terça-feira, 31 de julho de 2012

CHAVE, CHÁVEZ E O XAVECO


CHAVE, CHÁVEZ E O XAVECO
Clerisvaldo B. Chagas, 1º de agosto de 2012.
Crônica nº 832

Pesando o MERCOSUL. (Fonte: Wilson Dias/Agência Brasil).
Chegou o mês de agosto, para muitos o “mês do desgosto”, das grandes tragédias mundiais, do tempo avesso à pesca, de correr cachorros doidos nas ruas ou péssimo de negócios. Entretanto, é sabido que a moeda ainda possui duas faces e o levante do negativo só é possível quando o olhar converge para uma só direção. Quando por um lado um ditador se suicida, por outro a nação fica livre dos grilhões. Se o mês de agosto fosse à face cruel, ao final dos seus dias, vivas estariam apenas as almas, de uma catástrofe geral. Deus vai equilibrando o tempo como num todo, mas o homem teima em dividi-lo através das leis dos calendários. E se apenas o mal dominasse as quatro semanas, o que adiantaria, então, as nossas preces? O dia dos pais vem aí com uma confraternização de peso para as famílias que conservam a tradição. E se compararmos o azar para o número treze, estaremos sendo contestados por famoso futebolista brasileiro. Entre superstições, religiosidade e ciência, caminha a humanidade por suaves planícies e enrugadas montanhas, mas as desculpas quase sempre são as mesmas.
Talvez para não jogarem a polêmica entrada da Venezuela para o mês de agosto, calçaram-na para o dia 31 de julho, quem sabe! Ninguém pode dizer que agora o MERCOSUL vai virar maravilha, mas ninguém pode ignorar os benefícios da fortificação interna. Quem compra a fazenda compra com o que tem dentro. A Venezuela veio e com ela o senhor Chávez e suas ideologias bestas século XIX, mas este cidadão não é eterno e um país vale muito mais de que qualquer um dos seus dirigentes. Há quem analise o candidato de oposição naquele país e o defina como pior do que o Chávez nos seus retrógrados pensamentos. Pode ter havido atropelos para a entrada da Venezuela no bloco, todavia, qual é a força do Paraguai para apontar o erro com o dedo sujo? Claro, como na política do pequeno interior ou da poderosa metrópole, as manobras dos caciques são carregadas de xavecos, que no dizer popular ganhou dicionário como coisa baixa, sem valor, trama ilegal e coisa assim.  É muito melhor que a nação setentrional fique com Brasil, Argentina, Uruguai e mesmo Paraguai do que com os Estados Unidos, o monstro insaciável das economias.
“O Paraguai reiterou que continuará na luta pela defesa de seus direitos em todas as instâncias e fóruns pertinentes, após ser suspenso do bloco regional pela destituição sumária do ex-presidente Fernando Lugo, via julgamento político legislativo em 22 de junho”. O ingresso da Venezuela no bloco MERCOSUL, sem dúvida alguma é enorme CHAVE, mesmo com CHÁVEZ e o bem aplicado XAVECO dos seus membros.


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segunda-feira, 30 de julho de 2012

LAMPIÃO, MOSSORÓ E O VASO DE GUERRA


LAMPIÃO, MOSSORÓ E O VASO DE GUERRA
Clerisvaldo B. Chagas, 30 de julho de 2012.
Crônica Nº 831

Vapor de guerra Minas Gerais. (Fonte: Wikipédia).
Apesar de ser mestre em estratégia armada nas caatingas, Virgolino Ferreira da Silva também cometia suas “barbeiragens”. Foi derrotado em combate inúmeras vezes, tanto ganhava quanto perdia. Quando mandou buscar dinheiro em Pão de Açúcar, Alagoas recebeu o recado daquela gente de sangue no olho, que “se quisesse tirar raça de valente mandasse sua mãe para lá”. Engoliu a resposta com casca e tudo e se foi vingar no miserável e indefeso povoado Meirus, no mesmo município. Quando mandou portador a Mata Grande, Alagoas, querendo o “joão-da-cruz” do comércio, ouviu do mesmo portador: “Dinheiro tinha à vontade, ele mesmo fosse buscar que o povo estava com muita saudade dele e queria abraçá-lo”. E nesse abraço o valentão não passou da primeira rua da cidade. Para assaltar a baronesa de Matinha de Água Branca, fez como qualquer ladrão faz, pulando o muro da casa madrugada para levar o alheio. Descoberta a trama, um grupo de comerciários e o delegado o puseram em fuga. O povo cantou:

“Lampião quando correu
Da cidade de Matinha
Foi no chouto americano
No galope almofadinha”

Na sua marcha a Mossoró, primeiro cometeu o grande erro de atacar uma cidade daquele porte, indo na conversa e interesse de outro bandido. Depois, inúmeros outros erros bufas, notadamente na ida e, na retirada foi um desastre. Mas, dizem que todo homem feliz é generoso e certo dia o tal capitão estava de bolso cheio, portanto de bom humor. Segundo Valdemar de Souza Lima, deparou-se com o representante da firma Alves de Brito & Cia., no seu automóvel, simpatizou com o mesmo e puxou conversa. O caixeiro-viajante Manoel Campos, como homem bom de convencimento, explicava, a pedido, como era a vida de vendedor. Enquanto entusiasmava Lampião, sem saber como terminaria a conversa, conseguiu a admiração do chefe de bando falando do “Minas Gerais” ─ o vaso de Guerra capitânia da nossa esquadra. Descreveu todo seu tamanho, a blindagem o poder de fogo, a quantidade de canhões e que bastaria uma só descarga do bicho para destruir o palácio do Presidente da República. Lampião ouvia aquilo tudo babando de inveja e de euforia porque o caixeiro sabia pintar a cena colorida. E assim que o ladino e labioso palestrante fez pausa para respirar, Lampião, tomado de súbita alegria e saudosismo, exclamou, pondo a mão no ombro de Manoel Campos: “rapaz, mal empregado eu não ter podido pegar um vapor de guerra assim, porque Mossoró nas minhas unhas não tinha dado um cardo”.
Já pensou, amigo, numa peitica para ninguém botar defeito entre LAMPIÃO, MOSSORÓ E O VASO DE GUERRA!






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