A MORTE DO VAQUEIRO
Clerisvaldo B. Chagas, 16 de dezembro de 2014
Crônica Nº 1.325
Homenagem a Gonzaga.
“A MORTE
DO VAQUEIRO
Numa
tarde bem tristonha
Gado muge
sem parar
Lamentando
seu vaqueiro
Que não
vem mais aboiar
Tão
dolente a cantar
Tengo,
lengo, tengo, lengo
Tengo,
lengo, tengo
Ei, gado,
oi
Bom
vaqueiro nordestino
Morre sem
deixar tostão
O seu
nome é esquecido,
Nas
quebradas do sertão.
Nunca
mais ouvirão
Seu
cantar, meu irmão
Tengo,
lengo, tengo, lengo
Tengo,
lengo, tengo
Ei, gado,
oi
Sacudido
numa cova
Desprezado
do Senhor
Só
lembrado do cachorro
Que inda
chora
Sua dor
É demais
tanta dor
A chorar
com amor
Rengo,
lengo, engo, lengo,
Tengo,
lengo, tengo
Tendo,
lengo, tengo, lengo
Tengo,
lengo”.
“A toada ‘A
Morte do Vaqueiro’ foi gravada no ano de 1963 em um disco de 78RPM, tendo
Nelson Barbalho como parceiro de autoria. Em depoimento à jornalista francesa,
Dominique Dreyfus, que escreveu a biografia ‘Vida do Viajante – A Saga de Luiz
Gonzaga’, Nelson Barbalho relembrou o momento da composição: “A Morte do
Vaqueiro foi composta na rua Vidal de Negreiros, nº 11, no Recife. Nós
almoçamos juntos e depois fomos para a sala. Tinha um relogiozinho feito de
coco, daqueles que balançam e Luiz ficou olhando o relógio e, daqui a pouco,
falou: ‘eu sempre tive vontade de prestar uma homenagem a um primo meu, que era
vaqueiro e foi assassinado lá no Sertão’. E ele contou a história de Raimundo
Jacó que foi assassinado na caatinga, e nunca ninguém soube quem era o culpado.
Eu disse que isso podia fazer um baião danado de bom, e na mesma hora ele pegou
na sanfona e fez: ‘Lá lari lari lara’ e eu fiz ‘Numa tarde bem tristonha’; e
ele: ‘Larará lará Lara’ e eu: ‘Gado muge sem parar/ relembrando seu vaqueiro/
que não vem mais aboiar’ e, no final da tarde, a música estava pronta”.
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