HISTORIANDO
O COMÉRCIO DE SANTANA
Clerisvaldo B. Chagas, 12 de dezembro
de 2014.
Para nós, meninos e rapazinhos, nos últimos
anos da época de 50, duas casas comerciais nos chamavam atenção e marcavam como
fontes de novidades para as nossas pequenas compras. O armazém de Seu Marinho,
secos e molhados, no prédio do meio da
rua, defronte a Sapataria Ideal, e a Casa
Imperial do senhor Pedro Cristino (Seu Piduca).
Seu Marinho, homem alto e forte viera da zona
rural corrido das presepadas de Lampião. Seu armazém era muito sortido e o
próprio Marinho Rodrigues despachava no balcão, junto à dona Prazerinha, sua esposa,
e seu cunhado Rêguinho. O seu filho Clodolfo Rodrigues de Melo, amigo de Breno
Accioly, estudou medicina e foi o primeiro médico da cidade. Possuíam imóveis
rurais nos arredores de Santana do Ipanema. Desde o excelente charque e o
bacalhau de primeira exibidos no balcão (que nós íamos tirando lascas com os
dedos e comendo) até o arame farpado, bolachas e querosene eram vendidos no
armazém. Ali era a nossa fonte de ximbras lisas e depois coloridas, expostas em
frascos transparentes bocas largas, sentados no balcão. Seu Marinho fazia
questão de meter a manzorra no gogó dos frascos e, creio que passavam somente
os dedos grossos.
Já no outro estabelecimento, Casa Imperial, comprávamos também ximbras
coloridas, belos pinhões, apitos de plástico rígido, ioiôs em variadas cores,
canivetes e facas tipos salva-vidas. O proprietário, Seu Piduca, assim como Seu
Marinho, era homem bem conceituado. Estatura abaixo da mediana, careca e usando
óculos, Seu Piduca também possuía uma olaria na margem direita do rio Ipanema, vizinha
a mais duas como as de Zé Cirilo e Eduardo Rita.
Marinho Rodrigues terminou cedendo terras na
periferia de Santana onde foi construído um conjunto residencial (tipo casa de
pombo) que leva o nome de Conjunto Marinho, até hoje, sem calçamento e
esquecido completamente pelas autoridades. O hospital regional de Santana, também
foi construído em terras da família, vizinho ao Conjunto Marinho e que leva o
nome do Dr. Clodolfo Rodrigues de Melo. Ainda vizinha aos dois, nas faldas da
serra Aguda, está sendo construído um enorme conjunto residencial particular na
antiga fazenda da família Rodrigues.
Assim as marcas físicas do passado vão
desaparecendo e rebrotando no papel de quem se propõe a isso.
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