terça-feira, 20 de outubro de 2009

OS SAFADOS

OS SAFADOS

(Clerisvaldo B. Chagas. 21.10.2009)

Com o passar do tempo, muitos que fazem da política continuam apostando no leitor Mané. O analfabeto, o sem entendimento, o desmemoriado, o burro mesmo. Mas eles, os políticos, apostam que a nossa democracia já é bastante sólida e não há perigo algum de voltar aos tempos dos ditadores militares. Homens e mulheres que vieram de uma linhagem nova de lideranças, após os anos de chumbo, ganharam a confiança cega dos eleitores cansados de tantas imundícies. Hoje são esses mesmos, essas mesmas, que entram de peito aberto nos entendimentos das falcatruas, numa tentativa desesperada de não mais saírem do poder. É uma nova camarilha nojenta que desonra qualquer eleitor ou país sério do mundo. Tanto faz dizer que tudo começa de baixo para cima como de cima para baixo. Ficamos estarrecidos, decepcionados e incrédulos vendo o seriado da safadeza dos cupins dos poderes públicos. São os personagens municipais, estaduais e federais, que se fossem na Cuba de antigamente já estariam todos no El paredon. Não desejamos de forma alguma os tempos da farda de 64. Mas ficamos sem entender o silêncio das forças armadas, diante de tanta infâmia no cenário cafajeste da bandidagem do colarinho branco. Se formos citar os safados que perderam o nosso respeito, seria uma longa lista, que vai de candidato a prefeito, a governador, a presidente, a deputado e por aí afora. Quando não são as tramas escandalosas que atentam contra o cidadão tipo precatório, são manobras escabrosas e palavras de estábulos semelhantes a do eterno maloqueiro Maradona. Antigamente pelo menos havia ainda alguma camada de pau, hoje, mas nem isso; substituíram a camada pelo cara-de-pau. Até um metido a muito sério de Brasília desfila de cueca vermelha querendo ser rapazinho e engraçado. Vivemos no Brasil, no palco dos atores intocáveis, as comédias “bufonas”, as chanchadas de Zé Trindad, as porcarias das bocas de famosos apresentadores de televisão. Além das coisas boas, vivemos também no país do cocô, onde não se respeita mais ninguém.
Em 2010 não vai aparecer nenhuma novidade. São os mesmos. País, do município ao todo, os mesmo caras, as mesmas caras, os mesmos discursos, os mesmos truques, as mesmas pancadas. Ai do honesto e novato que for se meter no balaio de gatos! Não dá mais para aguentar esse território repleto de tantos canalhas que apontam com os dedos imundos para os drogados, os assaltantes comuns, os pedófilos ou os ladrões de galinhas. Entendemos porque muitos jornalistas de verdade e de vergonha, cansam e se calam, porque não encontram mais ecos em suas palavras vigorosas. E o império brasileiro vai virando império romano, na corrupção generalizada, no dinheiro, na boca porca, no roubo dos inocentes, nas cuecas podres de dólares e de sujeira, no mensalinho, no mensalão, no boizinho, no castelo, na empreiteira, na taturana... No avacalhamento. E o pau forte da gota serena, madeira de dá em doido, vai quebrando nas costas maleáveis do funcionário público, da pobreza brasileira. Vivemos a geração perversa dos homens do colarinho branco. A geração dos SAFADOS.

Link para essa postagem
http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2009/10/os-safados.html

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

TEMA EM MARTELO AGALOPADO

TEMA EM MARTELO AGALOPADO

(Clerisvaldo B. Chagas. 20.10.2009)


Um beijo escondido e matador

Faz o mole virar-se em Lampião


Quando o homem é maluco pela dona

Quando a dona é mais doida pelo tal

Sobe um fogo por dentro do canal

Rompe amor à paixão que tudo abona

O recato dos peitos é quem detona

Abre as asas no tiro campeão

Junta à língua o fator da gustação

Vibra o sangue escoiceia o domador

Um beijo escondido e matador

Faz o mole virar-se em Lampião


No silêncio do velho apartamento

O corpanzil revive a geringonça

Na floresta a gostosa vira onça

Nas carícias do homem mais sedento

Na soleira, na neve ou ao relento

Não há força que dome uma paixão

As correntes que prendem o coração

Jogam longe a ferrugem feia cor

Um beijo escondido e matador

Faz o mole virar-se em Lampião


No calor da saga nordestina

Os lábios são da cor de melancia

Se carnudos são fontes de poesia

Assassinos desenhos de uma sina

São armas infalíveis de menina

Molhadas das fontes do sertão

Se o poeta sofrer dessa paixão

Como eu que não fico sem amor

Um beijo escondido e matador

Faz o mole virar-se em Lampião


Os mais brancos lençóis em desalinhos

E um vulcão por dentro da ternura

Na voz embargada, uma tontura

Aromas de taças e de vinhos

Cerejas, batons, choros de pinhos

Violetas no jarro de latão

Suspiros de ais em gratidão

Muitas veias rotundas de calor

Um beijo escondido e matador

Faz o mole virar-se em Lampião


Link para essa postagem
http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2009/10/tema-em-martelo-agalopado-clerisvaldo-b.html