terça-feira, 7 de outubro de 2014

NEGROS EM SANTA



NEGROS EM SANTANA
Clerisvaldo B. Chagas, 9 de outubro de 2014
Crônica Nº 1.275

Livro editado em 2012.
Situado a 210 quilômetros de Maceió e a 300 da serra da Barriga, palco de luta do Quilombo dos Palmares, o município foi colonizado pelos arrendatários de terras e sesmeiros descendentes de portugueses. Pelo primeiro documento encontrado sobre Santana do Ipanema, datado de 1771, vê-se claramente que a região sertaneja já estava semeada de proprietários rurais instalados em léguas de terras selvagens que caracterizam o início do povoamento branco. A área era ocupada pelos índios Fulni-ô ou Carnijós que habitavam o território da vizinha Águas Belas, Pernambuco. Os Fulni-ô foram acessíveis àqueles diferentes, formando o mestiço curiboca, mameluco ou caboclo, sendo esta última, a expressão mais usada até hoje. O caldeamento branco mais índio formou assim um novo tipo humano resistente de pele branca, queimada: o caboclo nordestino.
O gado já havia invadido o Rio dos Currais e as pequenas ribeiras do semiárido alagoano, surgindo à figura destemida do vaqueiro, caboclo tratador do gado por excelência e que ao boi dedicou a sua vida. Foram assim formadas a origem e a descendência do povo santanense com a aristocracia rural branca de sangue português e a coragem bravia dos índios da caatinga.
(...) Os negros em Santana, todavia, possuem um elo que tentamos descobrir com os quilombolas da serra da Barriga. É bem possível que Martinho Rodrigues Gaia, fazendeiro vindo da Bahia, tenha trazido escravos que ajudaram no abrir de picadas até Santana, em 1787, data da fundação da cidade.
Habitante do Alto Tamanduá.
Entre 1640 e 1695 (morte de Zumbi) ocorreu o auge e as guerras dos negros refugiados na Barriga. Levando-se em conta a data de 1687e a chegada de Martinho, em Santana, 1787, apenas 100 anos separaria o espaço entre os acontecimentos. É de se supor, contudo, que, tanto pela extensão do quilombo de Zumbi que ia até a foz do rio São Francisco, quanto pelos desertores das várias batalhas com os brancos, tivessem chegado por aqui os primeiros e esporádicos elementos ou representantes da raça negra.
·        Extraido do livro “Negros em Santana”, editado em 2012, páginas 5 e 6.


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domingo, 5 de outubro de 2014

DESFILE TROPICAL



DESFILE TROPICAL
Clerisvaldo B. Chagas, 6 de outubro de 2014
Crônica Nº 1.274

Foto: (coisasdeflorania.com.br.)
O tempo vai fazendo como tem vontade. Uma chuva, ora lenta oura ligeira, vai batizando sem parar a noite do dia 4 de outubro. O sertanejo fica boquiaberto com as transformações climáticas que mudaram no sertão alagoano a cerca de dez ou doze anos.
As chuvas ocorriam com menor intensidade a partir de março e com grande firmeza nos meses de maio a 15 de agosto, sendo o mês de julho o mais chuvoso e frio até ali. A primeira quinzena de agosto era para fazer frio mais intenso que julho, trazer lagartas e muitas vezes matar a lavoura com esses dois fenômenos. Nesse período caíam as últimas chuvas de outono/inverno que enriqueciam a região.
Meses absolutamente secos eram setembro e outubro, ocasião em que se preparavam vários eventos, pois a pluviosidade zero estava garantida.
Começamos a notar a diferença quando pela primeira vez no sertão, vimos chuva no dia 7 de setembro, dia de desfile sobre a Independência do Brasil. A partir daí, o tempo foi repetindo a surpresa e se estendendo por setembro até chegar a outubro, causando a segundo surpresa e assim tem atuado como foi dito, nos últimos anos. As chuvas agora chegam com atraso, em menor quantidade e se prolongam até outubro, abocanhando parte da primavera. O nosso livro Geografia de Santana, editado em 1978, fala muito bem do tempo, na época.
Não sabemos se o agricultor acompanha essa pesquisa, mas que existe significativa mudança existe.
O certo é que o dia de ontem, confirmou o que dissemos acima. Formou-se um preguiçoso cenário de fim de inverno, fazendo reaparecer sombrinhas e guarda-chuvas na paisagem cinzenta do interior.
Os eleitores também mudaram o hábito do turno de votação. Os do campo votavam pela manhã. A partir de meio dia, o movimento na cidade era o mínimo. Ontem, porém, foi intensivo o fluxo de pessoas e automóveis até os últimos minutos de votação nas ruas de Santana do Ipanema, capital do sertão de Alagoas. Mesmo em cima das 17 horas, o trânsito estava difícil e estacionamento muito mais difícil ainda.
Pelo menos ficam registradas as impressões, para pesquisas mais profundas.
Nessas alturas, a tristeza e a alegria desfilam em território brasileiro. Para o bem ou para o mal, a quantidade de cachaça e cerveja que estar rolando dá muito bem para inundar esse desfile tropical.


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