domingo, 24 de dezembro de 2017

NATAL

NATAL     
Clerisvaldo B. Chagas, 25 de dezembro de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1808

Para quem mergulha nos recônditos da História sobre o Natal, amplia um vasto conhecimento sobre o mundo pagão e o cristianismo. E se tiver a intenção em se demorar, deve levar o escafandro, porque o tema há de percorrer tantas páginas que formará um livro. E entre tantas teorias e teses dos letrados, vamos misturando as frases corriqueiras da época, entre compras, abraços, festas, tristezas e solidão. Apesar das estripulias, horrores e maluquices do mundo, a presença forte e invisível do filho de Deus, parece tocar forte no coração do bom e do bandido. Um aglomerado de sentimentos do leque interminável de religiões, antes fragmentado, compõe por algumas horas o que deveria ter sido melodia o ano todo e não foi.
Não tem como – mesmo na felicidade máxima ou na melancolia extrema – não se render a reflexão sobre o Cristo e à própria vida trazida ou arrastada até o fórum natalino. É assim que cumpro a minha parte de aliança com o Mestre, todo dia 25 de dezembro. Em qualquer lugar onde eu me encontre e possa, procuro realizar meu ritual sagrado, aliança forte entre eu e ELE em que qualquer pessoal pode participar conosco. Porém, o motivo da aliança, repousa somente entre eu, Jesus e uns poucos familiares mais de perto. Feliz quem tem suas devoções e se sente assistido em todos os momentos da vida. Parece que o aniversário do Homem é sempre uma oportunidade de recomeçar por outra vereda, a partir do início da vereda escolhida, trilhada e errada.
O dia sagrado de hoje é indicado para reunir a família diante da mesa farta, mediana ou pobre, com a importância maior para o aconchego familiar. Nada impede o ajuntamento de pessoas amigas e até desconhecidas na ceia fraternal em louvor ao Senhor dos Mundos. E se mandamentos de fraternidade não têm sido observados no decorrer do ano, o Natal serve bem para nos abrir os olhos para a frase resumo do cristão: “Quem não vive para servir, não serve para viver”, tantas vezes repetidas pelo meu genitor como forma de aprendizado. Mas se a bondade que arrebatamos no evento não se perpetuar, vamos a indagação: E para que serve o Natal? FELIZ NATAL E PRÓSPERO ANO NOVO.





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quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

LEMBRANDO RAUL, LEMBRANDO O RIO


LEMBRANDO RAUL, LEMBRANDO O RIO
Clerisvaldo B. Chagas, 22 de dezembro de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1807

RIO IPANEMA. FOTO: Clerisvaldo B. Chagas).
IPANEMA

“Qual uma criança, ciosa do seu melhor brinquedo, jamais afastei do pensamento a doce imagem da minha infância no leito pedregoso do rio Ipanema. Ora eu andava em rompimento à temporânea correnteza, ora saltava e mergulhava na quietude dos poços que a enchente deixava em volta das pedras mais altas, que marcavam o remanso impetuoso das águas velozes para o São Francisco.
Era assim na fase hibernal, quando o leito do rio se paramentava orgulhosamente vestindo um lençol líquido, às vezes alvacento, que, todavia, não durava muito; aos poucos, com o avanço inevitável do estio, a coberta aquífera se rompia com a aparição das pedras que iam despontando aqui e ali, e em breve, um lombo de areia também surgia dividindo a vazante e serenando o embalo da correnteza.
Esse valente tributário do famoso rio Chico, entra em Alagoas procedente do município pernambucano de Pesqueira, seu nascedouro. É um rio querido das crianças que habitam a sua longa e animada ribeira e aprendem a nadar e fazer pescarias, bem assim, transformam o seu dorso de areias branquinhas e faiscantes em palco de verão para as suas animadas e ingênuas brincadeiras.
É mesmo um gosto beirarmos as margens do rio Ipanema fechadas por arbustos sempre verdes e, também, fartos de passarinhos alegres e saudáveis, que ali se aninham para o amor e a procriação.
Como se vê, o cálido verão regional, não apaga de todo o encanto natural do rio Ipanema, mormente em virtude da aparição de poços que restam da cheia e refrescam o ambiente represando peixes e também crustáceos, como, por exemplo, aratanhas e pitus, que, em clima de festa, são fisgados pela população em seus limites.
Tive a graça de participar da delícia dos festejos que acabo de enumerar, bem como de, ainda hoje – muitos anos são decorridos! – me deleitar na memória afetiva de todos eles.
O Ipanema há de acompanhar meus passos pela vida em fora, até que eu mergulhe no silêncio perpétuo que é o manto indevassável que nos separa do misterioso Outro Lado da Vida”.

·         MONTEIRO, Raul Pereira. Lembranças. Ideia, João Pessoa, 2002, págs. 33-34. 

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