quarta-feira, 12 de setembro de 2018

O CIRCO E AS LÁGRIMAS



O CIRCO E AS LÁGRIMAS
Clerisvaldo B. Chagas, 13 de setembro de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 1.982
 
DESARMANDO O CIRCO. (FOTO: CLERISVALDO B. CHAGAS).
O circo, diversão das ruas em todos os tempos, vai sofrendo reveses paulatinamente. Numa época em que não havia televisão, a chegada de um circo numa cidade, pequena ou grande, era motivo de reboliço. Alguns deles, além da parte do espetáculo propriamente dito, mostravam também o chamado drama. Este era o tipo de circo-teatro, perfeição de arrepiar. Inúmeros talentos eram tão reconhecidos quanto os do teatro fixos de hoje. Uns apresentavam tanto luxo que de fato imitava um mundo de sonhos, um mundo encantado onde todos os espectadores desejavam explorá-los. Com as novas formas de diversão que foram surgindo no mundo, o circo foi encolhendo e entrando em crise.
Diante dessa situação que vai extinguindo esse tipo de espetáculo, chegou a Santana do Ipanema um circo que se instalou no Bairro São José. As escolas da vizinhança foram convidadas, mas como um apelo de socorro. O preço de entrada estava lá em baixo e algumas escolas mandaram seus alunos para o divertimento. O espetáculo desses talentosos artistas nada deixou a desejar, como sempre. É o mágico, é o palhaço, a rumbeira o mágico, o equilibrista... Mas a situação visual do circo deixou uma tristeza grande nos que compareceram. Aí vamos pensando nos bens públicos e na cultura que convivem com o mesmo desprezo no país.
O circo, além de tantos artistas de primeira a amenizar com alegria o sofrimento geral, é refúgio contra a marginalidade de jovens e adultos através do seu abraço. O que custa uma ajuda empresarial, estadual... Para a compra de uma lona, de um picadeiro de alguns objetos que fazem a felicidade de multidões. Os corações duros, gelados, não se abrem para a caridade de ouro. Assim os jovens, que foram ao circo, procuram entender ou não o desprezo com a cultura ambulante e salvadora de muitas mazelas. Contemplamos com tristeza a fome que ronda todos os dias pequenos e médios circos do país, pois até os grandes estão desistindo.
Chora o povo, chora o palhaço.

Link para essa postagem
http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2018/09/o-circo-e-as-lagrimas.html

terça-feira, 11 de setembro de 2018

FEIRA, O ENCONTRO DO POVO


 
PARCIAL DA FEIRA DE SANTANA. FOTO: (B. CHAGAS).

FEIRA, O ENCONTRO DO POVO
Clerisvaldo B. Chagas, 12 de setembro de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 1.981

Foi ainda no século XIX que a feira de Santana do Ipanema começou a funcionar aos sábados. O sábio conselho veio da boca do “santo padre Francisco”, um dos fundadores do município da Ribeira do Panema. Até hoje a feira funciona em dia diferente daquele assinalado como descanso, pelo mundo católico. Além do conselho cristão, o padre era visionário e sabia da dimensão futura da feira-livre e sua perenização. Não se sabe de nenhum contratempo que tenha tido a pretensão de mudança. As feiras dos outros municípios tiveram que concorrer com a de Santana, experimentando outros dias da semana, utilizando até mesmo o próprio domingo.
Com o passar do tempo, somente a feira do sábado não satisfazia nem a produtores rurais e nem a população local. Foi inventada, então, a feira da quarta como complemento da primeira. Como tudo deu absolutamente certo, ambas as feiras continuam até agora, início do século XXI. Não sabemos se ainda pela carência de produtos do campo, necessidade ou ambição comercial, quase todos os dias encontramos barracas espalhadas emendando ambas as feiras. Essa modalidade de comércio que vem desde os tempos medievais, não fica somente no interior. As capitais, mesmo com os seus mercadões com diversos títulos, também continuam com as feiras, sem prejuízo algum. Na capital, Maceió, encontramos a feira do Jacintinho, a feirinha do Tabuleiro e  a do Mercado da Levada que se tornaram permanentes.
É verdade que a feira é um local para ser administrado dia a dia pelos vários fatos novos que vão surgindo. Entre eles está o estacionamento de transportes coletivos e individuais. Entretanto, isso não deve causar nenhum transtorno se os administradores estiverem sempre atentos e dispostos às resoluções de problemas. Andar na feira, comprar na feira, encontrar-se na feira, para muitos é um prazer semanal causador de alegria. Outros não as suportam. Mas a feira é um fator de equilíbrio de preços entre a população e os tubarões.
Foi na feira do sábado passado, em Santana do Ipanema, quando os políticos na praça rasgaram o verbo.
Ô feiras abençoadas!

Link para essa postagem
http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2018/09/feira-o-encontro-do-povo.html