quarta-feira, 7 de abril de 2010

CANTANDO À BOLA

CANTANDO A BOLA
(Clerisvaldo B. Chagas. 8.4.2010)
Quem aprecia um bom jogo de sinuca conhece. É uma expressão usada pelo amador eufórico com a própria habilidade: “Cantar a bola”. Cantar a bola é dizer logo o que fará na próxima jogada: “Vou encestar a bola da vez, de puxada; pego depois a bola ‘y’ e logo darei uma sinuca por trás da bola ‘x’ que está em boa posição”. Não precisa o leitor entender essa linguagem, basta saber que o amador cantou a jogada (disse o que iria fazer). O profissional não canta jogada; faz tudo calado, mesmo você prevendo o que ele realizará.
Vamos para uma explicação didática sobre motivos do que estar acontecendo no Rio de Janeiro. O caso do Rio encontra-se dividido basicamente em ações da natureza e ações do homem. Quanto às ações da natureza:
1. Somos um país de maior parte tropical. Isso quer dizer que estamos entre os trópicos. O Brasil possui quase todo o seu território entre a Linha do Equador e o Trópico de Capricórnio. Significa dizer que estamos sujeitos às chuvas durante as quatro estações do ano.
2. A posição geográfica do Rio de Janeiro espremido entre mar e montanhas, apresentando lagoas, rios, córregos e canais.
A natureza não tem culpa de nada. Os inúmeros acidentes geográficos são belíssimos e mexem com o orgulho do povo carioca. Atraindo pelas belas paisagens e ações humanas, esse paraíso logo passou a ser densamente povoado. Em não havendo mais lugares seguros disponíveis, áreas de riscos começaram a receber moradores cada vez mais em grande quantidade: margens de rios, mangues, encostas, lombos de morros isolados e parte superior de montanhas com vegetação nativa. Entre as ações humanas que levaram a essa calamidade estão:
1. O asfalto. Parte das chuvas que antes se infiltravam no solo, com a cobertura asfáltica passou a escorrer pela superfície.
2. Lixo urbano. O lixo, jogado pelo povo em todos os lugares: nas ruas, praças, quintais, córregos... Forma uma barreira em pequenos e grandes esgotos impedindo a passagem da água. A essas barreiras, outra é formada pela maré alta, que impede a entrada das águas pluviais no mar. Forma-se assim um ciclo fechado, sem saída para as águas e para o alívio da população. Com o ciclo fechado, mais chuva, principalmente em volume inesperado para um tempo curto.
3. Desmatamento. O desmatamento provocado pela ocupação desordenada nas encostas e no cimo dos morros deixa a terra desnuda que não resiste à pancada de chuva e as enxurradas violentas. O solo desliza e desce junto com as águas levando tudo de roldão.
Chuvas fortes, tempestades, queda de temperatura, completam o restante do inferno. Os que cantaram a bola não tiveram taco suficiente para realizar grandes jogadas de prevenção. A natureza ainda corre muito à frente e as providências atrás. Uma viaja de avião e as outras em lombos de jumentos. As tragédias cantadas continuarão a acontecer, infelizmente, enquanto houver essa mentalidade inebriante de amador. É fácil iniciar CANTANDO A BOLA.





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terça-feira, 6 de abril de 2010

DESARMAR ESPÍRITOS

DESARMAR ESPÍRITOS
(Clerisvaldo B. Chagas. 7.4.2010)
Faz muito bem o senhor Barack Obama em repensar as armas atômicas. Com a infeliz ideia e sem precisão alguma foi jogada a primeira bomba em Hiroshima. Os americanos dizem como desculpa que foi para apressar a paz e evitar mais mortes em ambos os lados. As duas hecatombes que aconteceram nas duas cidades japonesas são apenas parte do cinismo e bestialidade humanas. Palmas e palmas para os fabricantes de armas, glórias para o espírito destruidor, respeito medroso para os possuidores de artefatos. Entrevistado, o piloto que jogou as bombas sobre o Japão diz não ter se arrependido e orgulha-se de ser pau-mandado do comando. É o instinto carniceiro aliado a um patriotismo zambeta que instiga a ferocidade. Outras nações, para não ficarem em desvantagem e meter medo nos outros mortais, também partiram para a estupidez que em nada de bom acrescenta ao mundo. Assim é que, além dos Estados Unidos, possuem armas nucleares a Rússia, Ucrânia, Reino Unido, França, China, Paquistão, Índia, Israel e Coreia do Norte. É de se notar entre os privilegiados que fazem parte do clube, os cinco do Conselho Permanente de Segurança da ONU. Eles se respeitam entre si por que cachorro grande não briga com semelhante. Prefere farejar o traseiro e urinar no poste imediato. Cuidado deve ter cachorro pequeno, alvo fácil dos dentes afiados dos raçudos.
Eliminar armas atômicas é melhor de que qualquer outra coisa, mesmo sendo consideradas obsoletas em comparação com o avanço destruidor do momento. Todos estão cansados de saber que uma guerra atômica não deixará vencedores. Será o fim total do gênero humano no Planeta. Mas, por que, então, continuar com essa ameaça no fundo do quintal? Somente o que sonda o homem por dentro e por fora sabe a resposta verdadeira. A iniciativa, portanto, do presidente Obama, representa certo alívio para os terráqueos, mas não deixará de enraivecer os radicais vampirescos que atuam às sombras tenebrosas.
Se os arsenais de hoje só precisam de um louco para apertar o botão, por que deixar mais um maluco como o senhor Ahmadinejad fazer parte do “Clube do Bolinha”? Caro Barack, o senhor foi eleito porque representava o novo; uma esperança de tempos mais venturosos para o povo americano e para o mundo inteiro. Ser a maior potência, também implica em maior responsabilidade. Será que o senhor vai conseguir resgatar um sonho de paz duradoura para esse planeta conturbado? Não é fácil segurar o leme do barco mais poderoso da Terra. Exercer o cargo de presidente americano deve ser um exercício permanente de meditação. É como diz a música: “Os meus problemas são meus/ Deixem comigo a solução (...). Na hora de decidir como resolver questões, só quem sabe é a cabeça de quem pensa. Sobre os depósitos de armas existentes, é fácil derretê-los, difícil mesmo é DESARMAR ESPÍRITOS.


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