiritismo que termina na coincidência dos exemplos práticos acima. Produtos caros ou baratos, eles estão à sua porta todos os dias. Será que agradecemos a Deus a oferta de alimentos cotidianamente ou apenas olhamos o outro lado e achamos “chato” ambos os anúncios dos produtos?

Bem diz o filme: “Assim Caminha a Humanidade”. E a compreensão da vida, das coisas, dos momentos, da rotina, dos extraordinários, parecem fora da realidade de quem não busca. E uma luz suave, firme e perene não se afasta nunca daquele que entre tantas e tantas trilhas outras escolhe a do Mestre. Mas façamos por merecer a trilha, seus êxtases, seus amargos, sua água e seu pão, suas vitórias, seus gemidos, porque tudo tem selo de qualidade e valia. E você, que ainda é pedra bruta, não compreenderá, porém, busque o polimento e a pedra polida lhe dará a resposta. E se assim caminha a humanidade, quero caminhar com ela, mas quero seguros passos, caridade no sangue, amor no coração e a luz das montanhas para iluminar os passos seguros.

Meu Senhor e meu Deus, meu Senhor e meu Deus, meu Senhor e meu Deus...

REPRESENTAÇÃO DO CARRO DO OVO (IMAGEM: DIVULGAÇÃO).


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quinta-feira, 17 de julho de 2025

 

NOVO LANÇAMENTO

Clerisvaldo B. Chagas, 18 de julho de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.272



 

O “Bairro Lajeiro Grande”, em Santana do Ipanema, é um dos mais altos e maiores da cidade. Foi originário de um milagre do padre Cícero Romão Batista. Tendo alcançado o milagre, o devoto chamado Hilário, construiu em agradecimentos ao vigário do Juazeiro, uma igrejinha no topo de um lajeiro enorme, em suas terras. O desdobrar dessa história formou o hoje Bairro Lajeiro Grande e a igrejinha passou por algumas reformas. Uma imagem do padre Cícero chegou defronte à igrejinha, vinda do antigo serrote Pelado (Alto da Fé), colocada na gestão do prefeito Isnaldo Bulhões e, até hoje ali permanece. Será esse o cenário de lançamento do livro “PADRE CÍCERO – 100 MILAGRES NORDESTINOS, no dia 20 de novembro.

Por questões que nem vale à pena citar, resolvemos fazer o lançamento do livro no Lajeiro Grande e não mais na Pedra do Padre Cícero, em Dois Riachos. O livro será distribuído gratuitamente entre os devotos e romeiros que testemunharam seus milagres para o citado livro e que estão devidamente numerados, titulados e textualizados individualmente. Os romeiros e devotos registrados ou seus familiares, receberão um livro cada e serão convidados através de uma rádio da cidade e de boca a boca. Faremos todos os esforços para haver missa, homenagem, música típica e fogos. No primeiro momento não haverá distribuição de livros para devotos e romeiros outros que não sejam os dos testemunhos do livro. Entretanto todos poderão participar do evento.

Estamos tentando fazer uma programação de lançamento, simples, mas muito significativa. O livro que será lançado tem depoimentos de romeiros de Santana do Ipanema, Poço das Trincheiras, Ouro Branco, Cajazeiras e João Pessoa, Paraíba. Aliás, pessoas de Cajazeiras estarão presentes no dia do evento.   O livro já se encontra no prelo, istó é, na gráfica para impressão. E ainda este mês, os livros estarão prontos. Entre a solenidade simples que está sendo preparada, vai haver entre as homenagens, a entrega de título a um devoto ou devota com o reconhecimento dos seus esforços em prol do padre Cícero: MINISTRA (OU MINISTRO) DOS ROMEIROS.

Assim começamos o aviso a todos. prepare-se, então para comparecer no dia 20 de novembro ao Lajeiro Grande, para juntos homenagearmos o meu compadre e amiguinho padre Cícero.

LAJEIRO GRANDE

 


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quarta-feira, 16 de julho de 2025

 

ZÉ CHAGAS – UM HOMEM CRIATIVO

Clerisvaldo B. Chagas, 17 de julho de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.270

 



Já falei sobre esse assunto.

Para não cansar o leitor contarei apenas três passagens engraçadas do saudoso primo Zé Chagas, muito trabalhador e muito espirituoso santanense.

