sexta-feira, 21 de abril de 2017

SANTANA, 230 ANOS DA FUNDAÇÃO (II)



SANTANA, 230 ANOS DA FUNDAÇÃO (II)
(Em duas crônicas)
Clerisvaldo B. Chagas, 22 de abril de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.665

SANTANA 230 ANOS DEPOIS. Foto: (Clerisvaldo B. Chagas).
Chega o padre Francisco José Correia de Albuquerque. Natural de Penedo, quando foi designado para essa região, já possuía fama de santo e milagreiro, além de visionário. Era estimado aonde chegava e suas previsões corriam mundo. O povo, com todo o respeito que havia chamava-o de Santo Padre Francisco. Era orador sacro arrebatador.
Ao chegar pela primeira vez à ribeira do Panema, ficou hospedado na casa do seu grande amigo, fazendeiro Martinho Rodrigues Gaia. Era o ano de 1787.
“O padre Francisco já trabalhara em outros lugares e viera designado para exercer as suas funções sacerdotais na região, porém, tendo como central dos seus movimentos religiosos, o arraial da margem do Ipanema. Na bagagem trouxera uma imagem de São Joaquim e outra de Santa Ana, diretamente da Bahia, a pedido da esposa do fazendeiro, Martinho Rodrigues Gaia, Ana Teresa, primeiríssima devota de Santa Ana nas terras da ribeira. Ainda a pedido daquela fervorosa cristã, o padre fez erguer uma capela onde antes era o curral de gado, cem metros a noroeste da casa-grande de Martinho Rodrigues Gaia. Além do terreno cedido para a capela, este fazendeiro ainda muito contribuiu para a sua construção. Por trás da capela o sacerdote  construiu também um abrigo para beatas. Ele mesmo dourou o altar e esculpiu em madeira a imagem do Cristo Crucificado. Terminado todo o serviço, o padre colocou, então, no altar, as imagens de São Joaquim, Senhora Santa Ana e o Cristo por ele confeccionado. A capela foi inaugurada em 1787, mesmo ano em que o sacerdote chegara ao arraial de mamelucos”

*Adaptado de RIBEIRO, Teotônio. Escorço biográfico do missionário apostólico, Doutor José Francisco Correia de Albuquerque, presbítero de do hábito de São Pedro, vulgarmente conhecido por “Santo Padre Francisco”, Penedo, Attelier, 1917.

ESTAVA, POIS, FUNDADA OFICIALMENTE A FUTURA CIDADE DE SANTANA DO IPANEMA, COM A CONSTRUÇÃO DA CAPELA EM 1787, PELO PADRE FRANCISCO JOSÉ CORREIA DE ALBUQUERQUE E SEU AMIGO FAZENDEIRO MARTINHO RODRIGUES GAIA.

Toda a região que se chamava Ribeira do Panema passou a partir da fundação da capela a ser apontada como “SANT’ANNA DA RIBEIRA DO PANEMA” com sede na capela do arraial e na casa da fazenda.
·         CHAGAS. Clerisvaldo B. Santana do Ipanema (Alagoas) Conhecimentos Gerais do Município. GrafMarques, 2011.
·         CHAGAS. Clerisvaldo B. O Boi, a Bota e a Batina, História Completa de Santana do Ipanema. Inédito.


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quinta-feira, 20 de abril de 2017

SANTANA, 230 ANOS DA FUNDAÇÃO



SANTANA, 230 ANOS DA FUNDAÇÃO (I)
(Em duas crônicas)
Clerisvaldo B. Chagas, 21 de abril de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.664


Na segunda metade do Século XVIII, Martinho Rodrigues Gaia, de origem portuguesa e procedente do lugar chamado Vila de Minas do Rio das Contas, Bahia, costumava ir a Penedo a negócios, tendo casado com Ana Teresa, talvez penedense.
Tomando conhecimento de que na ribeira do Panema havia grande extensão de terras devolutas e estando interessado na agropecuária, Martinho Rodrigues Gaia e seus irmãos Martinho Vieira Rego e Pedro Vieira Rego, pleitearam e conseguiram uma sesmaria na região. A sesmaria outorgada constava doze léguas, mais ou menos, de nascente a poente, ou seja, da serra do Caracola a ribeira do Riacho Grande; outras léguas de nordeste e sul, da ribeira dos Dois Riachos a ribeira dos Cabaços.
Martinho Rodrigues Gaia, Martinho Vieira Rego e Pedro Vieira Rego, passaram pela foz do rio Ipanema, depois de navegarem de Penedo até ali, chegando mais acima, ao povoamento de Pão de Açúcar. Montados a cavalo, seguidos por familiares, escravos e mateiros que conheciam a região, iam abrindo caminho até o coração da ribeira do Panema.
O lugar escolhido para sediar o domínio da sesmaria ficou próximo à barra do riacho Camoxinga ─ tributário do Ipanema ─ rodeado por elevações naturais como o serrote do Pelado, do Gonçalinho e da Goiabeira; e a serra Aguda, da Remetedeira, do Poço, da Camonga e dos Macacos. Os três irmãos chegaram à ribeira em torno de 1771, quando no Brasil governava o vice-rei D. Antônio Rolim de Moura.
Fora dos seus domínios de sesmarias, encontraram ao norte os vizinhos de terras, já radicados na ribeira, João Carlos de Melo que possuía uma fazenda de nome “Picada”, cuja extensão girava em torno de duas léguas; e José Vieira com fazenda vizinha a João Carlos de Melo.
Martinho Rodrigues Gaia construiu a sede da sua fazenda em lugar aprazível à margem esquerda do rio Ipanema, a carca de 200 metros do Poço dos Homens, no alto barranco do segundo patamar em ordem de afastamento do rio. Os fundos da casa-grande estavam voltados para o cenário do Panema. O lado esquerdo encontrava um declive que levava até à foz do riacho Camoxinga. O terreno plano da frente da casa dava acesso a um longo aclive e, a direita mostrava um plano com ladeira suave adiante.
Martinho Rodrigues Gaia construiu ainda o seu curral de gado cem metros a noroeste da casa-grande. Defronte a residência plantou um tamarindeiro para fornecer sombra a quem dela precisasse.
Com a chegada do fazendeiro Martinho Rodrigues Gaia e seus irmãos, em 1771, a localização privilegiada da casa-grande de Martinho Rodrigues Gaia, fez brotar um arraial de caboclos (mestiços de brancos e índios Fulni-ô) entre 1771 e 1787.

·         Continua amanhã.








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