MARIA BONITA E OS CANIVETES
Clerisvaldo B. Chagas, 24 de dezembro de 2014
Crônica Nº 1.330
Terminado o livro, Maria Bonita, a Deusa das Caatingas, vejo na primeira lapidação que
deu 200 páginas com cerca de quarenta fotos. O problema agora é publicar, coisa
em que falta aproximação entre escritor e gráfica, com a eterna guerra dos
preços impossíveis. Noto que há um episódio em que é citado um canivete marca corneta.
E como uma coisa puxa outra, vamos deixando de lado o tema Natal, muito bonito,
mas também batido. Passando ao largo, somos atraídos pelo tal assunto canivete.
Lembro-me de quando a minha namorada indagou
há anos, se eu iria a sua casa; respondi usando a frase chavão: “Nem que chova canivete”. Objeto largamente
vendido na Casa Imperial de Pedro Cristino, o Seu Piduca. E como era também um
assíduo leitor dos bons livros da Biblioteca Pública, dirigida pela intelectual
Nilza Marques, foi lá que achei a quadra romântica e inesquecível:
Alecrim de beira d’água
Não se corta de machado
Se corta de canivete
Do bolso dos namorados.
Talvez da mesma fonte dessa outra belezura:
Lindo recanto, o biri
Amarelo ou encarnado
Nasce às margens do banhado
Com touças de sarandi.
Não me pergunte
leitor amigo, sobre autores. Não lembro mais. Tudo indica pertencerem ao
folclore gaúcho. Mas voltando ao canivete, houve a época da moda entre os
rapazes no início da década de 60. Adultos e jovens do sertão alagoano, pelo
menos, usavam esse pequeno objeto que no início era delicado. Cabos de diversos
materiais, inclusive em cores. Sua variedade fazia até com que alguns rapazes
fizessem coleção. Havia uns canivetes tão pequenos que cabiam no bolso de
algibeira. Depois começaram a aparecer tipos maiores de cabo de osso e folha de
desenhos esquisitos, iniciando com uma largura e finalizando com outra e até
lâminas tortas. Esses canivetes maiores e mais resistentes pareciam tirar o
encanto dos objetos iniciais, aparentemente, frágeis e belos.
Queremos dizer que os
primeiros faziam parte do romantismo da poesia da época enquanto os outros
sugeriam agressão e trabalho. De qualquer maneira, o canivete salva a crônica da
véspera de Natal.
Às vezes, como faz falta um charmoso e eficiente canivete!
Vamos ao que interessa: FELIZ NATAL!!!
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