segunda-feira, 17 de agosto de 2015

O MONSTRO DO BARROCO



O MONSTRO DO BARROCO
Clerisvaldo B. Chagas, 18 de agosto de 2015
Crônica Nº 1.474

UM DOS LIVROS DE MÉRO (1982).
Tive relacionamentos literários curtos, com escritores maravilhosos que honraram com suas obras as Alagoas e o Brasil. O palmeirense Luiz B. Torres e o também Adalberon Cavalcanti Lins, mais o homem de Penedo, Ernani Otacílio Méro, continuam no meu respeito e na admiração dos seus trabalhos. Não tive condições de conhecer pessoalmente o outro palmeirense Valdemar Cavalcante Lins, que faz parte da história de Santana, imortalizado por Oscar Silva, meu preferido escritor da terra.
Sempre preciso rever cada uma das obras desses alagoanos nas pesquisas, quase repentinas. No momento, elaborando a história do povoado Barra do Ipanema, município de Belo Monte, precisei do livro, História do Penedo, daquele  famoso escritor. Estavam lá na estante vários trabalhos de Méro, “O Monstro do Barroco”, mas logo surgiu a irritação: “Cadê, o meu livro que estava aqui?”, devidamente autografado. Péssimo hábito apoderar-se do empréstimo e deixar que o dono esqueça. Felizmente achei o trecho que procurava, em outros lugares. Espero que o sutil objeto do surrupio volte à minha estante.
Ernani Méro nasceu no dia 15 de fevereiro de 1925, Foi professor e apaixonado pela sua terra dedicando-lhe vários trabalhos de alto valor, como: História do Penedo, Coisas do Penedo, Penedo Ontem e Sempre, Painel Barroco do Brasil, Na Varanda do Tempo, Os Franciscanos em Alagoas e Barão de Penedo.
Ernani foi historiador, cronista, compositor, poeta e professor. Faleceu em 27 de janeiro de 1996. Penedo muito deve a esse filho que tanto detalhou e amou a sua terra, com uma vasta sequência literária.
Pertenceu, Ernani, à Academia Alagoana de Letras e confirmou a sua Penedo como “Terra de Escritores”. Ao descrever o patrimônio barroco do baixo São Francisco e de Marechal, tornou-se um “monstro” no assunto. Sem dúvida alguma, um insigne alagoano.



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domingo, 16 de agosto de 2015

FAZENDO SABÃO



FAZENDO SABÃO
Clerisvaldo B. Chagas, 17 de agosto de 2015
Crônica Nº 1.473

Imagem (Wikipédia).
Em Santana do Ipanema, Alagoas, a primeira rua da cidade, após a formação do quadro comercial, foi apelidada: Rua do Sebo. A denominação antiga sugeria uma fábrica de sabão, cuja matéria-prima teria sido o sebo de boi que ficava exposto por ali.
Entretanto, uma expressão chula vogava na metade do século passado. Falava-se em “fazer sabão”, no sentido de xumbregar, namorar no escuro, apalpar as partes íntimas. Da mesma maneira, falava-se da “peniqueira”, também nome deseducado, de baixo calão, ao se referir à empregada doméstica. O termo vem desde os tempos de Dom João VI no Brasil. De fato, referia-se às domésticas encarregadas de levar e jogar os penicos cheios, da realeza, nos monturos. Ainda na metade do século passado, essa função amplamente existia, pois, muitas residências, nem fossas possuíam. Tudo era jogado no monturo, no amplo quintal da casa repleto de mato de todos os tipos. A peniqueira também funcionava como uma espécie de prostituta doméstica, conquistada pelos patrões, filhos dos patrões e rapazes da rua. Diferente das prostitutas, dificilmente cobrava pela safadeza.

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Fábricas continuam sendo atraídas pelo governo estadual. Elas vão ficando pelo litoral na dobradinha: Maceió, Marechal Deodoro ou Murici e Arapiraca: cimento, material elétrico, plástico, azulejos, biscoitos e várias outras, ainda. Ao sertão são entregues bodes, cabras, semente e risos. Interessante, não existe determinação para desenvolver o semiárido, nem de cima, nem dos “coronéis” da própria terra que insistem em manter o povo analfabeto, para não perderem a força do cabresto.
Até o leite de cabra que poderia abastecer os hospitais para pacientes sensíveis, vai ser transformado em sabão. Está aí o grande progresso conformista dos coronéis. Uma Sucupira novelesca digna de uma caprichada sertaneja. O sertão abandonado pelos próprios gestores só presta pra fazer sabão. Que coisa, meu Deus!



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