Primeira: Certa feita estávamos na loja de tecidos do meu pai, quando chegou uma cartomante bastante conhecida na cidade, chamada Maria Galega; indagou aos presentes se queriam saber o futuro. E olhando para o “primo véi”, disse, “vou deitar as cartas para você”. Ajeitou o baralho e disse de primeira: “Estou vendo ouro na sua vida”, o primo gaiato respondeu de pronto: “Só se for ourina, Maria”

Segunda: No sertão temos o pássaro anu-branco e anu-preto.  Aliás, não sendo fácil atirar de espingarda ou peteca (baladeira, estilingue, assim conhecida em outras regiões) e matar um anu que pula muito quando estar sendo alvo, foi criado o ditado sertanejo: “Quem tem pólvora pouca não atirar em anum”. Pois bem, Zé Chagas, ao passar pelo comércio em hora de não expediente, encontravam-se sentados no batente da loja, dois homens pretos bastante conhecidos: Filemon e Zé Preto.

Zé Chagas, do tirocínio aguçado, assim que os avistou, falou para seu acompanhante, apontando para os dois: “Pia! (espia) onde tem um casal de anum preto!

Terceira: Zé Chagas tinha uma casa de jogo à rua Tertuliano Nepomuceno, chamada “Bafo da Onça”. Defronte, do outro lado da rua, havia uma funerária. O dono da funerária, então, pediu a Zé Chagas que ficasse tomando conta do estabelecimento enquanto ele iria resolver um problema e logo retornaria. Zé Chagas aceitou a incumbência, mas pediu os preços dos caixões de defuntos, poderia chegar alguém querendo comprar. Ora, logo, logo, chegaram dois homens, pai e filho. Havia morrido uma senhora, mãe de um e esposa do outro. O viúvo olhou o mostruário, escolheu um caixão e indagou quanto custava aquele. Zé Chagas deu o preço. O cidadão perguntou se ele não daria um abatimento. Mas a gaiatice de Zé Chagas, não perdoava nem a morte! Disse para o homem: “Se o senhor levar dois caixões, eu faço menos”. Não levou uma sova de pai e filho por exclusiva sorte.

E assim, havia mais dois na cidade semelhantes no raciocínio rápido e piadas instantâneas; Expedito Sobreira e Costinha.

 


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JAPONA

Clerisvaldo B. Chagas, 16 de julho de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.269



 

Não tem para onde correr meu amigo, enquanto a juventude estar se divertindo na Festa da Juventude, o frio estar cortando em Santana do Ipanema. Estou no momento, armando esta crônica enrolado com uma camisa, um esquente e dois casacos além de um par de meias, para poder atravessar noites e dias do mês de julho. Isso faz lembrar os grandes invernos do Sertão e a Festa de Senhora Santana em plena frieza bruta. Cada qual se defendia do frio como podia, até que chegou a Santana do Ipanema um tipo de agasalho chamado “japona”. Bastava aquele casacão pesado que ia até as coxas para resolver o problema. Um ex-marinheiro dizia que aquilo era o casacão de frio usado pela marinha do Brasil.

Não é possível deixar de lembrar dessa década de 1960, dos grandes parques armados na cidade, das bandas musicais nas festas, de tantas e tantas diversões profanas, de frio exagerado e de inverno até o dia 15 de agosto, das lagartas que nesse mês atacavam a lavoura que morria de frio e das investidas daquelas pragas. Entretanto, ainda hoje, o povo chega aos pés dos palcos de cantoras e cantores famosos, com chuva ou sem chuva, com frio ou sem frio e os espetáculos prosseguem até as quatro da madrugada com o mundo caindo gelo. Incrível como o globo vive carente de diversão!  Mas no caso da “japona”, nunca mais apareceu por aqui esse tipo de agasalho. Há muito sumiu misteriosamente.

Mas se a “japona”, desapareceu, continua a fileira de festas contínua em Santana do Ipanema: São José, Juventude, Senhora Santana e São Cristóvão.  Cada uma melhor do que a outra, satisfazendo muito bem os que procuram a fé e os vários tipos de brincadeiras. E quem gosta dessa frieza que vai até os ossos, passa batom nos lábios, escova os cabelos ou calça jeans e camisa colorida e aprumam pela porta da frente. Pular, beber, namorar que o tempo urge. E de hoje para amanhã tem a procissão dos carreiros que abre a festa da padroeira. Pelo menos isso para preencher o vazio deixado pela Festa da Juventude.

Vai chegar junto?

MATRIZ DE SÃO CRISTÓVAO (FOTO; B,CHAGAS/LIVRO 230).


