quinta-feira, 8 de novembro de 2012

TRATO DE SAPATEIRO



TRATO DE SAPATEIRO
Clerisvaldo B. Chagas, 9 de novembro de 2012.
Crônica Nº 904

Desde as primeiras cidades do mundo que os artistas contribuem para o desenvolvimento local. Quebrador de pedras, ferreiro, alfaiate, funileiro, pedreiros, sapateiros, barbeiros e outros, mesmo com nomes diferentes. A sociedade, em geral, sempre precisou desses profissionais chamados artistas ou mestres. Alcancei com facilidade esses homens constantemente solicitados por todos. Acontece que a eficiência dos serviços prestados quase sempre não coincidia com o prazo estabelecido entre usuário e profissional. Dentre os diversos tipos de artistas o pior na palavra era o sapateiro. Mandava-se fazer um serviço pelo sapateiro e se ouvia sempre uma frase que ficou dos anais do folclore nordestino: “Amanhã tá pronto”. O cliente que acreditasse! Cliente, não. Essa é uma palavra bonita e recente trazida de longe para nós. Era freguês mesmo que se dizia. E assim o coitado do freguês, rico ou pobre, caminhava por vários “amanhãs” até a casa do sapateiro para não perder de vez seus sapatos avariados. Por causa dessa disposição singela e mentirosa do bate sola, foi criada a expressão que se tornou comum, quando qualquer pessoa falhava nos seus compromissos. “É trato de homem ou de sapateiro?”.
De fato é decepcionante uma democracia sem moral e sem punição, principalmente quando as promessas partem da classe política. Deveria ser registrada pela Justiça, toda promessa de campanha dos candidatos, do vereador ao presidente da república. Quando se fala em Educação e Saúde e baba desce dos que pretendem alisar, enquadrar e perfurar o dinheiro do povo. Desarmado o palanque com a vitória do engodo, o eleito vai gargalhar às escondidas diante do uísque escocês e da água de coco dos abestalhados. Os professores passam a sofrer pressão de todos os lados e os longos rosários de greve jamais sensibilizam a massa de fezes que comanda naquele momento. O médico vive a angústia do trabalho cansativo em inúmeras unidades, para assegurar a sua própria sobrevivência. Recentemente estive numa fila de um único médico, ficando com a senha 107 e, muitos outros clientes vieram depois de mim. Uma situação pior de que os velhos campos de batalhas da II Grande Guerra.
Dos que prometeram tudo para Saúde e Educação, nenhum foi preso ainda pelas promessas feitas abertamente. E nesse caso de falta de palavra, de não honrar compromissos, pode colocar aí mais uns cinquenta anos à frente, se a Ciência descobrir antídoto para a banda podre do cidadão. Enquanto isso, chorando, gemendo, suspirando, vamos vendo a transferência para eles, do TRATO DE SAPATEIRO.

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quarta-feira, 7 de novembro de 2012

OBAMA SIM



OBAMA SIM
Clerisvaldo B. Chagas, 8 de novembro de 2012.
Crônica Nº 903

Temos certeza absoluta de que o mundo inteiro respirou aliviado com a vitória de Barack Obama. Podemos dizer ainda com segurança, da satisfação da Europa e da América Latina. Os próprios inimigos dos Estados Unidos devem ter ficado satisfeitos também. É que Obama, se não conseguiu ser um governo brilhante, amenizou muito a arrogância tradicional americana, quase sempre marcada por ações militares e desprezo pelo mundo. Por outro lado, sua reeleição foi uma segunda vitória dos negros, uma segunda vitória dos pobres e uma segunda vitória dos moderados. Geralmente os presidentes americanos são guiados por um desprezo enorme a outras nações, torcem os narizes e se acham os donos do planeta. Em se achando os donos, vem a natural arrogância que, fora daquele território, todos são bestas e seus escravos. Sempre citamos neste espaço os exemplos de tantos impérios caídos e com os de lá não será diferente. Todo império vive um ciclo, grande ou pequeno, mas um dia chega ao fim. O povo do norte parece desconhecer o que se passa pelo globo e se acomoda no conforto de cada dia, indiferente às bravatas tradicionais das suas lideranças.
Dizem aqui no Brasil que o primeiro mandato de um executivo pode ser excelente, mas o segundo não presta. Isso pode ser e não ser verdade, mas com certeza para Obama, a experiência da Casa Branca, poderá ser de enorme valia nos próximos quatro anos. Na política externa, em relação a nós, principalmente, se não foi tão atencioso, mas também não foi agressivo, nem mesmo com um cabra da Venezuela. Deve ser um osso de Dinossauro, um pacifista querendo reconquistar simpatias nos continentes, mas sob pressão cultural de prepotência de um congresso. De qualquer maneira, uma avaliação, uma análise de longe é diferente da realidade. O bom mesmo é deixar que o homem exerça o  seu novo mandato por algum tempo para que seja mostrado o norte do leme. Na parte meridional o Brasil vai equilibrando a região e avançando até aonde pode, querendo influenciar até às águas mexicanas. Com Obama ou sem Obama, caminha a América do Sul com as novidades da Venezuela no Bloco, da ação sem nexo do Paraguai, do entendimento entre guerrilheiros e governo colombiano. Três ações de peso e de transformações.
O derrotado por Obama, para nós, tinha muito jeito do sanguinário Bush. “Deixe, então, como está para ver como é que fica”, como falamos no Brasil. Tendo o homem iniciado com cabelos pretos, rompe a nova jornada de cabelos brancos. E daí? OBAMA SIM.


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