NEGROS EM SANTANA
Clerisvaldo B.
Chagas, 9 de outubro de 2014
Crônica
Nº 1.275
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Livro editado em 2012. |
Situado a 210
quilômetros de Maceió e a 300 da serra da Barriga, palco de luta do Quilombo
dos Palmares, o município foi colonizado pelos arrendatários de terras e
sesmeiros descendentes de portugueses. Pelo primeiro documento encontrado sobre
Santana do Ipanema, datado de 1771, vê-se claramente que a região sertaneja já
estava semeada de proprietários rurais instalados em léguas de terras selvagens
que caracterizam o início do povoamento branco. A área era ocupada pelos índios
Fulni-ô ou Carnijós que habitavam o território da vizinha Águas Belas,
Pernambuco. Os Fulni-ô foram acessíveis àqueles diferentes, formando o mestiço
curiboca, mameluco ou caboclo, sendo esta última, a expressão mais usada até hoje.
O caldeamento branco mais índio formou assim um novo tipo humano resistente de
pele branca, queimada: o caboclo nordestino.
O gado já havia
invadido o Rio dos Currais e as pequenas ribeiras do semiárido alagoano,
surgindo à figura destemida do vaqueiro, caboclo tratador do gado por excelência
e que ao boi dedicou a sua vida. Foram assim formadas a origem e a descendência
do povo santanense com a aristocracia rural branca de sangue português e a
coragem bravia dos índios da caatinga.
(...) Os negros em
Santana, todavia, possuem um elo que tentamos descobrir com os quilombolas da
serra da Barriga. É bem possível que Martinho Rodrigues Gaia, fazendeiro vindo
da Bahia, tenha trazido escravos que ajudaram no abrir de picadas até Santana,
em 1787, data da fundação da cidade.
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Habitante do Alto Tamanduá. |
Entre 1640 e 1695
(morte de Zumbi) ocorreu o auge e as guerras dos negros refugiados na Barriga.
Levando-se em conta a data de 1687e a chegada de Martinho, em Santana, 1787,
apenas 100 anos separaria o espaço entre os acontecimentos. É de se supor,
contudo, que, tanto pela extensão do quilombo de Zumbi que ia até a foz do rio
São Francisco, quanto pelos desertores das várias batalhas com os brancos,
tivessem chegado por aqui os primeiros e esporádicos elementos ou
representantes da raça negra.
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Extraido
do livro “Negros em Santana”, editado em 2012, páginas 5 e 6.
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