terça-feira, 2 de janeiro de 2018

NOS TEMPOS DOS ARMAZÉNS




NOS TEMPOS DOS ARMAZÉNS
Clerisvaldo B. Chagas, 3 de janeiro de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 18?/

Vendo um carro de boi, no trajeto Palmeira dos Índios – Santana do Ipanema vem à lembrança dos tempos em que o Sertão fervilhava desse tipo de transporte. Eram eles os distribuidores de mercadorias campo/cidade e vice-versa. Na cidade de Santana, o ponto dos carreiros era o Largo do Juá, no leito seco do rio Ipanema. Ali se aglomeravam centenas de carros de boi que ficavam aguardando as compras das feiras dos sábados e dos armazéns. Os bois chegavam logo cedo e eram alimentados pela palma forrageira trazida nos próprios carros. Os carreiros andavam pela feira com o currião, o facão e, na maioria das vezes, com chapéu de couro.
Muitas mercadorias eram compradas em armazéns de secos e molhados. Lembro-me do armazém do senhor Marinho Rodrigues, talvez o mais sortido de todos que vendia desde a ximbra de menino brincar até o arame farpado, passando pelo charque, bacalhau, querosene, munição, bolachas, sal, açúcar e tantas outras coisas que fica até difícil enumerar. Seu Marinho negociava no chamado “prédio do meio da rua”, tendo defronte a Casa Ideal, sapataria de luxo do senhor Marinheiro. No balcão, Seu Marinho contava com a esposa Dona Prazerinha e o cunhado Reguinho, ele mesmo e mais alguns empregados. Reguinho também possuía a habilidade de trançar palhinhas em cadeira, moda da época.
Seu Marinho havia vindo da zona rural, devido a uma visita de cangaceiros à sua casa. Na ocasião houve fuga e tentativa, tensão, saque e desentendimento entre os cangaceiros Craúna e Cajueiro até a chegada do chefe, Lampião. Dessa família saiu o primeiro médico filho do município, Dr. Clodolfo Rodrigues de Melo também pioneiro em clinicar na cidade. Clodolfo hoje tem seu nome reconhecido no Hospital de Santana do Ipanema. O progresso foi aos poucos entregando os serviços do carro de boi ao caminhão. A partir da gestão do prefeito Ulisses Silva que substituiu o calçamento bruto da cidade por paralelepípedos, carro de boi foi proibido de entrar na urbe. Por outro lado os armazéns foram substituídos por mercearias e, posteriormente, mercadões e outros palavreados.






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segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

REIS MAGOS FAZEM A FESTA

REIS MAGOS FAZEM A FESTA
Clerisvaldo B. Chagas, 2 de janeiro de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1814

IMAGEM: (PIXABAY)
No Médio Sertão Alagoano, uma cidade conserva a tradição de homenagear os três Reis Magos, aqueles que vieram do Oriente para louvar e presentear o Menino Jesus. Eles foram citados apenas no Evangelho segundo Mateus. Mesmo sem comprovações do número exato de reis magos, suas verdadeiras atividades e seus nomes, a tradição dá como três e que teriam sido Belchior, Baltasar e Gaspar com os presentes ouro, incenso e mirra. É muito interessante o relato bíblico que deixa um grande espaço para eternas pesquisas sobre o acontecimento. Mas independente das exatidões do fato, a Cristandade não esquece a visita feita por aqueles estrangeiros ao menino recém-nascido.
É assim que o município de Poço das Trincheiras, emancipado de Santana do Ipanema em 1958 e tendo como padroeiro São Sebastião, comemora a visita dos Reis Magos. A cidade se agita com os pocenses recebendo milhares de visitas do Sertão de Alagoas e de Pernambuco, durante dois dias de intenso e lendário festejo. Para 2018, a chamada Festa de Santos Reis, já foi divulgada através das redes sociais e que será realizada nos dias seis e sete de janeiro. Segundo o que se sabe, no dia seis, a parte profana terá início às doze horas com encontro de paredões no Campo Esportivo São Jorge. E as vinte e duas horas, haverá baile no Ginásio de Esportes com as bandas Nostalgia e Mistura Hits. No dia sete, às 12 horas, haverá Gincana Moto Ciclística na Praça Padre Cícero. Às vinte e uma horas, show de Avine Vinny, Israel Novaes e Luan Estilizado. Não conseguimos a programação religiosa.
Está aí, portanto, mais um motivo para uma visita ao Sertão, com o embalo do município de Poço das Trincheiras. A sede do Poço fica bem perto de Santana do Ipanema, e tem acesso asfáltico até a BR-316. O lugar com pouco mais de 13.000 habitantes, possui um núcleo limpo, alegre e ensolarado. A cidade é plana assim como a maior parte do município, mas resguardada a leste pela imponente serra do Poço com 500 metros de altitude e outras que compõem o relevo e a beleza sertaneja.























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