CONTRA
LAMPIÃO, ESTRATÉGIA EM ANGICOS (II)
Clerisvaldo B. Chagas,
18 de outubro de 2014
Crônica Nº 1.284
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trabalho inédito, não pode ser copiado sem seguir as normas da ABNT e nem
plágio no todo ou em parte.
Contato com autor: clerisvaldobchagas@hotmail.com
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Livro publicado em 2012. |
Visto os quatro
fatores determinantes do fim de Virgolino – na primeira parte deste trabalho –
vamos à conclusão.
As três da madrugada
as volantes estão ali no cimo do morro das Perdidas, no lugar Encruzilhada.
Como foi dito, não há sentinelas. Não era preciso, pois já havia espias no
morro das Imburanas. A noite chuvosa, frio
de matar sapo e escuro de breu fazia os atalaias no outro morro, dormirem.
Pedro de Cândido traça o plano de ataque e vai dizendo a quantidade de homens
de que precisa. Divide as três volantes em quatro frentes que irão tapar as
três rotas de fuga do bando. Ele mesmo conduz duas dessas parcelas, descendo a
vereda das Perdidas. Vai sair abaixo do acampamento de Lampião e ali deixa a
parcela comandada pelo sargento Aniceto no leito do riacho seco, cheio de pedras
e de difícil acesso ao acampamento. Estava tapada a primeira saída. Pedro
atravessa o riacho e, caminhando pelo sopé do morro das Imburanas, deixa outra
parcela das volantes no flanco direito de Lampião. Estava tapada a segunda
válvula de escape para o cimo do morro das Imburanas. Fica ali o aspirante
Francisco Ferreira que divide essa parcela em duas, formando três frentes e
tapando duas das três válvulas de escape do bando. A quarta frente está com o
tenente João Bezerra que desce por último pela própria vereda do Morro das
Pedidas, cortando a mais provável rota de fuga para o interior. Essa parcela
está reforçada. Assim, dividida em quatro frentes, as volantes tapam as três
válvulas de fuga.
Croqui (Clerisvaldo) adaptado de Frederico Bezerra Maciel. |
Questionam pesquisadores:
por que não havia vigias no morro das Perdidas? Porque não precisava. Já havia
os guardas no Morro das Imburanas. E por que eles não viram o movimento das
tropas? Já foi dito. Noite gelada, chuvosa e muito escura, todos dormem. Outros
falam em cachorros de A ou B. Ora, cachorro dorme também. Numa madrugada
daquela os cachorros estão dormindo nos lugares mais quentes que acharam. E por
que não morreram muito mais cangaceiros? Porque as tropas não esperaram o
primeiro tiro/sinal do tenente. Os homens do aspirante que chegaram bem perto
do coito não se contiveram e atiraram antes da hora. Mas não encontraram nenhum
cachorro depois, mistério, dizem. Que mistério que nada! Cachorro corre até com
foguete quanto mais com um intenso tiroteio de guerra, inclusive com
metralhadoras. A não ser que fosse o cachorro do super-homem! E como a maioria
do bando escapou se as três rotas de fuga estavam obstruídas? Graças ao escuro,
a neblina e a fumaça. Muitos colocavam os cabelos dentro do chapéu e diziam: “companheiros, companheiros”. Os outros
subiam os barrancos por onde desse para subir, de qualquer maneira,
aterrorizados. Mas o sargento Aniceto não participou do início, onde estava ele
e sua parcela? Já foi esclarecido. Aniceto pegou a parte mais difícil de chegar
ao núcleo do acampamento. Subia com dificuldade pelas pedras do riacho. A
precipitação dos homens do aspirante não permitiu a chegada de Aniceto para
combater de imediato por igual.
Esta foi a estratégia
do “general” Pedro de Cândido, marcado para morrer com seu irmão Durval, mas
depois transformado em cabo de polícia.
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