segunda-feira, 8 de novembro de 2010

A HORA DA SERPENTE

A HORA DA SERPENTE
(Clerisvaldo B. Chagas, 9 de novembro de 2010)
     Com o saco da crise às costas, lá vai o presidente Barack Obama numa peregrinação humilhante pela Ásia. Todas as previsões de oito ou dez anos atrás que apontavam a China como potência lá para 2020, foram, realisticamente, reduzidas para o hoje. Repetimos em sala de aula e em nossos escritos, que todo império tem início, meio e fim. Aconteceu com todos os da História Antiga, Média, Moderna e Contemporânea. Agora parece ser a vez da Águia que se surpreende mais cedo com a escalada do dragão. Enquanto um país ergue-se, outro imerge. A China, arrebatando do Japão o título de segunda economia mundial, inicia a rodada pelo primeiro lugar. Nem sequer está suada no combate. O receio dos Estados Unidos em perder a liderança mundial da economia para Pequim (questão de tempo) incomoda bastante aos ianques. Além da subida desse foguete chinês, a crise americana fez Barack sair nessa apelativa feiúra.
     A Índia no instante foi procurada para resolver a questão da América, ocasião em que Obama virou mascate. O acordo com Nova Déli, na base de dez bilhões de dólares, permite exportar produtos para a Índia, ampliando o número de empregos na América. Mas Barack teve que prometer o que antes não admitia. Prometeu apoiar a Índia na busca por uma vaga no Conselho de Segurança da ONU. (Lembra políticos alagoanos na disputa pelo Tribunal de Contas). Para compensar o medo da emergência chinesa, chamou a Índia de “potência” e, logicamente, quer a sua amizade como contrapeso contra a China. É preciso também notar que o Paquistão é adversário da Índia. Não vê com satisfação a promessa de Obama ao inimigo. E olhe que o Paquistão é parceiro de Barack na luta contra o Afeganistão. Para não haver ciumada e nem novos barulhos entre Paquistão e Índia, Obama, matreiramente, vai pedindo que os dois se entendam, para não atrapalhar os negócios americanos. E se não houver esse entendimento, o apoio a Índia pela vaga no Conselho, não sairá barato na Ásia. Ainda tem a China que não aceita a Índia no Conselho. É complicado o jogo internacional de interesses entre as nações. É também de se perguntar: E o Brasil como é que fica? A situação do Brasil vai depender das decisões que irar tomar no encontro do G-20 (teste de fogo) e os interesses de Obama pelo Brasil, como teve com a Índia. Afinal, Dilma ainda é uma incógnita dentro do seu próprio estilo. E para quem está atento, ainda tem de quebra o problema da compra de caças. O governo brasileiro, em optando pelos aviões franceses, rejeita os caças americanos. Mas se os ianques não fornecem tecnologia, dificilmente o Brasil não negociará com a França que oferece tudo.
     A rejeição brasileira aos aviões americanos poderá sofrer revés, mesmo disfarçados. Nesse momento de pelica em que as lideranças mundiais atravessam, a sabedoria da serpente está em alta. Ganha mais que souber morder melhor. Mas não é só morder. A mordida deve estar coberta de cautelas. Mas que ninguém tenha dúvidas, agora é mesmo À HORA DA SERPENTE.
* No final desta crônica o FMI anuncia o Brasil como a 7ª economia de 2011.


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domingo, 7 de novembro de 2010

CUPIM É DOIDO

CUPIM É DOIDO
(Clerisvaldo B. Chagas, 8 de novembro de 2010)
     Pede-me o amigo e excelente orador, Antonio Sobrinho (Antonio Cupim) que aproveite o Dia Nacional da Cultura e fale sobre Rui Barbosa. Respondo-lhe como o personagem bíblico Elias para Eliseu. Difícil coisa tu pedes. Como resumir numa crônica a grandeza de mais de cem volumes sobre Rui? Entretanto, seja como tu queres.
     Rui Barbosa de Oliveira nasceu em 1849, em Salvador, e morreu aos setenta e três anos. Sua biografia ocupa mais de cem volumes onde estão artigos, discursos, conferências, anotações políticas e muito mais. Era bacharel pela Faculdade de Direito de São Paulo. No início, Rui engajou-se nas eleições diretas e na abolição da escravatura. Foi político no período histórico denominado República Velha. Eleito deputado em 1878, atuou nas reformas do Ensino, Eleitoral e emancipação dos escravos. Foi vice-chefe de governo provisório e assumiu a pasta de Finanças. Aderiu à oposição a Deodoro da Fonseca. E por ter se envolvido na Revolta da Armada, 1893, foi exilado. Voltando do exílio, conseguiu eleger-se Senador em 1895. Durante o governo Rodrigues Alves, Rui Barbosa foi representante do Brasil na 2ª Conferência de Paz de Haia. Pelo seu brilho, recebeu no Brasil o título de “Águia de Haia”. Rui tentou ser presidente em 1910 e 1919, sendo derrotado em ambas as tentativas. Como jornalista, escreveu para diversos jornais. Foi sócio fundador da Academia de Letras, sucedendo a Machado de Assis.
     Falam que Rui Barbosa era pernóstico e tipo orador cacete. Talvez sua obra mais conhecida seja “Orações aos Moços”. Dizem também que na Holanda foi ridicularizado por ser baixinho e cabeçudo. Mas ao defender a tese brasileira de Igualdade Entre as Nações, impressionou o mundo e teria dito depois: “Os melhores perfumes encontram-se nos menores frascos”. Rui Barbosa foi considerado o homem mais inteligente do Brasil. Ainda hoje se compara uma pessoa culta com a expressão: “... É um Rui Barbosa”. No fim da vida Rui ainda foi eleito juiz do Tribunal Internacional de Haia, o mesmo que o ridicularizara. Sua Biografia com mais de cinquenta mil títulos, pertence à Fundação da Casa Rui Barbosa, em sua antiga residência no Rio de Janeiro. Entre os orgulhos baianos Rui Barbosa nunca foi esquecido. É motivo de músicas as mais diferentes assim como de piadas envolvendo a ignorância de muitos. Recentemente em um seriado da televisão, sua figura foi bem representada entre as rodas políticas que discutiam à República. Rui e outros personagens importantes da nossa história, infelizmente continuam esquecidos, primordialmente nos Cursos Médios do País.
     Rui Barbosa, não sei se era, mas Antonio Sobrinho ─ ao pedir para escrever uma crônica sobre o baixinho/gigante ─ CUPIM É DOIDO.


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