quinta-feira, 26 de julho de 2012

A MORADA DOS DEUSES


A MORADA DOS DEUSES
Clerisvaldo B. Chagas, 25 de julho de 2012.
Crônica Nº 828
Monte Roraima em tempo limpo. (Fonte Wikipédia).

Muito bonita a reportagem na televisão sobre o Monte Roraima, localizado na tríplice fronteira Brasil, Venezuela e Guiana. Localizado na serra de Pacaraima, o monte representa uma formação rochosa de 2.739,30 metros de altitude. Imagens de expedição feita naquele lugar mostram a pujança incrível de um início calculado em mais de 2 bilhões de anos. Os continentes ainda nem havia se separado e lá estava o Monte Roraima, topo diferente, com cerca de 90 km de planura. Possuindo o fenômeno das “Águas Emendadas”, funciona como caixa d’água, fornecendo o líquido precioso para os três países, à semelhança da Serra da Canastra, em relação ao rio São Francisco e outros da região. Notamos o profundo respeito e cuidados dos povos que habitam suas proximidades no trio de nações citadas. Quando os indígenas falam de religiosidade e cuidados com o monte falam também de Ecologia. Os benefícios são mostrados e também possíveis catástrofes se houver uma interferência desastrada naquele santuário. Os guias indígenas se sentem pequenos e como se tivessem em outro planeta, com a sensação constante que o Monte Roraima está vivo e atento.
Flora e Fauna do monte representam riqueza. Além das sábias instruções dos índios da região, uma lenda sobre o lugar se destaca. Contam que a região era plana e tinha muita fartura, até que um dia surgiu uma bananeira, planta estranha para todos. Os pajés foram avisados por recado divino que ninguém poderia tocar naquela árvore. Tempos depois a bananeira foi cortada e veio à revolta dos deuses. Raios e trovões espantaram as caças, deixando todos apavorados e, do centro da terra surgiu o Monte Roraima que ficou naquelas alturas. Essa lenda vem dos índios que habitaram a região, chamados Macuxi. Dizem que até hoje o monte chora com a violação do passado.  Na Venezuela, os índios chamam “mãe das águas” à região com o conjunto de cachoeiras. A crença local é que ali moram os deuses que cuidam da Natura. Mesmo as pessoas de outros lugares que chegam ao monte ficam com a mesma impressão de mistérios profundos que envolvem toda a área.
No Brasil, foi criado o Parque Nacional do Monte Roraima, pelo presidente Sarney, em 1989. No estado de Roraima, o parque é administrado pel Institituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Na Venezuela é Parque Canaíma. Para quem gosta de aventura pesada e misticismo está aberta a visitas A MORADA DOS DEUSES.
  








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terça-feira, 24 de julho de 2012

A GARGALHADA DE LAMPIÃO


A GARGALHADA DE LAMPIÃO
Clerisvaldo B. Chagas, 25 de julho de 2012.
Crônica Nº 827


Capa de livro apontado no rodapé.
O que é que faz um indivíduo procurar o perigo quando estiver ameaçado por ele?  Foi o que aconteceu com o cidadão João Barroso no sertão alagoano, na segunda metade da década de 20. A passagem de Lampião por vários municípios, em 1926, provocou uma reação entre civis e um sargento, tendo se formado um grupo para perseguir o bandido. Com a inutilidade da ação, o grupo foi desfeito e tudo voltou à antiga rotina. Mas, certo dia João Barroso foi alertado pelo parente Adriano, que Virgolino estava babando para pegar alguns daqueles alistados para persegui-lo, inclusive, o próprio Barroso. Alertava Adriano que o bom mesmo era que João Barroso fosse embora do sertão que a coisa não estava boa para o seu lado. A qualquer momento, dizia Adriano, a fera poderia aparecer, surpreendê-lo e lhe tirar o couro das costas. O sertanejo marcado ficou muito pensativo, até porque Adriano era seguro coiteiro de Lampião e lhe contara vários detalhes do que sabia. Barroso não demorou a encontrar a solução. Fugir não fugiria. Pediu para que Adriano desse um jeito de jogá-lo dentro do bando para ele ficar como coiteiro também, naturalmente trocando o seu nome. “Não pode com eles, junte-se a eles”, deve ter pensado o homem advertido.
          Foi uma loucura para Adriano aceitar a ideia, mas assim foi feito. De repente João Barroso estava fazendo muito bem o papel de coiteiro de Lampião. A eficiência era tanta que passou a comprar víveres para o bando e até foi sondando pelo bandido para entrar nos negócios de armas. Pulou fora com toda diplomacia, alegando que não tinha cacife para tal negócio. Imaginava Barroso que arranjar armas para Lampião era ajudar o cangaceiro a matar gente. O maioral não falou mais no assunto. Certa feita, ao chegar à noite ao acampamento do bandido com víveres encomendados, Barroso deparou-se com uma cena em que uma mulher dava parte de um cabra que molestara a filha da mulher. Lampião tomou as providências, ocasião em que o cabra dizia não pertencer ao bando dele e sim ao de Corisco. Lampião, enraivecido com a resposta, disse muitas coisas pesadas ao comandado, depois ordenou que o cangaceiro Cobra Verde, fuzilasse o cangaceiro de Corisco.
          Barroso ficou chocado com o que viu, porém continuou na estratégia pela sua sobrevivência, driblando a espionagem das volantes. Adriano foi morto pela polícia. Certo dia aconteceu uma boa ocasião, para João Barroso dizer a verdade ao chefe do bando. Esperto como era, pegou o chefão de bom humor. Virgolino abriu a bocarra com a esperteza dos dois parentes e João Barroso viu o que pouca gente via: o encaixe no momento certo da intensa GARGALHADA DE LAMPIÃO.
·         Crônica baseada nas paginas 75-88, de “O cangaceiro Lampião e o IV mandamento” de Valdemar de Souza Lima.

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