terça-feira, 9 de dezembro de 2014

O SOBRADO DE BRENO



O SOBRADO DE BRENO
Clerisvaldo B. Chagas, 9 dezembro de 2014
Crônica Nº 1.320
            
            Com a palavra o escritor santanense Tadeu Rocha
          “Quando Breno Accioly nasceu, o “coronel” tinha falecido há menos de um ano, mas o prestígio do sobrado era o mesmo: a viúva assumira a direção dos negócios e seu primeiro genro levara para a família a autoridade de Promotor Público, que três anos depois se converteu na de Juiz de Direito da Comarca. Não era em vão que a gente do sobrado tinha parentesco com o jurista Sérgio Loreto, Governador de Pernambuco. A casa do “coronel” continuava sendo como ele quis em vida ─ “O seio de Abraão” ─ hospedando governadores ou aventureiros, bispos ou vagabundos. A enorme sala de visitas “fim do império! Com cinco portas envidraçadas, no primeiro andar, abria-se para receber o governador Costa Rêgo e o industrial Lionello Iona, da mesma forma que antes acolhera os governadores Euclides Malta ou Manoel Borba, o pioneiro Delmiro Gouveia e os arcebispos Sebastião Leme e D. Duarte Leopoldo. Mas também os humildes clube carnavalescos da cidade, com fantasia de “morcegos” ou “negra da costa”, subiam as escadas do sobrado e dançavam. Livremente na ampla sala de visita, desde a parede onde ainda estava entronizado o quadro do Coração de Jesus até a outra de que pendia um belo espelho oval “biseauté”.
Como toda casa velha que se preza, o sobrado também possuía os seus fantasmas. Os parentes e amigos da família contam muitas histórias de assombração que ali se passaram na infância de Breno Accioly.
(...) E quando a família deixava o sobrado para viajar, muitas pessoas da cidade aglomeravam-se de noite na praça fronteira para ver as luzes que se deslocavam por trás das cinco portas envidraçadas do primeiro andar. E havia discussão sobre a alma penada que aproveitava a ausência da família para povoar a sala deserta, fazer vibrar as cordas do velho piano ou acionar o veio do gramofone para que tocasse a “Serenata de Braga” ou a valsa ‘Nid d’Amour’ em antigas ‘peças” da “Casa Edson’ ─ Rio de Janeiro”.
(ROCHA, Tadeu. Modernismo & Regionalismo. Maceió, Oficial, 1964. pp.98:99).

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