HISTORIANDO
A CIDADE
Clerisvaldo
B. Chagas, 28 de abril de 2020
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Estamos dentro dos 70
anos de fundação do Mercado de Carne de Santana do Ipanema -AL. Foi na gestão
do prefeito coronel José Lucena de Albuquerque Maranhão que foi inaugurado o
edifício que abrigaria os marchantes da época e de hoje. Situado em espaço do quadro
comercial e na feira livre, o prédio rígido impressiona pela sua durabilidade.
A fachada vem de terreno relativamente plano, mas os fundos pegaram um declive
que de tão alto impressiona aos olhos de pesquisadores. Quantos caminhões,
carros de boi ou carroçadas de burro foram necessários para fazer aquele enorme
aterro que sustenta a obra? Quem observa com olhos inquiridores da parte baixa dos arredores, é quem fica extasiado
com a construção do ano 1950.
Para consolidar o
alicerce, este foi cercado de muretas, grandes pedras quadradas comparáveis às
que resguardavam o casarão do padre Bulhões contra as cheias do riacho
Camoxinga. A mesma engenharia, o mesmo desenho nas junções que levam a crer ter
sido a mesma pessoa que construiu ambas as obras. Reformado duas vezes o
Mercado de Carne continua servindo à população que não tem alternativas. Não
existe um segundo mercado público de carne. Ao lado do prédio, desce um beco
até o riacho Camoxinga que outrora fazia parte da capoeira dos fundos de quintais.
Era ali naqueles quintais onde os bodes eram abatidos com rapidez e sem
higiene, durantes as feiras semanais dos sábados. O beco era o mictório
escancarado dos feirantes.
Desde a formação do
quadro da feira, passando pelo ano da construção do mercado até agora, as
modificações na paisagem foram relativamente mínimas. As casas comerciais
mudaram pouco adaptando as várias portas de madeira, a uma só, de ferro com
rolamento vertical. Surgiram pequenos compartimentos comerciais no quadro oriundos
do fechamento da Usina de Beneficiamento do Algodão do senhor Domício Silva. O
restante continua sem novidades a não ser o asfalto que por ali passou. Disse
um pedreiro ao trocarmos ideias sobre o Mercado de Carne: “Foi construído no
tempo em que os homens tinham vergonha”.
A placa de fundação do
Mercado continua encravada na parede. Foi uma das raríssimas que os vândalos
não conseguiram roubar e com elas apagando a história.
Está escrito: 1950.
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