terça-feira, 30 de dezembro de 2014

A PRÓXIMA FIGURINHA



A PRÓXIMA FIGURINHA
Clerisvaldo B. Chagas, 31 de dezembro de 2014
Crônica Nº 1.335

Foto: (guiadealagoas.blogspot.com)
Dona Maria, gente boa, esposa do alfaiate mais antigo que conheci na minha terra, Seu Quinca, morava bem perto da antiga Travessa Antônio Tavares. À esquerda da entrada, ficavam os manequins e balcão usados pelo calado profissional. Usava chapéu de pano à moda francesa. Sua esposa, Dona Maria, procurava melhorar a renda vendendo revistas, aguardadas semanalmente com ansiedade pelos leitores e leitoras da praça. Revistas de notícias como O Cruzeiro, e outras de novelas como Idílio, Capricho, Contigo e mais gibis como Bolinha, Luluzinha, O Fantasma, Tarzan e várias outras, deixavam a casa de Dona Maria de Seu Quinca sempre visitada e cheirosa de papel novo e tinta impressa.
Houve tempo em que vinham também figurinhas de jogadores, dentro de pequenas embalagens de confeito, coisa chamada lá no Sudeste de bala doce. Comprávamos as balas e saíamos trocando com outros meninos as duplicatas. As figurinhas formavam times completos de futebol: América, Vasco, Olaria, Piracicaba, Bangu, Palmeiras, Flamengo e outros, até formar o álbum único com todos os jogadores.  O atleta mais difícil de encontrar era Ademir, do Vasco, o maior da época. A moda que pegou entre a rapaziada era muito forte. Havia gente trocando figurinhas na cidade, em todos os bairros.
A maior expectativa era a da hora de abrir a embalagem da bala. Todos queriam jogadores raros. Havia, contudo, elementos que saíam direto, chegam enjoava. Penso que os piores. Como era grande a satisfação de encontrar um jogador de excelente qualidade! Coisa rara e gratificante.
Assim ocorre com os nossos dirigentes estaduais e mesmo municipais. No estado de Alagoas temos uma fileira dos péssimos que vêm desde o após excelente Guilherme Palmeira. Meu pai, homem simples e sábio, dizia que “bom administrador, é como cavalo bom, longe um do outro”. E após o governo Guilherme Palmeira só passa pelo palácio cavalo chotão.
Nesse último dia do usineiro zero à esquerda, é acompanhado do já vai tarde! Nova bala doce na mão, o alagoano pergunta aos céus quem será o próximo jogador. Um novo Ademir ou o último da fila...? Isto é, um novo Guilherme ou outro péssimo da matemática. Amanhã, abriremos a figurinha.

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