quinta-feira, 2 de outubro de 2014

AS SURPRESAS DAS TRILHAS




AS SURPRESAS DAS TRILHAS
Clerisvaldo B. Chagas, 3 de outubro de 2014
Crônica Nº 1.273
Ruínas da igrejinha de São João. (Foto: Agripa/Arquivos).
Quem mora nas cidades grandes e não passeia nos campos, não sabe o que está perdendo. Andar em trilhas na área rural, respirar o ar puro dos campos, o cheiro do mato verde, revitalizam e surpreende de instante em instante.
Inúmeras coisas podem ser encontradas como belos recantos escondidos, ruínas de algum casebre, imagens religiosas nos topos de pedras, água cristalina nos sopés de montanhas, árvores secas e tombadas cruzando riachos, cavernas, sombreados, árvores frondosas, animais silvestres e muito mais.
(Foto: Clerisvaldo).
Importante nessas prazerosas caminhadas é dispor de um guia que tanto conhece o trecho a ser percorrido, quanto os diversos aspectos da paisagem. Além disso, a identificação de animais, plantas e experimentos, preenchem o dia de forma surpreendente e desestressante.
É de se vê também que muitas pessoas procuram esse tipo de lazer nos lugares distantes de onde moram, inclusive utilizando o avião como transporte. Essa caminhada, entretanto, pode acontecer na periferia da sua própria cidade, distante apenas um ou dois quilômetros das últimas casas dos bairros mais longe do centro.
Em todas as regiões dentro do mesmo estado, existem as trilhas que sempre estão a oferecer surpresas aos que as percorrem. No sertão temos mirantes em elevações como serras e serrotes, rios secos, lajeiros, pequenas cavernas, jardins naturais, malocas e fontes escondidas.
Certa vez encontramos alguns símbolos religiosos a poucos quilômetros da cidade. Uma vereda que levava ao rio Ipanema, mostrou uma pequena santa de gesso escondida no topo de uma pedra. Uma surpresa e um susto naquele local deserto. Escondida, é modo de dizer porque o mato mesmo se encarrega da cobertura.
Mais adiante, entre vários matacões nas margens do citado rio, fomos encontrar uma igrejinha, também no topo de uma pedra, cujo pequeno gradeado mostrava uma imagem do padre Cícero Romão Batista. E na filosofia em não se retirar nada da natureza nessas jornadas, apenas tirávamos fotos do diferente que nos apetecia.
Está aí a indicação para o caro leitor. Um programa bom, barato e apaixonante, onde você só gasta a merenda que leva no bornal e, a "sola" do tênis.

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quarta-feira, 1 de outubro de 2014

AGRIPA, UM GRITO NO SERTÃO



AGRIPA, UM GRITO NO SERTÃO
Clerisvaldo B. Chagas, 2 de outubro de 2014
Crônica Nº 1.272

Rio Ipanema no local Cachoeiras (Santana). (Foto: Agripa/Arquivo).
Um dos mais graves problemas ecológicos das últimas décadas nos sertões do Nordeste foi sem dúvida o desmatamento. Foi ele quem assoreou centenas e centenas de riachinhos, riachos e rios intermitentes, inclusive os que levam ao rio São Francisco.
Além de se perder milhares e milhares de hectares de terras cultiváveis, pelo desmatamento e posterior lixiviação do solo, número incalculável de toneladas de areia, estão quase riscando do mapa o Velho Chico. Esse mesmo Velho Chico agonizante que abastece os seus algozes que tentam extingui-lo pela ignorância ambiental.
As correntes periódicas pequenas e grandes que durante séculos mataram a sede do povo sertanejo, através de suas cheias e cacimbas, recebem nova ameaças. É a corrida em escala industrial da extração de areia dos seus leitos. A mesma areia que esconde o precioso líquido no âmago dos lençóis freáticos. Além disso, esses rios sertanejos estão recebendo os dejetos de fossas livres de povoados e cidades por onde passam. São toneladas e toneladas diárias de fezes invisíveis a prefeitos, vereadores, governadores e ministérios públicos, cujas prioridades não estão ligadas ao meio ambiente.
Coração na pedra. Rio Ipanema no local Cachoeiras. (Foto: Agripa/Arquivo).
Quando se fala em matas ciliares, vê-se a ambição de proprietários de terras marginais, esticarem suas cercas até mesmo cruzando os rios patrimônios do povo.
No sertão alagoano alevantam-se dois grupos de pessoas que gritam nos ouvidos das autoridades moucas. Os “guardiões da mata” no povoado Capelinha, município de Major Isidoro e os “guardiões do rio Ipanema”, em Santana do Ipanema.
Enquanto os governos estaduais que bebem uísque amaldiçoado, não se interessarem pelo assunto, riachos como o Dois Riachos, Desumano, Camoxinga, Salobinho, João Gomes, Riacho Grande, Gravatá, Capiá, Traipu e muitos outros, vão morrendo e arrastando a morte ao Velho Chico.

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