quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

O CRUZEIRO


O CRUZEIRO
Clerisvaldo B. Chagas, 16 de fevereiro de 2018
                                      Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.844

Primeira capa da revista O Cruzeiro, em 1928. (Arquivo).

Estamos em torno dos 41 anos do fechamento da revista de circulação nacional, O Cruzeiro. Foi uma revista de grandes reportagens e alto padrão lançada no Rio de Janeiro em 10 de novembro de 1928 e perdurou até 1975. Era editada pelos Diários Associados, de Assis Chateaubriand. Em 1960 recebeu novo design editorial que ficou conhecido como “bossa nova”. A revista O Cruzeiro foi a principal revista ilustrada brasileira. Com inovações gráficas, publicações de grandes reportagens com ênfase ao fotojornalismo, estabeleceu linguagem nova na imprensa do Brasil. Reportagens de grande repercussão surgiram em parceria com a dupla repórter-fotográfico, sendo a mais famosa a formada por David Nasser e Jean Manzonque, anos 40 e 50.
O Cruzeiro falava dos astros de Hollywood, cinema, esportes e saúde e ainda divertia com charges, culinária e moda. Foram feitas reportagens como Lampião, Floro Novais, entrevistas com cangaceiros e cangaceiras e cobertura do suicídio de Getúlio. Chegou a atingir uma tiragem de 720.000 exemplares, quando a maior fora 80.000. Dizem que nos anos 60, O Cruzeiro entrou em declínio por má gestão, sem o uso de suas fórmulas e o surgimento de novas publicações como as revistas Manchete e Fatos e Fotos. O ano de 1975 marcou a consagração da televisão e o declínio dos Diários Associados. Claro que todo veículo de comunicação tem sua tendência, sendo assim também com esta revista.
Nos anos 60, apesar de gostamos de gibis, como Tarzan, Kid Colt, O Fantasma e outros, aguardávamos também O Cruzeiro, para olharmos na última página, a charge do Amigo da Onça. As revistas chegavam para Dona Maria, esposa do alfaiate, Seu Quinca, à Rua Nilo Peçanha (Rua da Cadeia Velha). Dava gosto receber tantas revistas cheirosas das gráficas brasileiras. Muitas vezes quando as revistas chegavam, já estávamos aguardando na casa de Dona Maria, que era uma pessoa paciente e agradável.
A polêmica da estátua em homenagem ao jumento e seu tangedor, em Santana do Ipanema, foi mote desta revista em longa reportagem falando dos dois lados da questão, entre o prefeito da época e o vereador Everaldo Noya.
Que lembranças da qualidade em comunicações!




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quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

FAZENDO MOSAICO


FAZENDO MOSAICO
Clerisvaldo B. Chagas, 15 de fevereiro de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.843

MOSAICOS. FOTO: (GAZETA DO POVO).
O piso das casas de Santana, após o uso do cimento, entrou em um tipo de moda muito interessante. Pessoas mais abastadas da cidade começaram a usar, em lugar do cimento comum, ladrilhos chamados mosaicos. O mosaico era um pequeno bloco de cimento e outras misturas, de aproximadamente 20 cm2. Era grosso com superfície polida, continha variadas cores e desenhos criativos. Com a moda em expansão, principalmente pelo efeito positivo e belo em salões e residências, foi implantada uma fábrica em Santana do Ipanema. Por pequena que fosse a unidade, mas representava um passo no modernismo, no progresso e economia local.
Conhecida como “A fábrica de mosaicos”, estava situada no Bairro São Pedro e pertencia ao cidadão denominado Zezito Tenório (o mesmo que cedeu a maior parte das terras para o atual Bairro São José). Foi de grande valia essa fábrica que fez a evolução do conforto caseiro, criou empregos e movimentou o comércio da construção. Não sabemos as razões, mas a fábrica de Zezito Tenório cerrou as suas portas. Ainda hoje o lugar é marcado com uma parede em preto, nas proximidades da Biblioteca Municipal Adercina Limeira.
Com a evolução dos tempos, o mosaico foi substituído pelo chamado “piso”, mais fino e mais polido, feito de argila cozida. O mosaico era encerado nas residências, formando um brilho muito bonito e chamativo. O piso de hoje já chega com o brilho de fábrica e alguns são até vitrificados. Portanto, a fábrica de mosaicos de Zezito Tenório, foi também ponto de referência tanto do Bairro São Pedro, quanto da cidade.
E foi assim que no chavão de “bater às portas”, desapareceram conquistas que representavam os passos para frente como fabriquetas de calçados, aguardente, refrigerante, colorau, vinagre, móveis, cordas, colchões, sola e outras que não encontraram respaldo das autoridades. A cidade perdeu todo seu processo nascente de industrialização.
Há pouco ainda havia várias casas em Santana do Ipanema, ostentando os charmosos blocos de mosaicos da fábrica de Zezito. Foi em palestra na Biblioteca Adercina Limeira que historiei por completo o Bairro São Pedro e sua importância no desenvolvimento de Santana do Ipanema, para os alunos da Escola Líder. 
Acho que não existe nenhuma pedra de mosaico em exposição no Museu Darras Noya.


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