domingo, 15 de maio de 2016

O LEITE DA MÃE

O LEITEIRO URBANO. Foto: (Clerisvaldo).


O LEITE DA MÃE
Clerisvaldo B. Chagas, 16 de maio de 2016
 Crônica Nº 1.511

Com a volta do leiteiro pelas ruas de Londres, resgata-se um costume bonito e saudável. Em versão moderna, o leiteiro conduz em carro elétrico as garrafinhas do produto e, pela madrugada ainda, sai distribuindo porta em porta dos contratantes. Escuro, ruas desertas e frio intenso, o leiteiro solitário vai cumprindo o seu dever prazeroso, apesar da solidão.
Sendo um país sério, é de se supor que o leite fornecido seja integral e puro, como manda a honestidade de quem tem caráter. E como não se pode deixar de comparar o que se passa neste mundo velho de meu Deus, notamos a mesma tarefa no sertão alagoano, com algumas particularidades.
Lembramos muito bem dos tempos em que era vendido em pacotes o leite tipo C, em Maceió, especialmente nas padarias. Mesmo esse leite empacotado e popular, já era alvo de críticas e comentários nas rádios da capital, sobre a sua qualidade comprometida pela água e outros produtos estranhos.
No Sertão não falta vendedor de leite, tanto em residências quanto nas ruas, Nas ruas são distribuídos em balde de fazendas transportados em motos. A diferença para a Inglaterra é que ele não vem em garrafinhas para ser deixadas nas portas, pela madrugada. Surge depois das oito, quando a temperatura está bastante elevada. É servido através de um caneco em que se supões tenha um litro na medida. Outra diferença é que nenhum resiste como original a mais de três dias. Isto é, o cliente (palavra que substituiu freguês) pode receber leite puro pela primeira vez e, no máximo, até a terceira. Daí em diante, leite talha na panela ou fica azulado que nem para doce presta, pelo tanto de água acrescentada. Que tipo de água? Esse é mais um mistério sertanejo.
O costume da roubalheira vai daí aos engravatados de Brasília. E pensar que na Grécia antiga um homem saiu pelo dia com uma lanterna acesa procurando um cidadão de vergonha... Quer leite puro, caro leitor? Só voltando aos inolvidáveis tempos e ao colo garantido da mãe.



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sexta-feira, 13 de maio de 2016

REVOLTA DA VACINA



REVOLTA DA VACINA
Clerisvaldo B. Chagas, 13 de maio de 2016
Crônica Nº 1.510

Charge da época sobre a vacina.
Um movimento ocorrido no Rio de Janeiro entre 10 e 16 de novembro de 1904, foi marcado como a Revolta da Vacina. O motivo da revolta popular foi a vacinação obrigatória imposta pelo governo federal contra a varíola.
Embora seus objetivos fossem para o bem geral, ela foi aplicada de forma violenta e autoritária. Em alguns casos, os agentes sanitários invadiam casas e aplicavam a vacina à força. A população naquela época não sabia o que era uma vacina e tinha medo dos seus efeitos. A população apavorada iniciou então uma revolta que deu dor de cabeça ao governo.
“A população estava confusa e descontente. A cidade parecia em ruínas, muitos perdiam suas casas e outros tantos tiveram seus lares invadidos pelos mata-mosquitos, que agiam acompanhados de policiais. Jornais da oposição criticavam a ação do governo e falavam de supostos perigos causados pela vacina. Além disso, o boato de que a vacina teria de ser aplicada nas ‘partes íntimas’ do corpo (a mulher teria que se despir diante dos vacinadores), agravou a ira da população, que se rebelou”.
“A aprovação da lei da Vacina foi o estopim da revolta: no dia 5 de novembro a cidade virou um campo de guerra. A população exaltada depredou lojas, virou e incendiou bondes, fez barricadas, arrancou trilhos, quebrou postes e atacou as forças da polícia com pedras, paus e pedaços de ferro. No dia 14, os alunos da Escola Militar da Praia Vermelha também sublevaram contra as medidas baixadas pelo Governo Federal.”
Atualmente a população fez fila para obter a vacina e a procura foi grande nas clínicas particulares. Mesmo assim, ainda apareceu uma porção de gente com as ideias de 1904. Não queriam se vacinar e apregoavam os males que poderiam acontecer com a vacina, desestimulando outras pessoas. Ê humanidade!... Só Deus.




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