terça-feira, 16 de dezembro de 2014

NÃO MATEI VOCÊ



NÃO MATEI VOCÊ
Clerisvaldo B. Chagas, 17 de dezembro de 2014
Crônica Nº 1.326.

(Imagem: limitedoinfinito.com.br)
Tem jeito não! Como é possível uma coisa dessas! Você não viu que eu estou aqui há quase duas horas? Quer me fazer de besta, seu coisa! Fiz à crônica “Ainda o Vaqueiro Raimundo Jacó”, aprumei, caprichei, lapidei e, quando tudo parecia perfeito você estragou tudo, seu banana! Preparo-me para relaxar assegurado que a crônica de amanhã, quarta, está na agulha. Penso agora em lapidar o livro sobre Maria Bonita, daqui para as três horas da madrugada e, o que você me faz?! Esconde-me o trabalho realizado com tanto esmero. E o pior, computador, é que você não quis me dizer onde a escondeu. Tá certo, não vou dizer que foi somente você o culpado, porque me distraí por um segundo e, pimba! A crônica sumiu. Valha-me Nossa Senhora! Para onde foi à crônica, pelo amor de Deus.
Onde você colocou a minha crônica, computador? No arquivo das crônicas não está. Em documentos, não senhor. Em imagens, nem o rastro. Corro à lixeira, mexo para lá, mexo para cá e nada de Jacó Vaqueiro. Ajude-me seu cabeça de batata! Procuro pelo nome, nada. Vou pelo número, ora! Ora! Que tal a data? Também não aparece o menor sinal da crônica de amanhã. Dá-me uma vontade danada de meter-lhe a mão no pé do ouvido... Não, não, não leve a sério, rapaz.  Mas não é a primeira vez que você faz isso comigo não. Olhe, desde as onze da manhã até à tardinha que faltou energia no Bairro e quando chega você me prega uma peça. O quê? Isso mostra que você é muito rápido? Mas rápido para que computador? Para me prejudicar? Não se pode aprender manhas de gente, seu, seu, seu... Tripa de gato!
Fique aí, ligadinho, enquanto eu vou tomar um copo d’água fresca, fresquinha, e venho já.
Sabe, “computa”, pensando bem, não vou tentar outra crônica, não. O meu cativo leitor vai ficar desapontado em não encontrar novidades no blog, amanhã, quarta-feira. Por que, rapaz, fui passar o dedo no peste do “deletar” e foi tudo, o que era e o que não era para sumir! Calma, calma, a raiva que eu estava em lhe trocar por outro, não lhe pertence mais. Pensando bem o culpado foi seu dono. Já me decidi, não irei fazer outra crônica hoje mais não. Agora, cabra velho, prepare-se para virar a madrugada. Ainda bem, companheiro, que não matei você.

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A MORTE DO VAQUEIRO



A MORTE DO VAQUEIRO
Clerisvaldo B. Chagas, 16 de dezembro de 2014
Crônica Nº 1.325

Homenagem a Gonzaga.


“A MORTE DO VAQUEIRO
Numa tarde bem tristonha
Gado muge sem parar
Lamentando seu vaqueiro
Que não vem mais aboiar
Tão dolente a cantar
Tengo, lengo, tengo, lengo
Tengo, lengo, tengo
Ei, gado, oi
Bom vaqueiro nordestino
Morre sem deixar tostão
O seu nome é esquecido,
Nas quebradas do sertão.
Nunca mais ouvirão
Seu cantar, meu irmão
Tengo, lengo, tengo, lengo
Tengo, lengo, tengo
Ei, gado, oi
Sacudido numa cova
Desprezado do Senhor
Só lembrado do cachorro
Que inda chora
Sua dor
É demais tanta dor
A chorar com amor
Rengo, lengo, engo, lengo,
Tengo, lengo, tengo
Tendo, lengo, tengo, lengo
Tengo, lengo”.

“A toada ‘A Morte do Vaqueiro’ foi gravada no ano de 1963 em um disco de 78RPM, tendo Nelson Barbalho como parceiro de autoria. Em depoimento à jornalista francesa, Dominique Dreyfus, que escreveu a biografia ‘Vida do Viajante – A Saga de Luiz Gonzaga’, Nelson Barbalho relembrou o momento da composição: “A Morte do Vaqueiro foi composta na rua Vidal de Negreiros, nº 11, no Recife. Nós almoçamos juntos e depois fomos para a sala. Tinha um relogiozinho feito de coco, daqueles que balançam e Luiz ficou olhando o relógio e, daqui a pouco, falou: ‘eu sempre tive vontade de prestar uma homenagem a um primo meu, que era vaqueiro e foi assassinado lá no Sertão’. E ele contou a história de Raimundo Jacó que foi assassinado na caatinga, e nunca ninguém soube quem era o culpado. Eu disse que isso podia fazer um baião danado de bom, e na mesma hora ele pegou na sanfona e fez: ‘Lá lari lari lara’ e eu fiz ‘Numa tarde bem tristonha’; e ele: ‘Larará lará Lara’ e eu: ‘Gado muge sem parar/ relembrando seu vaqueiro/ que não vem mais aboiar’ e, no final da tarde, a música estava pronta”.


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