terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

A BRAVURA DAS MULHERES QUILOMBOLAS


A BRAVURA DAS MULHERES QUILOMBOLAS
Clerisvaldo B. Chagas, 19 a 21 de fevereiro de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2. 265
 
(CRÉDITO: ANDRÉ PALMEIRA/AGÊNCIA ALAGOAS).
Muito bem feita, merecendo prêmio, a longa reportagem do  jornal Tribuna Hoje, sobre a “Terra da Laranja Lima” e a bravura das mulheres quilombolas. Sendo o maior produtor de laranja lima do Brasil, Santana do Mundaú, Alagoas, a cerca de 100 km de Maceió, teve seus laranjais invadidos pela praga da mosca negra que reduziu sua produção em mais de 40%. Isso aconteceu há três anos quando a praga atingiu quase 100% dos laranjais, prejudicando 2.000 agricultores familiares, entre eles, o de três comunidades remanescentes quilombolas. Foi quando 20 mulheres das comunidades Filuz, Jussara e Mariana reagiram à situação e foram à luta. Guiadas pela ideia da Gerência de Articulação Social do Gabinete Civil do Estado de Alagoas, foram bater à porta da Cooperativa Pindorama, em Coruripe.
A Pindorama, uma das mais organizadas cooperativas do Brasil e com mais de 60 anos de fundação, passou lições importantes para as guerreiras mulheres quilombolas, inclusive como gerenciar uma cooperativa e como diversificar os seus produtos. As empreendedoras, então, fundaram uma cooperativa há dois anos e mais o “Instituto Irmãos Quilombolas”. Hoje as comunidades diversificaram a produção que além dos cítricos, cujo carro chefe é laranja lima, produz, jaca, banana, laranja, tangerina e outras frutas, hortaliças e guloseimas como pé de moleque, bolo de massa puba e macaxeira, tapioca, beiju e outras delícias. Os produtos da Agricultura Familiar são todos orgânicos e vendidos na própria região.
Cerca de 120 famílias quilombolas foram beneficiadas e ainda implantaram uma feira livre própria que garante o escoamento da produção. Graças a força de vontade dessas 20 mulheres empreendedoras essa região do Vale do Mundaú, passou a viver outra realidade que não respeita essa tal de mosca negra.
Santana do Mundaú, na Zona da Mata, é banhada pelo rio Mundaú, tem como padroeira Senhora Santana e conta com cerca de 11.000 habitantes.
Bem que bateu à vontade de conhecer de perto as heroínas quilombolas.
Ê... Sangue de Zumbi.



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segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

USOS E COSTUMES DO SERTÃO


USOS E COSTUMES DO SERTÃO
Clerisvaldo B. Chagas, 18 de fevereiro de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.264
ARAPUCA. (CRÉDITO: PIAUÍ.COM).

Entre os antigos e atuais usos e costumes do Sertão, encontramos a Arapuca, a Arataca, a Espera e o Anzol.
A arapuca. Artesanato feito de galhos finos em forma de pirâmide asteca. Gira em torno de dois palmos em cada lado com altura aproximada de palmo e meio. Trata-se de uma armadilha para capturar, principalmente, pássaros e aves. Levanta-se um dos lados e coloca-se um graveto (gatilho) no meio sustentando a arapuca aberta. Tem como isca, grãos de milho ou outro tipo de alimento. O animal, ao entrar no artefato, toca no gatilho, desaba a arapuca e fica preso. A arapuca é pesada, o animal não consegue se libertar. É visto pelas frestas (para evitar surpresa) e retirado pelas pernas.
A arataca. É uma armadilha simples para capturar preás e mocós. Consta apenas de uma tábua retangular de cerca de dois palmos, com um pino transversal no meio passando um pouco em ambos os lados. Cava-se um buraco fundo na trilha do animal e tampa-se com a tábua segura pelos pinos laterais. Vira uma gangorra. Quando o cavídeo pisa na tábua de um lado ou do outro, ela cede e despeja o animal no buraco voltando, automaticamente, a tampá-lo. Pode capturar vários animais dentro de pouco tempo.
A espera. E usada no tempo de seca para matar pássaros, aves e animais de porte. Escolhe-se um lugar onde os bichos selvagens vão beber. Com galhos flexíveis se faz uma estrutura baixa para caber uma pessoa deitada. Cobre-se a estrutura com folhas e galhos secos. O caçador fica à espera da presa na hora da bebida. Usa espingarda, bodoque, peteca (estilingue). A espera não captura, mata.
O anzol. Descrevendo como fazíamos. Arranjávamos uma vara de marmeleiro em qualquer beira de estrada (flexível, dobrável). Comprávamos a linha de náilon e o anzol na Casa Imperial (do Sr. Piduca, atual Casa das Tintas). Entre o anzol e a linha colocávamos o que chamávamos de chumbo, isto é, o invólucro dos litros de vinho para o anzol submergir. A isca era de qualquer coisa: minhoca, carne, piaba, miolo de pão.
·        As armadilhas são heranças indígenas. Tudo continua aceso no Sertão das Alagoas.









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