segunda-feira, 27 de abril de 2020

HISTORIANDO A CIDADE


HISTORIANDO A CIDADE
Clerisvaldo B. Chagas, 28 de abril de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.301
MERCADO DE CARNE EM 2013, ANTES DA SEGUNDA REFORMA.
 FOTO (B. CHAGAS/LIVRO 230).

Estamos dentro dos 70 anos de fundação do Mercado de Carne de Santana do Ipanema -AL. Foi na gestão do prefeito coronel José Lucena de Albuquerque Maranhão que foi inaugurado o edifício que abrigaria os marchantes da época e de hoje. Situado em espaço do quadro comercial e na feira livre, o prédio rígido impressiona pela sua durabilidade. A fachada vem de terreno relativamente plano, mas os fundos pegaram um declive que de tão alto impressiona aos olhos de pesquisadores. Quantos caminhões, carros de boi ou carroçadas de burro foram necessários para fazer aquele enorme aterro que sustenta a obra? Quem observa com olhos inquiridores da parte   baixa dos arredores, é quem fica extasiado com a construção do ano 1950.
Para consolidar o alicerce, este foi cercado de muretas, grandes pedras quadradas comparáveis às que resguardavam o casarão do padre Bulhões contra as cheias do riacho Camoxinga. A mesma engenharia, o mesmo desenho nas junções que levam a crer ter sido a mesma pessoa que construiu ambas as obras. Reformado duas vezes o Mercado de Carne continua servindo à população que não tem alternativas. Não existe um segundo mercado público de carne. Ao lado do prédio, desce um beco até o riacho Camoxinga que outrora fazia parte da capoeira dos fundos de quintais. Era ali naqueles quintais onde os bodes eram abatidos com rapidez e sem higiene, durantes as feiras semanais dos sábados. O beco era o mictório escancarado dos feirantes.
Desde a formação do quadro da feira, passando pelo ano da construção do mercado até agora, as modificações na paisagem foram relativamente mínimas. As casas comerciais mudaram pouco adaptando as várias portas de madeira, a uma só, de ferro com rolamento vertical. Surgiram pequenos compartimentos comerciais no quadro oriundos do fechamento da Usina de Beneficiamento do Algodão do senhor Domício Silva. O restante continua sem novidades a não ser o asfalto que por ali passou. Disse um pedreiro ao trocarmos ideias sobre o Mercado de Carne: “Foi construído no tempo em que os homens tinham vergonha”.
A placa de fundação do Mercado continua encravada na parede. Foi uma das raríssimas que os vândalos não conseguiram roubar e com elas apagando a história.
Está escrito: 1950.






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domingo, 26 de abril de 2020

SANTANA: QUARTETO E TERCETO


SANTANA: QUARTETO E TERCETO
Clerisvaldo B. Chagas, 27 de abril de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.300
CASARÃO DO DEUS MERCÚRIO (FOTO: B. CHAGAS).

A Emancipação de Santana do Ipanema, lembrada na semana passada, faz repensar sua arquitetura no Bairro Monumento e Centro Comercial da cidade. O quarteto arquitetônico do Bairro Monumento, parece amplamente assegurado na paisagem urbana de Santana. O casarão construído para ser hospital que virou quartel e depois escola, continua em plena atividade escolar sempre conservado. O antigo Grupo Escolar Padre Francisco Correia, também continua na ativa com recente reforma em suas dependências. O edifício primeiro do quarteto, a igrejinha/monumento que deu nome ao bairro, sempre conservou o seu patrimônio interno e externo. E o prédio do Tênis Club Santanense, apesar da crise do divertimento em casa, prorroga sua existência em mãos de pessoas abnegadas. Avaliamos como pontos seguros no histórico do século passado.
Mas como anda o terceto arquitetônico do Centro Comercial? Os três imponentes edifícios erguidos pelo coronel Manoel Rodrigues da Rocha na época de vila? Como está o Casarão de Esquina de primeiro andar vizinho à Matriz de Senhora Santana? E o casarão do deus mercúrio, primeira moradia do coronel? E o casarão morada definitiva de Manoel Rodrigues? Todos fechados cada um com seus problemas particulares. Entretanto a preocupação com a História não é por que eles estão fechados ou abertos, mas pelo problema da deterioração que não perdoa casas fechadas. O casarão de esquina foi uma espécie de “Shopping” da época, espaço enorme transformado em vários compartimentos para aluguel. Sua parte inferior continua abrigando uma dezena de lojas. E a superior?
A casa grande do deus mercúrio (tem estátua do deus mercúrio no seu frontispício, importada da França) já foi biblioteca pública em sua parte de primeiro andar. E a casa famosa onde morou o coronel (vai de uma rua a outra) já hospedou pessoas ilustres como o coronel Delmiro Gouveia e vários governadores do estado. Não sabemos se existe algum plano de conservação de parte da prefeitura local, uma vez que os prédios pertencem a particulares.
Esperamos apenas que o terceto arquitetônico do Comércio não siga o mesmo destino do casarão do padre Bulhões na foz do riacho Camoxinga.
Os edifícios simbolizam a nossa luta de vila em busca do progresso trabalhoso do sertão. Foi essa luta que a transformou em Rainha. Não percamos a coroa.





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