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segunda-feira, 14 de julho de 2025

 

O CARROSSEL DE SÃO JOSÉ

Clerisvaldo B. Chagas, 15 de julho de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.265



 

Sim, fiquei surpreso ao passar pela festa do santo no Bairro São José. Parque de Diversões armado, inclusive a roda gigante, não esperava encontrar ali o carrossel semelhante ao da minha infância, aquele dos cavalinhos. Pode até ter havido alguma diferença, mas a essência era a mesma. Por trás do “sobrado do meio da rua”, nos fundos das casas comerciais “A Triunfante”, do Senhor Manoel Constantino e da “Arquimedes, autopeças”, em todas as festas de Senhora Santana, era armado o Curre e a Onda, além de soltura de balões. Assim o carrossel era chamado: “Curre”. A “Onda”, mais rude, muito primitiva, era um redondo grande de tábuas presas com ferro e o conjunto ligado ao centro de um pedestal sustentado por vários raios de vergalhão.

Ambos os brinquedos se enchiam de gente e começavam a girar iluminados por candeeiros de flandres e animados por sanfoneiros e seus outros complementos. Muita gente da zona rural. Mas, não era fácil arranjar uma namorada matutinha. Em determinada hora da novena de Senhora Santana, algumas pessoas traziam um balão de papel sedoso, procuravam arrumá-lo sempre na esquina do “sobrado” do meio da rua”, bem na porta dos fundos da “Casa Triunfante”, bem pertinho da “onda” e do curre, E assim o balão subia bonito sobre a festa da padroeira. Chegava à novena também a banda de música do maestro Miguel Bulhões que entrava na festa tocando e assim penetrava na Matriz para acompanhar a novena com suas páginas musicais.

Os cavalinhos do curre eram de madeira, se não me engano, os da Festa de São José podem até ser de outro material. Mas como sabemos, no caso da roda-gigante, ainda continua no mundo de hoje, ficando cada vez mais alta e desafiadora em todos os lugares do   mundo, isto é, continua na moda. Eita, que até bairros e povoados ganharam o direito de festas com parques de diversões. Que bom! O povo dos sítios também chamava o carrossel além de “curre”, “estrivolim”. É isso, se não existir um nome, o povo inventa. E voltando ao Bairro São José, o santo mesmo podia não ter carrossel, curre ou “estrivolim”, mas a sua festa mesmo sim.

FUNDOS DO “SOBRADO DO MEIOS DA RUA”, ONDE SE ARMAVAM “CURRES”, ONDAS E FAZIAM VOAR BALÃO. (FOTO: DOMÍNIO PÚBLICO/LIVRO 230).

 


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domingo, 13 de julho de 2025

 

MARCELON

Clerisvaldo B. Chagas, 14 de julho de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.267



 

Interessante a questão levantada pelo primo escritor João Neto Chagas: “Como seu Marcelon conseguia fazer picolés e sorvetes sem energia municipal?” Bem, para quem não sabe, em Santana do Ipanema, no início da Rua Nova, salão comprido de esquina, sorveteria do senhor Marcelon; bem defronte a Pracinha Emílio de Maia. Deve ter sido um período da década de 50 e 60.  Como criança e adolescente, sempre pedia picolé, sorvete e salada de frutas, produtos fabricados naquele lugar. Não me recordo das feições do dono e nem possível nome do estabelecimento. Recordo as feições do segundo dono: José Ricardo Sobrinho. Mas digo ao primo velho, meu contemporâneo, juntamente com outro escritor, Luís Antônio, o Capiá, que havia um reservado e eu já havia entrado algumas vezes ali, onde sempre havia um barulhozinho, quase permanente de máquinas trabalhando; barulho esse semelhante à de motor de geladeira, de ar-condicionado, por aí assim, ouvido por nós até ao passar pela calçada da sorveteria no lugar mais próximo do reservado.

Ora, então é claro que o homem já possuía motor particular apropriado. É parecido com o caso Maneca. A geladeira do café/bar do Maneca era uma das poucas da cidade, mas já havia energia  na urbe e muitos elogios à qualidade da geladeira do homem que vendia o gostoso vinho marca “Raposa”. Sim João, o assunto talvez só interesse aos santanenses, mas não deixa de ser acontecimento do passado em todo o interior.

