segunda-feira, 10 de julho de 2017

RIOS CHEIOS, BARRIGAS CHEIAS



RIOS CHEIOS, BARRIGAS CHEIAS
Clerisvaldo B. Chagas, 10 de junho de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.690
Rio Ipanema (Arquivo).

Até agora no Sertão de Alagoas continua o formidável inverno. Não estamos ainda nem na metade da época das chuvas e nunca se viu por aqui, tanta água como no mês de junho. Mesmo pertencente ao período invernoso, o mês de São João sempre foi moderado, deixando quase toda pluviosidade das duas estações para o mês pesado de julho. Após os seis anos de seca, junho de 2017 chegou disposto a apagar toda má impressão do flagelo. Nunca tínhamos visto junho tão bravo como agora. Chuvas ou muitas ou poucas foi uma tirada só dia e noite sem direito a descanso. No caso das chuvas, o sertão virou Amazônia, no caso do frio, virou Paraná. Somente agora à noite o tempo resolveu dar uma trégua depois um mês e nove dias.
Enquanto a época traz bastantes transtornos para a capital o velha Sertão de guerra agradece a Deus todos os dias por tamanha bondade. Tem pasto para o boi, o cavalo, o carneiro e os bodes que bodejam alegres escolhendo a cabrinha de preferência. Barreiros, barragens, pilões de pedra, açudes, sangram esbanjando crédito. Rios e riachos ficaram robustos em suas cheias barrentas avisando a fartura regional. Corre o Ipanema, o Traipu, Capiá, Dois Riachos, Riacho Grande, Jacaré, Farias, Desumano, Camoxinga e outros menores, levando para os nascidos ontem como era no passado. E você quer saber? Daí surge o feijão-de-corda, de arranca, fava, andu e o milho tão festejado em todos os lugares. O vento assovia nas telhas e os cobertores pesados não encontram sol para tirar o cheiro.
Ninguém pode ser inimigo de inverno e nem verão. O que falta são as ações efetivas e permanentes para o resguardo de vidas. Na zona da Mata, em muitas cidades as casas foram construídas muito perto de rios perigosos. Os extensos canaviais dos grandolas não permitiam ceder um palmo da terra para a pobreza que se foi acumulando na área de risco. As tragédias são repetidas na capital, principalmente, pela cegueira das autoridades. Quinze mil famílias vivem dentro das grotas, clamando por melhoria que quando chegam vêm à moda de conta-gotas. São Pedro nada tem a vê com isso, pois ele não desvia verbas públicas, nem está envolvido na Lava-Jato.
Lembra-se da trégua citada no primeiro parágrafo? Acabou agora mesmo antes de chegarmos ao último.
No Sertão, rios cheios, barrigas cheias. Viva a chuva, comadre!

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segunda-feira, 26 de junho de 2017

FORROZINHO! FORROZINHO!



FORROZINHO! FORROZINHO!
Clerisvaldo B. Chagas, 26 de junho de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.689


Atirei no que vi, matei o que não vi, diz o jargão popular. Pesquisando para encerrar meu recente romance do ciclo do cangaço, fui para 1927. Deparei-me de repente com um artigo que considero histórico e sagrado para a música alagoana, nordestina e brasileira, muito embora não faça parte desse seguimento.
Foi em um texto de Renata Arruda, Agência do Governo, com o título “Choveu na Minha Roça”, acompanhado do subtítulo: “Primeiras manifestações de forró em Alagoas surgiram em 1927, diz presidente da Associação dos Forrozeiros”.
Após falar sobre a festa atualizada do período junino em Maceió, diz o texto apresentando José Lessa como presidente da Associação dos Forrozeiros, em foto, com suas declarações importantíssimas. Veja:
“Para José Lessa, presidente da Associação dos Forrozeiros, as primeiras manifestações de forró surgiram em Alagoas em 1927, com a música ‘Choveu na minha roça’, de Gerson Filho, sua primeira composição quando tinha apenas 12 anos de idade, gravada somente em 1953”.
Veja outras declarações para a história da música forró:
“Eu já ouvi diversos artistas como Joci Batista, Gennaro, Chameguinho, Benício Guimarães, Afrísio Acácio, Sandoval, entre outros, e todos concordam que Gerson Filho foi o percursor do forró como gênero musical”, afirma.
Veja mais:
“Segundo Lessa, Gerson Filho também foi o precursor da sanfona de oito baixos e o músico que introduziu o forró nas quadrilhas, uma vez que a polca, ritmo de origem alemã, era quem balançava até então as quadrilhas juninas”.
Mais:
Outros artistas alagoanos de relevância no forró foram Jararaca, Augusto Calheiros e Zé do Bambo, com a composição de rojão ‘Do Pilá’, gravada em 1938.
Mais ainda, essa maravilha:
“Alagoas é o estado que mais influenciou o forró no Brasil. São muitos os alagoanos que contribuíram com o movimento e nós temos que assumir o papel de precursores no país”, enfatizou José Lessa.
E de quebra, termina o artigo:
Ainda conforme o presidente da Associação dos Forrozeiros, a palavra forró deriva do Francês “faux-bourdon”, um tipo de composição musical que deu origem ao termo “forrobodó”, usado em alusão a baile popular, arrasta-pé, festança, bagunça, confusão, como consta no Dicionário do Folclore Brasileiro, de Luís da Câmara Cascudo.







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