domingo, 16 de fevereiro de 2020

SANTANA: O PESO DA AVENIDA


SANTANA: O PESO DA AVENIDA
Clerisvaldo B. Chagas, 17 de fevereiro de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.263

HOJE TUDO É COMÉRCIO (FOTO: LIVRO 230/DOMÍNIO PÚBLICO).
A hoje Avenida Coronel Lucena, aos poucos complementava a formação do quadro do Comércio como saída em direção norte. Foi sendo povoada por belas residências de abastados fazendeiros, políticos e comerciantes, formando uma elite e futuro corredor de saída para a capital. Falamos em futura saída porque o movimento Santana – Maceió e vice-versa acontecia pelas Ruas Antônio Tavares (primeira de Santana) São Pedro e os subúrbios Bebedouro e Maniçoba. Com a continuação do progresso, novas residências foram surgindo ladeira acima até a parte plana superior, onde se encontra implantada a Caixa Econômica Federal. Era motivo de orgulho fixar residência por onde circulavam gemedores carros de boi e os primeiros e lustrosos automóveis pretos.
Entretanto, a partir das últimas décadas do século XX, começaram a surgir casas comerciais, na avenida. Muitos troncos de moradores tradição foram desaparecendo, cujas famílias vendiam as residências para fins de comércio ou de prestação de serviços. Quando mais de 50% das transações foram realizadas, acelerou-se a profecia de que não haveria mais casa residencial na Avenida Coronel Lucena. Uma transformação completa aconteceu na principal rua da cidade. Formou-se um corredor continuação do comércio do centro e já emendou com outras avenidas e bairros até o Batalhão de Polícia na Lagoa do Junco. Algumas famílias, contadas nos dedos, ainda resistem à modernidade, porém, por breves dias. São encontradas casas bancárias, escolas, pousadas, hotéis, bares, igreja, sorveteria e os mais variados ramos de negócios.
A Avenida Coronel Lucena, também é chamada popularmente de Rua da Prefeitura. O mesmo fenômeno comercial está acontecendo na Rua Pedro Brandão (Bairro Camoxinga). As últimas residências do lado de baixo, estão desaparecendo; o lado de cima, resistirá mais um pouco pela dificuldade de acesso, mas seguirá a mesma trilha. É outro ramal prolongamento do comercio do centro que se inicia na Ponte Cônego Bulhões, atravessa a Pedro Brandão, (principal), sai no Largo do Maracanã e sobe pela Rua Santa Sofia (lado direito, mas breve será também o esquerdo), entra na rua principal da COHAB Nova e deságua lá em baixo no início da Rua das Pedrinhas. Santana confirma a vocação comercial desde o tempo de vila.
Paralelamente multiplicam-se os condomínios pelos arredores.
O modernismo toma conta de tudo.





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sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

O CRIME DO CRUZEIRO


O CRIME DO CRUZEIRO
Clerisvaldo B. Chagas, 14 de fevereiro de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.262


SERROTE DO CRUZEIRO E RESERVA TOCAIA (FOTO: B. CHAGAS)
Estimulando o desmatamento para plantio de eucaliptos, um órgão do governo nos anos 60 acabou com a mata nativa do Cruzeiro. O serrote do Cruzeiro, monte sagrado de Santana do Ipanema com inúmeras árvores centenárias em caatinga densa perdeu a batalha para o homem. O dono de padaria A.S., retirou no banco um empréstimo para desmatar o serrote e plantar eucalipto. Tudo apenas um plano para colocar a mão no dinheiro. A mata exuberante repleta de animais selvagens e de canto permanente de cigarras foi completamente devastada. Um só garrancho não foi plantado. O serrote sofreu intenso processo de lixiviação e somente deu sinal de vida entre 35 a 40 anos após o crime. Nasceu um matagal secundário que não chega nem a metade do porte original.
Mesmo hoje, com tantas informações sobre meio ambiente na mídia, pouca gente sabe em Santana, a história do Cruzeiro. Essa mata secundária, durante o inverno fica verde, mas não existe nutriente no solo que permita desenvolvê-la como outrora. E se na época chuvosa é desabitada, imagine durante o verão, com apenas exibição de garranchos. Não se ouve pássaros por ali. Ora, se o serrote não produz alimento, por que as aves iriam habitar o local? Quando muito se vê na elevação é um calango... Uma lagartixa... Urubus que procuram dormida no lajeiro do cume. Vez ou outra pode acontecer passagens de saguins (bichos curiosos) vindos da Reserva Tocaia que fica por detrás. No restante é um silêncio sem fim, ideal para meditações.
Já houve aborrecimentos por denúncia de tentativa de novo desmate. Nem o dono tem consciência de que a mata do Cruzeiro é um “pulmão verde” para a cidade de Santana, cujo casario já lhe chega aos pés. Enquanto isso, a pequena igreja, situada no cimo, tenta proteger com orações esporádicas o que restou da furiosa investida do passado. Caso não haja interesse nenhum das autoridades pelo que ainda resta, num piscar de olhos futuros nem mais calango restará.
Serrote do Cruzeiro, o mais admirável mirante da cidade.
Preocupação...
Saudade...
Abandono.



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