O filho de Marcelon, chamado Tonho Marcelon (Antônio Honorato) tinha um bar no térreo do Hotel Central de Maria Sabão. Era o “Point” da elite da época. Tonho era um dos maiores enxadristas de Santana e o maior chradista. Um esporte em voga: matar charadas. Se bem que o maior enxadrista mesmo de Santana fosse o Brás que morava na Rua Tertuliano Nepomuceno e trabalhava na “Sapataria Ideal” do Sr. Marinheiro Amaral. De qualquer maneira, temos um miolo da história santanense e as periferias que complementam a riqueza cultural da nossa gente. Ora, se formos descobrir outras coisas, o Gilson Saraiva (Gilson Alfaiate, era o melhor jogador de “Damas” da cidade, embora eu fosse muito bom. Por hoje é só. Fica aqui o convite aos escritores contemporâneos João Neto Chagas e o Capiá, para darmos um passeio pelo cenário real de hoje, inspirador no passado do meu recente romance AREIA GROSSA, ainda inédito. Beijos no coração

PRACINHA DA VIZINHANÇA DA SORVETERIA (FOTO:DOMÍNIO PÚBLICO, ARQUIVO B.CHAGAS/LIVRO 230) .


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quinta-feira, 10 de julho de 2025

 

SANTANA – ÁGUAS BELAS

Clerisvaldo B. Chagas, 11 de julho de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.266

 



Santana do Ipanema, possui três saídas-entradas oficiais, ao modo de falar. Uma rumo a Maceió (Leste); uma rumo ao alto Sertão (Oeste): e outra rumo Arapiraca. (Sul). As duas primeiras pela BR-316 e a terceira pela AL120. Ora, e uma saída-entrada pela parte Norte, tem? Tem sim, muita antiga estrada de terra que passa pelos sítios rurais: Barroso, Poço Salgado Sem Terras, Poço Salgado, Camoxinga Limpa, Camoxinga 2, Troca Tapa, Camoxinga dos Teodósio, Pinhãozeiro e Malembá. Vai em direção a Pernambuco, tendo Águas Belas, como sua primeira cidade e daí ao Recife, se continuar subindo. Essa estrada foi aberta em 1938, pelo prefeito de Santana, então, Pedro Gaia. É uma estrada “por dentro”, (atalho) como diz o povo, para distinguir de uma rodovia oficial em longo rodeio por Maravilha, Ouro Branco ou pelo trecho Entroncamento Carié. Por dentro economiza-se dezenas e dezenas de quilômetros.

Ora, os feirantes de Água Belas vêm para feira de Santana e vice-versa. Existe uma irmandade secular entre as duas cidades, mas por que não uma ligação asfáltica por dentro, para facilitar a vida de milhares de pessoas? Simplesmente por falta de acertos políticos entre dois prefeitos e dois governadores, só. Uma porta ligeira para Garanhuns, Caruaru e Recife. Bem que houve um falatório na gestão santanense do então, prefeito Mário Silva, mas nada de concreto aconteceu. Poderia até ser uma boa alternativa para os povoados da região serrana São Félix e Óleo, num puxar de braço do asfalto a partir da passagem pelo sítio Pinhãozeiro. Mas... Mas... Mas... Você mesmo tire as conclusões.

A cobertura asfáltica passaria nos pontos famosos que poderiam ser levados ao turismo. No município santanense, um acesso íngreme às serras do Poço e do Almeida, as nascentes do riacho Camoxinga, à furna da onça e às terras férteis da região serrana. Em território pernambucano, margearia as terras sagradas dos índios Fulni-ô ou Carnijós. A maioria das pessoas que viaja para Garanhuns, Caruaru, Recife, tem como trecho a serra das Pias, pela cidade de Palmeira dos Índios. Veja que absurdo. Falta, e como falta, a parte do quadrante Norte da nossa cidade para complementar a Rosa-dos-ventos. A priori, entrada e saída seriam pelo Bairro Lajeiro Grande que tem asfalto no prolongamento até o sítio Barroso.

“Ê... meu fio...” canta na seca o Acauã.

PREFEITURA DE SANTANA  REFORMADA EM 1938 E DEPOIS DE 1980 (FOTO: DOMÍNIO PÚBLICO/LIVRO 230)


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quarta-feira, 9 de julho de 2025

 

ALVÍSSARAS

Clerisvaldo B. Chagas, 10 de julho de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.265

 



Finalmente! Após séculos de sonhos e décadas de espera, começa a acontecer. A ponte imaginária sobre o rio São Francisco, entre Penedo (Alagoas) e Neópolis (Sergipe), no baixo São Francisco, começa a se materializar. Segundo divulgação, pilastras de cabeça da ponte, já estão erguidas e os trabalhos continuam sendo feito através de duas empresas. Sua extensão será de pouco mais de um 1 km, com uma largura de 21 metros. Em parte, isso se deve a influência do senador Renan Calheiros e a de seu filho Rennan Filho, hoje no Ministério dos Transportes. Vai terminando assim um longo período de angústia e descaso vivido pelo povo do Baixo São Francisco. Uma vitória das mais maiúsculas que existem, muito embora tardia.

