AGRIPA,
UM GRITO NO SERTÃO
Clerisvaldo B.
Chagas, 2 de outubro de 2014
Crônica Nº 1.272
Rio Ipanema no local Cachoeiras (Santana). (Foto: Agripa/Arquivo). |
Um dos mais graves
problemas ecológicos das últimas décadas nos sertões do Nordeste foi sem dúvida
o desmatamento. Foi ele quem assoreou centenas e centenas de riachinhos,
riachos e rios intermitentes, inclusive os que levam ao rio São Francisco.
Além de se perder
milhares e milhares de hectares de terras cultiváveis, pelo desmatamento e
posterior lixiviação do solo, número incalculável de toneladas de areia, estão
quase riscando do mapa o Velho Chico. Esse mesmo Velho Chico agonizante que abastece
os seus algozes que tentam extingui-lo pela ignorância ambiental.
As correntes
periódicas pequenas e grandes que durante séculos mataram a sede do povo
sertanejo, através de suas cheias e cacimbas, recebem nova ameaças. É a corrida
em escala industrial da extração de areia dos seus leitos. A mesma areia que
esconde o precioso líquido no âmago dos lençóis freáticos. Além disso, esses
rios sertanejos estão recebendo os dejetos de fossas livres de povoados e cidades
por onde passam. São toneladas e toneladas diárias de fezes invisíveis a
prefeitos, vereadores, governadores e ministérios públicos, cujas prioridades
não estão ligadas ao meio ambiente.
Coração na pedra. Rio Ipanema no local Cachoeiras. (Foto: Agripa/Arquivo). |
Quando se fala em
matas ciliares, vê-se a ambição de proprietários de terras marginais, esticarem
suas cercas até mesmo cruzando os rios patrimônios do povo.
No sertão alagoano
alevantam-se dois grupos de pessoas que gritam nos ouvidos das autoridades
moucas. Os “guardiões da mata” no povoado Capelinha, município de Major Isidoro
e os “guardiões do rio Ipanema”, em Santana do Ipanema.
Enquanto os governos
estaduais que bebem uísque amaldiçoado, não se interessarem pelo assunto, riachos
como o Dois Riachos, Desumano, Camoxinga, Salobinho, João Gomes, Riacho Grande,
Gravatá, Capiá, Traipu e muitos outros, vão morrendo e arrastando a morte ao Velho
Chico.
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