TEMA
(Clerisvaldo B. Chagas. 20.10.2009)
Um beijo escondido e matador
Faz o mole virar-se em Lampião
Quando o homem é maluco pela dona
Quando a dona é mais doida pelo tal
Sobe um fogo por dentro do canal
Rompe amor à paixão que tudo abona
O recato dos peitos é quem detona
Abre as asas no tiro campeão
Junta à língua o fator da gustação
Vibra o sangue escoiceia o domador
Um beijo escondido e matador
Faz o mole virar-se em Lampião
No silêncio do velho apartamento
O corpanzil revive a geringonça
Na floresta a gostosa vira onça
Nas carícias do homem mais sedento
Na soleira, na neve ou ao relento
Não há força que dome uma paixão
As correntes que prendem o coração
Jogam longe a ferrugem feia cor
Um beijo escondido e matador
Faz o mole virar-se em Lampião
No calor da saga nordestina
Os lábios são da cor de melancia
Se carnudos são fontes de poesia
Assassinos desenhos de uma sina
São armas infalíveis de menina
Molhadas das fontes do sertão
Se o poeta sofrer dessa paixão
Como eu que não fico sem amor
Um beijo escondido e matador
Faz o mole virar-se em Lampião
Os mais brancos lençóis em desalinhos
E um vulcão por dentro da ternura
Na voz embargada, uma tontura
Aromas de taças e de vinhos
Cerejas, batons, choros de pinhos
Violetas no jarro de latão
Suspiros de ais em gratidão
Muitas veias rotundas de calor
Um beijo escondido e matador
Faz o mole virar-se em Lampião
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