domingo, 19 de maio de 2019

PALESTRA NO ESPAÇO CÔNEGO BULHÕES


PALESTRA NO ESPAÇO CÔNEGO BULHÕES
Clerisvaldo B. Chagas, 20 de maio de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.112

SALA DA FRENTE DO MUSEU DARRAS NOYA. (FOTO: B. CHAGAS).
Encerrando a Semana do Museu, a prefeitura de Santana do Ipanema, apontou o Espaço Cônego Bulhões, como ideal para o evento. Estive lá às 20 horas da última sexta-feira, ficando deslumbrado com tudo o que vi. Na área enorme bem iluminada, inúmeras crianças e adolescentes passeavam de bicicleta. Mães conduziam bebês em carrinhos; gente circulava com animais de estimação, notadamente cachorros de porte diversos; caminhadas sem atropelo que parecia a praça de Roma. Bastante movimento de ônibus, motos, automóveis no entorno da praça, onde um bom público aguardava a programação da noite.
A solenidade foi aberta com palavras da diretora de Cultura, Gilcélia Gomes e do Dr. Isnaldo Bulhões, prefeito da cidade. Em seguida houve apresentações da banda Ivaldo Bulhões da Escola Maria Nepomuceno Marques, do povoado Areias Brancas; a nossa palestra e o encerramento com Messias dos Teclados e o cantor da terra, Arly Cardoso. A primeira dama – ex-prefeita e atual senadora – não se pronunciou naquele momento.
FÓSSEIS NO MUSEU. (FOTO: B. CHAGAS).
Com a plateia formada por autoridades, funcionários, estudantes, escritores, professores e público em geral, discorremos sobre o Museu Darras Noya, o quarteto arquitetônico do Monumento e a trinca dos edifícios históricos construídos pelo Coronel Manoel Rodrigues da Rocha no quadro comercial. Sobre o museu exibimos algumas peças de valores inestimáveis ali abrigadas, bem como o prédio em questão que pertenceu ao ilustre Manoel Queirós. “Seu Queirós” era coletor federal, fundador da primeira banda de música de Santana – a Santa Cecília (1915) – e membro fundador de teatro.
Após a palestra – com assistência técnica do parceiro literário, escritor Marcello Fausto – abrimos para interatuar com a plateia pelo sistema de perguntas e respostas que ilustraram a nossa apresentação. Nesta fase, a senadora Renilde Bulhões participou ativamente relatando fatos acontecidos na história santanense o que elevou o grau de conhecimento aos espectadores. Alunos e pessoas outras fizeram perguntas sobre Virgulino Ferreira e a igrejinha/monumento de N. S. Assunção. Tudo foi respondido e dialogado.
Noite agradável e riquíssima para a história e as artes de Santana do Ipanema.
Agradecendo o convite e a confiança.

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terça-feira, 14 de maio de 2019

VAQUEJADA OU A PEGA-DE-BOI-NO-MATO


VAQUEJADA OU A PEGA-DE BOI-NO-MATO
Clerisvaldo B. Chagas, 15 de maio de 2019
 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.111

(FOTO: CARLOS BRITO.COM).
Lemos num livro da escola aos treze anos, sobre a coragem do jangadeiro e do vaqueiro do sertão. Deixando o jangadeiro para outro momento, podemos afirmar na linguagem sertaneja sobre o vaqueiro: “coragem fia da puta, pegar um boi no mato!”. O animal criado no mato fica selvagem, arisco e bravo, denominado barbatão. O dono de uma fazenda pode a título de divertimento, soltar vários bois na caatinga e convidar vaqueiros para derrubá-los no mato e trazê-los encaretados. Muito antes, o gado criado à solta tinha data para ser recolhido e ferrado. Assim surgiu a palavra “vaquejada” ou “pega-de-boi-no-mato”. Ao surgir um barbatão difícil, o vaqueiro criava fama na região quando conseguia encontrar, perseguir, derrubar, encaretar e levar a rês para o pátio da fazenda.
Erroneamente, hoje se estar chamando corrida-de-mourão de vaquejada. Esta é apenas um filhote desgarrado da pega-de-boi-no-mato. Na caatinga fechada o vaqueiro procura o boi famoso que nunca se deixou pegar. Muitas vezes o barbatão se esconde e só é achado após vários dias de buscas. O cavalo viciado nessas empreitadas, não obedece mais ao comando do vaqueiro ao avistar o boi. Onde passa a rês, passa o cavalo, e, o cavaleiro sem mais comando defende-se como pode das pontas de pau, galhos e troncos, numa agilidade felina, deitando em cima e ao lado da sela. O cavalo só para quando sente que o dono vai pular sobre o boi. Esta ocasião é o ápice da pega-de-boi-no-mato. Muitos vaqueiros retornam desmoralizados, outras perdem olho, braço e até a vida nas correrias doidas das caatingas. Às vezes um touro bravo parte para atacar cavalo e cavaleiro.
Na década de 60, ficou famoso na chamada Ribeira do Capiá, o barbatão Saia Branca. Após vários dias de vaquejada, finalmente Saia Branca – que nunca respeitara vaqueiro – foi capturado. Foi a maior festa de gado da região com os mais famosos vaqueiros atraídos pela fama do boi. Igualou-se em fama e prestígio o vaqueiro Zé Vicente, cabra forte, dente de ouro e olhos injetados. É costume chamar de boi (macho capado) também ao touro ou barbatão. Costume é costume e para o sertanejo tudo é boi.
Ultimamente em nossa região quem criou nome foi o boi Vaga-lume, mas isso é outra história. Bem diz o cantador: “quem tiver pena da vida, não bote cavalo em gado”.


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