O cenário no Baixo São Francisco é belo em todos os municípios e romântico com balsas e canoas, mas a construção de pontes é uma exigência do crescente progresso do mundo. Vale salientar que Penedo foi o primeiro núcleo habitacional de Alagoas, teve sua região invadida por holandeses e os expulsou da região com muita luta. Penedo é uma cidade histórica, limpa, atraente, cheia de casarões antigos e excelente fonte de pesquisas. Para nós santanenses, Penedo e suas regiões são como se fossem um outro mundo. O sertanejo fica abismado com inúmeras coisas que ele nunca tinha visto antes. É um mundo seco vendo um mundo molhado. Agora, lhe digo, cabra velho, é longe, é muito chão entre Santana do Ipanema e Penedo, seu avô.

Em Santana, ao ser feita uma ponte do Comércio para a margem direita de rio Ipanema, em 1969, o que era região desabitada, transformou-se rapidamente em cinco bairros e agora o nascedouro de mais dois.  Porém, ainda no trecho urbano do rio, ainda faltam duas pontes sobre o mesmo rio Ipanema: uma pela rua São Paulo, às antigas olarias, velha estrada de rodagem saída para as cidades circunvizinhas do Sul. Outra, pela Avenida Castelo Branco, Bairro Camoxinga, ao Bairro Paulo Ferreira, imediações do Hospital Regional Dr. Clodolfo Rodrigues de Melo. A espera talvez possa se igualar a mesma de Penedo. Para meus bisnetos ou tataranetos?

INÍCIO DE CABEÇA DE PONTE EM PENEDO (FOTO: AQUI ACONTECE).

 

 

 


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PORRÃO – PURRÃO

Clerisvaldo B. Chagas 9 de julho de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.263

 



Mas menino! Não é que encontrei no dicionário a palavra Porrão! É que estava vendo algumas panelas de barro e fui transportado para o meu tempo de criança e adolescente quando via os adultos comprando na feira, panelas de barro, potes, jarras e porrões. Brinquedos de barro, pratos, panelas, cuscuzeiras, potes, jarras e porrões, eram vendidos, mas será que um jovem ou uma jovem sabe o que significa “porrão” (porrão, sem safadeza) que se pronunciava “purrão”? Pois bem, o pote de barro era bojudo e baixinho para carregar e armazenar água. Esse todo mundo conhece. A jarra, era semelhante ao pote, porém, muito maior três ou quatro vezes. E “porrão”, com a pronúncia “pu”, era a mesma jarra, porém, maior e mais bojuda. Cabia mais água que para passar à semana fazia grande diferença. Tudo era abastecido com água do Ipanema ou do Panema.

Vejo o adulto comprando o porrão na feira, batendo com os nós dos dedos na parte bojuda, experimentando o objeto. Vejo o botador d’água despejando sua ancoreta no porrão com a boca de filtro improvisado, de pano. Ouço a rãzinha rapa-rapa cantar por trás do porrão e a matuta dizer: “Escute, vai chover”. Vejo o senhor Filemon, fazendo feijoadas em pratos de barro, contratado pela sociedade. E por fim, vejo a feira das panelas após o “Beco do Mercado” e sua mudança para outro ponto, muito mais acima, na feira. Revejo a visita que fiz com meus alunos às fabricantes de panelas, no povoado Alto do Tamanduá, em Poço das Trincheiras

Querem pesquisar o tema, este é o começo.

Não precisa registrar a EMOÇÃO.

Porrão (foto: Pinterest).


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segunda-feira, 7 de julho de 2025

 

ESCURO

Clerisvaldo B. Chagas, 8 de julho de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.263



 

Quando Santana do Ipanema passou à cidade, em 1921, um grupo de pessoas criou uma companhia de abastecimento de luz. No ano seguinte, 1922, a companhia começou a funcionar através de um grande motor alemão. A cidade era abastecida pela eletricidade motriz, a partir das seis horas até a meia-noite. Havia três piscadelas na energia quinze minutos antes de apagar. E o restante, era escuridão até o amanhecer. Postes de madeira pelas ruas, mostravam a dignidade de início da urbe. O motor de abastecimento começou abrigado em um prédio da Rua Barão do Rio Branco, quase na última esquina que dá para o rio Ipanema. Hoje é casa comercial. Depois foi construído um prédio exclusivo para a Companhia à Avenida Nossa Senhora de Fátima, hoje, Câmara de Vereadores, após reforma.

Havia três compartimentos. Um grande, do motor, um pequeno, de gerência, outro médio, dos tanques d’água que abasteciam o motor. No pequeno, pagávamos a conta da luz a um dos sócios, Valdemar Lins. Em 1959, o motor exauriu e nós santanenses passamos quatro anos no escuro. Sim, eu estava com treze anos lia à noite com candeeiro de flandres ou com placa de parede, também à querosene. Ferro de engomar na janela avivando as brasas de carvão, pela parte de trás; quartinha com água refrescando o conteúdo. Em noites enluaradas, histórias de Trancoso e assombrações, aprendizado dos nomes de estrelas e constelações. Em tempo mais frio, lençóis brancos e história de almas na calçada escura.

Por incrível que pareça, a cidade nunca deixou de progredir. Quando o cansaço bateu na paciência do povo foi iniciada uma campanha que tomou conta das ruas e repercutiu em Maceió, pela luz elétrica de Paulo Afonso. O governador sentiu o baque e com pouco tempo trouxe a energia que o povo reivindicava na Rádio Candeeiro, improvisada e clandestina no Tênis Clube e as procissões de lanternas, velas e candeeiros pelas avenidas escuras de Santana.  Com poucos anos depois também chegou água encanada do rio São Francisco e aposentou os mais de cem jumentos que botavam água nas residências trazidas das cacimbas do rio Ipanema seco. E essas duas lutas foram apenas o início de outras grandes. Depois eu conto.

Afinal, escuro só presta para ladrão e para... Aquilo.

MINHA RUA MADRUGADA (FOTO OBRA-DE-ARTE DE B. CHAGAS).


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domingo, 6 de julho de 2025

MACEIÓ

Clerisvaldo B. Chagas, 7 de julho de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.262

 



“Às vezes a gente enfrenta um elefante e se engasga com um mosquito”, é assim que diz mais um ditado sertanejo. Além de estudar por um bom tempo na capital, desde criança que a frequentava, isto é, desde os tempos do trem de ferro em Palmeira dos Índios. Estudei, pesquisei muito, solitariamente, como sempre, mas não consegui conhecer de perto dois lugares e rever mais um.  E não eram coisas do outro mundo não, mas quando o destino não quer, é porteira fechada. Alguns pontos famosos de época, bem consegui visitá-los como o “Gogó da Ema”, o “Farol da Jacutinga” que emitia feixes de luzes alternadas vermelhas e azuis, o “Bar das Ostras”, no seu ocaso. As três coisas ainda a serem citadas me faltaram, porém.

E vamos a elas: o Parque Municipal, que é uma boa parte da Floresta Tropical ou Mata Atlântica. A Bica da Pedra + a Estação do Catolé e uma segunda visita muito mais consistente ao Porto do Cais. Esses eram os pontos famosos de Maceió, que eu nunca consegui visitá-los. Ao cais fui somente com um colega de República de Estudantes, de carona na cabine de um caminhão transportando melaço de uma usina de Rio Largo. Pense! Tudo para mim era novidade. Fiquei impressionado com a região do cais, porém, nunca voltei ali para matar a minha curiosidade e anotar coisas. E sem conhecer o Catolé, suas águas e seus banhos, ponto alto da capital, parti para outros lugares. Do Parque, só tive conhecimento da sua existência, muito tarde e nem tive oportunidade de abraçá-lo. Hoje em Santana do Ipanema, ainda penso na frustração.

Mas, ainda baseado em mais um ditado sertanejo, “a gente só faz o que pode”, misturei-me às multidões e perambulei muito pelas ruas, avenidas, pontes, vielas, praias e lagoa sempre procurando meus alvos, meus objetivos. Muitas vezes, em busca de atenções da Medicina mesmo, aproveitava e transformava o possível estresse em novas pesquisas e assim ia ampliando os meus horizontes literários.   Lembro-me até como fiquei feliz em realizar uma pesquisa em plena Estação Ferroviária e o carinho como uma senhorita encarregada me recebeu. Tudo isso agradeço à vida. Continuo pesquisando e escrevendo até a hora do desembarque...

Assim seja!

PELAS RUAS DE MACEIÓ (FOTO: B. CHAGAS).

 

                                                                       

 

 


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